O nome é curto: Osni Lopes. A altura, 1m52. Nos pés, chuteira 35. Mas o futebol é de um gigante de fábula, capaz de transportar o torcedor para o mundo encantado da bola.
Osni, eleito para formar o ataque eterno do Vitória, foi daqueles ídolos que deixavam a torcida já aguardando ansiosamente para curtir a bola chegar aos seus pezinhos de gnomo.
Osni chegou a Salvador em 1971, depois de revelado no Santos e emprestado ao Madureira e ao Olaria do Rio. Foi Jair da Rosa Pinto quem quebrou a desconfiança dos dirigentes. Afinal, como é que um tampinha daquele dava pra jogador de bola?
Temiam as gozações, quando vissem o baixote com a camisa sete do Vitória. Bastaram as primeiras exibições para se convencerem do futebol gigante deste paulista de Osasco. Exibição é bem a palavra para tentar definir o grande futebol de Osni.
Como aconteceu num Ba-Vi do Dia das Mães e aniversário do Vitória, 13 de maio de 1973. Osni dá sua versão sobre o lance já lembrado aqui mesmo nesta série Time dos Sonhos, na reportagem Romero Puro Sangue, edição de sábado, dia 29. "Agachei e dominei a bola com o joelho, três, quatro vezes, até que o lateral Romero me levantou puxando pelos cabelos. Aí Fernando Silva deu um pau em Romero e o finado Roberto Rebouças se meteu. Acabou em briga", lembra, ainda hoje se divertindo com a cena inusitada e histórica, uma exibição mesmo.
Tanta exibição apaixonou a torcida do Vitória, campeão baiano de 1972. Foi o grande amor da galera rubro-negra. Três vezes seguida artilheiro do Campeonato Baiano, Osni era tão querido que ganhava
até feira de torcedor. "Dia de sábado, era fruta de todo tipo, na porta de casa". O amor chegou ao extremo de fazerem uma vaquinha pra juntar dinheiro e evitar a saída do 'Ovo de Codorna', como era chamado, para o Sport Recife. "O dinheiro não chegou nemperto, mas quando vi aquele abaixo-assinado e um saco de notas de 5 e de 10 na minha frente, eu me emocionei e fiquei", disse. Tal emoção, no entanto, não rolou quando o Flamengo chegou pra levar Osni.
Foi em 1976. O 'Pequeno Polegar' estava decidido a alçar novos voos com seus pezinhos alados de craque. Ele foi para outro rubro-negro, o Flamengo, mas o pior ainda estava por vir, para o torcedor do Vitória que via Osni como um deuzinho da bola. O Bahia pagou ao Flamengo por sua transferência em 1978. E a torcida do Vitória sofreu. Ficou a mágoa pelo que considerou suprema traição.
PERDÃO - Hoje, 33 anos depois, Osni ainda é cobrado pelos rubro-negros. "Por que o Vitória não me procurou antes que o Bahia? Já tinha dado minha palavra", defende-se. No Bahia, conquistou seis títulos e até virou treinador e jogador em uma só temporada, em 1984. Separou-se da mulher Eliana, depois de brigar com o ex-sogro rubro-negro.
Mas, Osni jura com as mãos sobre a Bíblia se preciso for: de coração, ele continua grato ao time que o projetou. "Não ficou nem uma cópia das dezenas de gols que fiz pelo Vitória por causa de incêndios nos arquivos das tevês, mas não esqueço um que marquei contra o Ipiranga. Driblei todo mundo e só parei dentro da rede", lembra o dono da agência de automóveis seminovos Good Car, na Bonocô.
Rejeitado na Toca, Osni não esquece que sequer foi convidado para reinaugurar o Barradão, em 1991, daí ele ter dado o maior valor a sua eleição pela comissão de notáveis rubro-negros do CORREIO. Fica tranquilo, Osni: tá perdoado, Baixinho, e obrigado por tudo. Valeu!
VOTO A VOTO
Osni (5)
André Catimba, Carlos Libório, Mário Silva, Paulo Leandro e Vovô do Ilê
Petkovic (4)
Alexi Portela Filho, Beto Silveira, Luciano Santos e Paulo Carneiro
Teotônio (2)
Alvinho Barriga Mole e João Borges Bougê
Bebeto (1)
Beto Silveira
Tombinho (1)
João Ubaldo Ribeiro
Fischer (1)
Sinval Vieira
*Matéria publicada na edição impressa do jornal Correio do dia 1º de fevereiro de 2011
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