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Ricardo Drubscky |
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Em 2015, o Vitória terá à beira do campo um amante da literatura. Formado em educação física pela Universidade Federal de Minas Gerais, Ricardo Drubscky é autor do livro “Universo Tático do Futebol – Escola Brasileira”. “Gosto de escrever. É um hobby”, contou. Em entrevista ao CORREIO, o treinador falou como a literatura o ajuda, lamentou a demissão do ex-diretor de futebol Marcos Moura e opinou sobre a contratação de jogadores como Neto Baiano.
Carlos Falcão disse que contrataria um técnico com perfil de Série B. Você se encaixa nisso?Me encaixo em qualquer série do Brasileiro, porque o meu trabalho é montar equipe, é construir o jogo. Construo o jogo para ser campeão, para ser vencedor em qualquer divisão. Já dei prova disso nas Séries A, B, C e D. Esse é um rótulo que os dirigentes, a mídia e o torcedor fazem para se sentirem mais confortáveis. O que o treinador precisa é saber trabalhar uma equipe, saber construir. É o que vou fazer no Vitória.
Como você define seu estilo?Sou um treinador tático. Uso táticas defensivas, ofensivas, de contra-ataque, táticas de ataque continuado... Um treinador do futebol total, que defende e ataca. Gosto de montar as equipes assim. Se buscar as equipes que trabalhei, às vezes vai encontrar mais resultados negativos do que positivos, mas se pegar a atuação, com certeza vai ver meus times buscando a vitória. Essa é a minha marca.
O que é fundamental para o Vitória retornar à Série A?Conseguirmos um grupo coeso e com o pé no chão. Clube grande nós já somos, com estrutura e uma torcida fantástica que apoia. Então nós precisamos agora ter um grupo que realmente ponha o pezinho no chão, que brigue pelos seus objetivos e que tenha qualidade de jogo. A gente vai jogar, mostrar qualidade de jogo e construir um jogo competente o suficiente para vencer e buscar o tão sonhado acesso.
O que te fez não continuar no Goiás e vir para o Vitória?A minha permanência no Goiás ficou um pouco dificultada devido a algumas questões que já estavam sendo tratadas lá. Achei por bem fechar o ciclo, mudar de ares e buscar ser feliz em outro lugar. Estou muito feliz por estar aqui no Vitória.
Qual a motivação para treinar o Vitória mesmo na Série B?Treinar um grande time como o Vitória é motivante, bacana. Para mim é entusiasmante, é algo grande. As competições vêm agregadas. Dirigir o Vitória é muito bom.
Marcos Moura tratou da sua contratação. Qual a sua opinião sobre a demissão dele?Foi com ele que tratei, até por um laço de amizade, de conhecimento, que a gente tem há muito tempo. Essas coisas a gente lamenta, mas infelizmente fazem parte do futebol. Tenho certeza que ele vai encontrar um novo espaço e a gente vai continuar nossa vida aqui.
Já havia encaminhando negociações de jogadores com ele?Nós estamos encaminhando com o Vitória e Marcos Moura fez parte desse início de negociação. As negociações continuam com o a diretoria do clube. O Epifânio (Carneiro) está participando também desses contatos.
Conhece Anderson Barros?Só o conheço de vista, de cumprimentá-lo.
Quantos jogadores pretende contratar para o elenco?Vamos tentar trazer cinco ou seis jogadores o quanto antes para formatar uma equipe boa, mas também sem desespero. São jogadores para os três setores: defesa, meio e ataque. Não vou determinar posição fixa, vamos diluir.
Gosta de Neto Baiano?Acho que ele tem um perfil arrojado e diferente do normal. É um jogador que incomoda dentro e fora do campo, então é um jogador que pode ser útil. É um bom menino, gosto dele, já trabalhei com ele no Ipatinga e acho que ele pode ser a pimenta que nós precisamos para temperar o nosso acarajé.
E Ananias?Não trabalhei com ele. É um jogador interessante. Se pintar nas nossas negociações, de repente pode ser um jogador interessante realmente.
Você quer que Luiz Gustavo permaneça?É um dos jogadores que eu também gostaria que estivesse conosco. É um jogador que pode nos ajudar e agregar muito na nossa trajetória.
Quais jogadores que atuaram na Copa do Brasil Sub-20 vão subir para o profissional?Não posso ficar falando de jogadores que ainda não conheço bem. O que posso dizer é que vamos usar a garotada da base dentro dos limites racionais para se ter uma equipe madura, competitiva e com vigor. Sou recém-chegado e vou ter dois auxiliares, o treinador do júnior e o preparador, agregando valor.
Os 27 dias da pré-temporada são suficientes para conhecer o elenco e fazer a preparação?Não, mas já é um tempo melhor do que tínhamos. É um tempo que a gente consegue fazer alguma coisa. Porém, para conhecer o elenco e trabalhar a construção do jogo você precisa de jogos amistosos e oficiais. É um processo que dura dois ou três meses, sem dúvida nenhuma.
De qual forma a literatura te ajuda dentro de campo?Me ajuda porque me obriga a estudar. Sempre estudei e li muito. Quando você vai dar uma aula ou escrever alguma coisa, se você não elaborar o que faz, corre o risco de cair no ridículo. A crítica dos dois livros é muito boa, então é sinal de que não escrevi uma bobagem muito grande.
O jogador que lê seus livros ganha ponto com você? Não. Não obrigo a ninguém. Tem alguns que compram meus livros, mas não tem nada a ver. Meu dia a dia é de passar conteúdo, já me satisfaço com aquilo que faço nos treinamentos. Esse meu lado de escritor é um lado muito particular e não misturo.