Neymar estampou a capa de todos os jornais e sites depois da vitória sobre o México. Entretanto, se justiça fizessse parte do dicionário do futebol, talvez um representante do sistema defensivo do Brasil estivesse dividindo o holofote com o camisa 10. Tão importante quanto o craque, a capacidade da seleção de não sofrer gols abriu caminho para a classificação para as quartas-de-final da Copa do Mundo. Entender como a equipe chegou a esse ponto, de ser a menos vazada do Mundial, ao lado do Uruguai, com apenas um gol sofrido, é decifrar o próprio estilo de trabalho de Tite.
Tudo começa no ataque e na permanência de Gabriel Jesus no time titular, mesmo sem ter chegado nem perto de marcar um gol nessa Copa. O camisa 9 oferece ao treinador um primeiro combate que há muito tempo a seleção não tinha. Antes de ser convocado, jogadores veteranos, como Jonas e Ricardo Oliveira, vinham ocupando a função, longe de terem a mesma pegada. Mesmo Firmino, aos 26 anos, não possui a capacidade de marcação que o atacante do Manchester City. Contra o México, terminou o jogo no meio de campo, marcando o lateral-direito adversário. O atributo, menor aos olhos da torcida, pelo menos é valorizado pelos companheiros de equipe.
"Você vê o Coutinho, o Neymar correndo bastante, brigando pela bola. O que o Gabriel Jesus rouba de bolas é um absurdo. Uma defesa sólida começa desde o primeiro atacante", destacou Fagner.
Uma equipe toda empenhada na marcação faz com que as jogadas adversárias, ainda que se aproximem da grande área brasileira, não tenham tanta fluidez. O abafa segue forte com a presença de Casemiro à frente dos zagueiros, outra intervenção de Tite na seleção. O jogador virou titular assim que o técnico assumiu a equipe, enquanto que acumulava poucos minutos em campo com Dunga. Com o ex-treinador do Brasil, era preterido a favor de Fernandinho e Luiz Gustavo.
É muito por conta da presença de Casemiro na equipe que o Brasil possui um número expressivo na Copa: apenas quatro finalizações adversárias chegaram efetivamente ao gol da seleção em todo Mundial, média de uma por jogo. Até agora, 12 bloqueios já ocorreram. Em 17 vezes, as finalizações, realizadas sob a pressão da marcação, foram para fora.
"Casemiro está suspenso, não vai jogar contra a Bélgica, mas ele dá um suporte incrível na marcação", reconheceu Thiago Silva.
O zagueiro, candidato à capitão do Brasil numa eventual final de Copa do Mundo, é outro ponto claro que ajuda a explicar o bom momento da defesa da seleção. De volta às convocações com Tite, o jogador tem sido o mais regular da equipe na competição. Foram quatro partidas, quatro boas atuações e a autocrítica de que essa fase positiva acaba contagiando os outros jogadores. Alisson só foi obrigado a fazer três defesas no Mundial até agora, mas quando a bola chegou, o goleiro da Roma foi bem. Miranda, mesmo um pouco abaixo de Thiago, também tem brilhado na Rússia.
"Eu pouco me importo com a possibilidade de ser considerado o melhor zagueiro da Copa do Mundo. Prefiro o título do que ser eu o melhor zagueiro da Copa. Mas é bom estar jogando assim, venho tendo grandes performances e isso dá tranquilidade para o restante do grupo", frisou.
SELEÇÃO COM TITE
6 gols, 25 jogos
Seleção na Copa
1 gol, 4 jogos
As cinco melhores defesas da Copa
1º Brasil: 1 gol/4 jogos
2º Uruguai: 1 gol/4 jogos
3º Croácia: 2 gols/4 jogos
4º Suécia: 2 gols/4 jogos
5º Colômbia*: 2 gols/3 jogos
Os cinco goleiros com menos defesas (somente os que jogaram quatro partidas):
1º De Gea (ESP): 1 defesa/6 gols sofridos
2º Alisson (BRA): 3 defesas/1 gol sofrido
3º Rui Patrício (POR): 8 defesas/6 gols sofridos
4º Courtois (BEL): 9 defesas/4 gols sofridos
5º Muslera (URU): 11 defesas/1 gol sofrido
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Redação iBahia
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