O silêncio é soberano, os assentos estão vazios e pisar na grama ainda é proibido, mas as lembranças constroem o clássico no imaginário enquanto o Ba-Vi do dia 7 de abril não chega. Passado e futuro reunidos num só espaço. Adriano Michael Jackson, 25 anos, e Victor Ramos, aos 23, ainda eram garotos quando jogaram na Fonte Nova pela última vez. Revelados pela base de Bahia e Vitória, nunca fizeram a bola rolar no estádio como profissionais, mas viram os ídolos na grama esmeralda da velha Fonte. “Depois da preliminar, eu ficava pra ver Nonato jogar”, recorda Adriano. Driblar a saudade é impossível, assim como controlar o olhar, perdido na imensidão do novo gigante. “Quem vier aqui não vai nem ficar prestando atenção no jogo”, diverte-se o atacante tricolor.
“Mudou tudo. Agora tá nível Europa. Me lembra quando joguei na Bélgica, dois anos atrás, na Champions League. Tá muito bonito”, se derrete Victor Ramos, que defendeu o Standard de Liège antes de retornar à Toca do Leão. “Não vejo a hora de estrear aqui”. Falta pouco. Dia 7 de abril, data da abertura da nova Arena, a arquibancada hoje vazia estará lotada e o silêncio será sufocado por milhares de vozes. “Isso aqui vai ficar coisa de louco com a torcida dividida e os hormônios à flor da pele”, imagina o xerife do Leão. Convidados pelo CORREIO, Victor Ramos e Adriano Michael Jackson visitaram a Fonte Nova pela primeira vez após a reconstrução. Além do deslumbramento com a nova Arena, rolou olho no olho e até uma encarada. Uma espécie de Ba-Vi antecipado entre duas das estrelas do clássico. LembrançaAdriano havia entrado na Fonte Nova pela última vez em 2007, ano em que o estádio foi interditado. Se despediu marcando um gol no último clássico Ba-Vi do Campeonato Baiano de Juniores, disputado dia 1º de maio. Foi mandado a campo pelo técnico Ricardo Silva, hoje no Botafogo, no lugar de Ananias e selou o triunfo tricolor por 2x0. O Esquadrãozinho disputava o quadrangular final do estadual e se sagrou campeão invicto duas rodadas depois. “Eu tinha entrado no 2º tempo e foi a primeira bola que peguei. No contra-ataque, acompanhei a jogada e recebi o passe. O goleiro foi saindo e eu concluí. Foi o último dia em que eu pisei aqui na Fonte Nova”, recorda. Balançou a rede do gol da Ladeira da Fonte das Pedras e saiu pra festejar. Naquela época, ainda não era Michael Jackson e buscava inspiração em outros atacantes para comemorar seus gols. “Eu era conhecido na base como Adriano Saci, porque me inspirava muito no Fábio Saci, que jogava no profissional do Bahia. Fiz o gol, corri pra torcida que ficava próximo ao banco de reservas e comemorei como o Saci. Foi uma homenagem pra dizer que cá na base tinha que ter um Saci também”. Cria do Barradão, um pouco mais jovem, Victor Ramos não viveu muitas emoções no gramado da velha Fonte, mas guarda doces lembranças da arquibancada. “Eu nasci na Caixa D’Água e morava aqui perto, aí sempre vinha aqui com meu pai quando era moleque. Desde pequeno eu torço para o Vitória, mas meu pai era Bahia e a gente fazia esse Ba-Vi na arquibancada. Ficávamos na torcida mista”, conta. De volta ao Bahia, Adriano quer escrever o nome na história. “Antes disso aqui estar pronto, eu já sonhava em voltar e fazer o primeiro gol. Me imagino fazendo gol de cabeça”, diz o atacante de 1,70 m. Pra exibir a dancinha que rendeu a ele o apelido de Michael Jackson, Adriano vai ter que passar pelo xerifão rubro-negro. E o zagueirão também quer estrear a rede do estádio. “Escanteio, bola no primeiro pau e desvio de Victor Ramos”, narra. “Já sonhei e penso muito nisso. Fico mentalizando a Arena Fonte Nova lotada e eu fazendo a alegria rubro-negra. Vai ser 2x0 para o Vitória e o primeiro gol do estádio vai ser meu”, vibra. Matéria original: Correio 24h Victor Ramos e Michael Jackson visitam a Fonte Nova e falam sobre a expectativa para estreia
Eles se enfrentam dia 7, mas andaram se encarando antes mesmo da bola rolar |
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