Há menos de um ano, o futebol baiano ia bem. O Vitória finalista na Copa do Brasil e o Bahia seguro na volta à elite. Era entusiasmo além do campo. Existia forte auto-estima e orgulho. Aqueles sentimentos pareciam uma bonança. Deu até para acreditar no início de período sem amarguras, época para sonhar em recuperar nosso bom futebol.
Entraríamos nesta década prontos para construir. Meses depois, infelizmente, vemos desuniões. Os ataques furiosos à arbitragem mancham o Baiano. O ânimo das palavras não é crítico, mas amargo. Sem moderação se fala de favorecimentos nos bastidores, de malas coloridas e de tramas na arbitragem. Em breve, pelo ritmo, teremos insinuações de dopping.
Este foco negativo é devastador, embora ninguém tenha conseguido provar coisa alguma. Quem grita busca manipular os olhos do público como em busca da justiça que lhe é negada. Sempre é mais fácil transferir a responsabilidade. E a receita se vende rápida, seja a partir dos clubes ou da mídia: o futebol tem grau de fanatismo que favorece esta perversidade.
Cerca de seis meses depois de momentos marcantes para Bahia e Vitória, a tensão envolve o futebol baiano a cada rodada, substituindo a felicidade, a esperança. Não se trata de evitar velhas disputas ou tolher a rivalidade entre clubes ou entre capital e interior, porém vai além: é negar as elementares normas esportivas com autorização para difamar e insinuar. E o pior de tudo: achar que esta postura de coronel trará Justiça ou credibilidade.
Com todos os erros da arbitragem - e semvalorizar o péssimo nível que temos visto no Baiano -, há assuntos mais importantes. O torcedor baiano, por exemplo, é sistematicamente mal-tratado com estádios em condições precárias e com obscuras carretas de jogadores de baixa qualidade. É assim que nossos dirigentes querem aproximar o torcedor e estimular o desejo de compra? É assim que se conquista patrocínio?
A Copa do Brasil e o Brasileiro mostram nosso nível. E será duro crescer estimulando a divisão, o rancor. Aliás, qual o valor de ser campeão de algo que você só fala mal?
Marcelo Sant´Ana é repórter especial do jornal Correio* e escreve quinta e domingo. Coluna publicada na edição impressa do dia 24 de março de 2011
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