É cientificamente comprovado que a prática de exercícios físicos estimula o sistema imunológico, e eles se tornam ainda mais importantes em tempos de pandemia do novo coronavírus. Mas a vida ativa esbarra no isolamento social, principal recomendação das autoridades de saúde para evitar a proliferação da doença. Especialistas explicam que, para equilibrar a atividade física respeitando as diretrizes de distanciamento, é preciso bom senso. Para isso, a corrida é a opção mais saudável e fácil de se praticar respeitando a recomendação de evitar aglomerações.
Um documento da Organização Mundial da Saúde (OMS) sobre como se manter ativo durante a crise sanitária recomenda passeios a pé ou de bicicleta, mas sem desrespeitar o distanciamento físico para evitar a propagação do vírus. O texto ressalta a importância de lavar as mãos com água e sabão antes de sair, no local e assim que chegar em casa, ou utilizar álcool em gel quando isso não for possível.
Corrida e caminhada
O próprio ministro da saúde Henrique Mandetta, em entrevista coletiva na última segunda-feira, recomendou a saída para a prática de exercícios. O ministro destacou que o momento atual não é de lockdown - que seria o fechamento total das pessoas em casa, medida adotada em alguns países -, o que seria “muito pior”, e que é permitido sair para caminhar ou correr, mas que muitas pessoas não pode estar juntas, ao mesmo tempo, em um mesmo lugar.
— Não vemos nenhum sentido na proibição de andar na quadra, no parque. É importante fazer uma caminhada de 30 minutos. Vai fazer bem para a pessoa, seu estado físico e emocional — opinou o secretário-executivo do Ministério da Saúde, João Gabbardo.
Andar de bicicleta
O médico do esporte Rafael Trindade concorda. Segundo ele, não há problemas em se exercitar ao ar livre num lugar isolado, mas ele recomenda evitar parques e ciclovias.
— Eventualmente eu tenho saído de bicicleta no inicio da noite nas ruas menos movimentadas. Tenho usado um tecido no rosto para evitar espalhar o vírus por onde estou passando. Assim, também evito colocar a mão no nariz e na boca — conta o especialista da DaVita Serviços Médicos.
Ele explica que os sintomas da Covid-19 podem demorar até duas semanas para se manifestarem, e uma pessoa que contraiu o vírus pode propaga-lo sem ainda saber que está doente. Por isso, é fundamental seguir as instruções das autoridades de saúde locais sobre as restrições no número de pessoas e evitar o uso de equipamentos públicos nos exercícios ao ar livre.
Surfe, natação e remo
Com o acesso às praias vetado em estados como Rio de Janeiro e Pernambuco como medida para evitar a aglomeração de pessoas, a prática esportes como stand up paddle e surfe ficou menos acessível e, portanto, não recomendada nestes lugares. A natação ainda é uma boa opção para os especialistas, mas com alguns cuidados.
— Se houver acesso à piscina, a natação individual é uma ótima opção por causa do efeito de relaxamento da água, mas é necessário ser feito em piscina aberta, pois o confinamento propicia a proliferação do vírus — explica Rafael Trindade.
Para quem tiver acesso a um lago ou represa isolados, caiaque e remo também são recomendados, mas o gasto calórico é menor.
Tênis
Jogar tênis pode ser uma opção, desde que jogado sozinho, contra a parede, mas em quadras abertas. Toda disputa entre adversários envolve alguma troca, e a bolinha poderia ser um fator de contaminação cruzada.
Treino aeróbico
No caso de pessoas acostumadas a fazer atividade de alto gasto calórico mas que durante o isolamento não podem sair para praticá-las ao ar livre em segurança, os médicos recomendam explorar o treino funcional ao invés do aeróbico.
— Se tiver uma esteira ou um cicloergômetro, fica mais fácil fazer em casa algo mais próximo do que já está acostumado. Se não, procure fazer algum tipo de ginástica funcional, com a devida orientação profissional — disse José Kawazoe, especialista em Cardiologia e Medicina do Exercício e do Esporte.
Trindade explica que é bom evitar exercícios aeróbicos em casa, porque eles demandam muito do sistema respiratório:
— Se você estiver com o vírus, vai infectar todo o ambiente — afirma ele.
Preocupações para grupos de risco
Para Kawazoe, é importante que todos procurem se manter fisicamente ativos, principalmente pessoas dos grupo de risco. Exercícios físicos auxiliam no controle de algumas condições crônicas, como diabetes e hipertensão, mas, diante de um cenário de incertezas sobre o vírus, é necessário uma avaliação caso a caso.
— Existem opiniões bem divergentes entre os médicos. Se a pessoa tem condições de caminhar num local seguro e isolado, não tem porque fizer não. Mas na Lagoa às 9h da manhã, por exemplo, é impossível não tem ninguém por perto. Por isso é importante as recomendações das autoridades e ter bom senso — disse.
Além disso, a OMS não recomenda a prática de exercícios em caso de febre, tosse e dificuldade em respirar.
— Exercício é importante para muita gente não só física como mentalmente. O problema é o olhar da saúde pública sobre isso. Se você permite e incentiva que todos saiam de suas casas para caminhar nós não vamos mais ter o cumprimento do distanciamento social. É muito difícil fazer recomendações individuais quando o cenário exige colaboração coletiva — opina o infectologista Renato Kfouri, da Sociedade Brasileira de Pediatria.
Confira na íntegra as recomendações da OMS de como realizar atividades físicas de forma segura durante a pandemia de Covid-19:
Não se exercite se tiver febre, tosse e dificuldade em respirar. Fique em casa e descanse, procure atendimento médico e ligue com antecedência. Siga as instruções da sua autoridade sanitária local.
Se você for a um parque ou espaço público aberto para caminhar, correr ou se exercitar, pratique sempre o distanciamento físico e lave as mãos com água e sabão antes de sair, quando chegar aonde está indo e assim que chegar em casa. Se água e sabão não estiverem disponíveis imediatamente, use esfregar as mãos à base de álcool. Siga as instruções da sua autoridade de saúde local em relação a quaisquer restrições ao número de pessoas com você e / ou restrições ao uso de equipamentos públicos para brincadeiras ou exercícios ao ar livre.
Se você não é regularmente ativo, comece devagar e com atividades de baixa intensidade, como caminhadas e exercícios de baixo impacto. Comece com quantidades mais curtas, como 5 a 10 minutos, e aumente gradualmente até 30 minutos ou mais continuamente durante algumas semanas. É melhor e mais seguro permanecer ativo por períodos curtos com mais freqüência do que tentar permanecer ativo por longos períodos quando você não está acostumado.
Escolha a atividade certa para reduzir o risco de lesões e aproveitar a atividade. Escolha a intensidade certa de acordo com seu estado de saúde e nível de condicionamento físico. Você deve poder respirar confortavelmente e manter uma conversa enquanto pratica atividades físicas de intensidade leve e moderada.
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Redação iBahia
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