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Maranhão mora sozinho no bairro de São Cristóvão, em Salvador |
Ele tinha tudo pra virar herói. Aos 40 minutos do 2º tempo, Maranhão substituiu Lulinha. O Bahia perdia do Flamengo por 3x2. Após quatro minutos, a história mudou. Maranhão pedalou pra cima de Fernando, tabelou com Jóbson e deixou o camisa 11 na cara de Felipe para fazer o gol de empate. A jogada foi dele, mas quase ninguém lembra."Para passar desses caras é difícil. Pedalei e vi Jóbson passando. Aí pensei: 'vou é tocar a bola pro homem!'", relembra ele, que ainda ficou na dúvida se chutaria ou não para o gol. "Eu ia dar uma tapa no canto. Só Deus sabe se eu ia acertar o gol. Fiz a escolha certa e corri pra comemorar. Foi um alívio", comenta.Depois do jogo, o agradecimento. "Jóbson veio falar comigo ainda nos vestiários: Valeu, man! Foi isso", afirma. O técnico René Simões acrescentou. "Ele falou bem assim: 'por isso que eu coloco Titi pra te dar porrada no treino. Você aprendeu a fugir da marcação. Foi engraçado'", conta. Ao contrário do herói Jóbson, o atacante de 21 anos não teve um pós-jogo tão badalado. Morador de São Cristóvão, Maranhão ficou em casa descansando. "Moro sozinho e fiquei por aqui mesmo. Não tinha nada pra fazer".
Família - Humilde, o jogador vai de ônibus todos os dias para o Fazendão. Os motivos são diversos. "Carro? Nem sei dirigir ainda! Com esse negócio de futebol não tive como tirar a carteira. Nem sobra tempo". E por que não pede uma carona aos companheiros? "Não gosto de incomodar. Só vou se alguém me oferecer".Recém-promovido ao grupo profissional, Maranhão renovou contrato até o final de 2012. O salário pulou de R$800 para R$ 5 mil, mas nem dá pra fazer tanta coisa assim. "Mando uma parte para os meus pais, seu Francisco e dona Maria Eunice, que moram lá no Rio de Janeiro. Minha família sempre está em primeiro lugar", diz ele, que possui outros seis irmãos. O pai é servente e a mãe atualmente está desempregada.Depois da vitória, nem pôde falar com os familiares. "Fui numa igreja do Jardim das Margaridas pra rezar. Vou lá sempre que posso. Teve até primo que eu não conheço me ligando, mas nem tive como atender na hora". Sozinho, o jogador tenta se virar na cozinha. Por enquanto, sem a mesma habilidade que tem no campo, o jeito é pegar o rango no refeitório do Fazendão. "Aqui em casa só tem Todynho e Danoninho. Só tomo isso. Almoço lá no Bahia mesmo", diverte-se. Francinilson Santos Meirelles recebeu o apelido de Maranhão justamente porque nasceu em São Luís, capital do estado. Na cabeça, metas para o ano de 2011. "Sei que meu futebol pode crescer muito mais no Bahia. É só continuar trabalhando que o sucesso chega. Vai chegar... Posso construir o meu futuro".