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LITERATURA

Após 20 anos, biografia de Moreira da Silva ganha segunda edição

"Quero que as pessoas leiam o livro e se emocionem. Conheçam Moreira da Silva e deem as mesmas risadas que eu dei", diz autor de obra literária

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20/12/2013 às 9:25 • Atualizada em 29/08/2022 às 9:25 - há XX semanas
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- E as mulheres, Moreira? - Sempre nervosas, meu bom baiano, sempre nervosas! Era assim que começava o diálogo entre o jornalista baiano Alexandre Augusto e o sambista Moreira da Silva (1902-2000), quando se falavam ao telefone. A amizade entre eles surgiu por conta da biografia 'Moreira da Silva - O Último dos Malandros', indicado ao Prêmio Jabuti, na primeira edição. Para escrever o livro, o jornalista conviveu com o músico, fez diversas entrevistas e até o acompanhava ao Maracanã para ver as partidas do Flamengo, time do coração. Essas e muitas outras histórias e "causos" são narrados no livro. Vinte anos após seu lançamento no Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro - com a presença do biografado - a publicação ganha uma segunda edição, que acaba de chegar às livrarias. No pósfacio, escrito por ocasião deste relançamento, o autor Alexandre Augusto conta que Moreira da Silva - criador do samba de breque - era o tipo da pessoa que jamais pensamos que vai morrer um dia. Depois do lançamento do livro, os dois se afastaram um pouco por conta das agendas e do corre corre da vida, mas as lembranças estavam presentes. A notícia da morte, chegou quando Alexadre morava em Angola. Recebeu um telefonema de um jornalista brasileiro que queria um depoimento seu para o obituário do malando. Em conversa com o iBahia, porém, Alexandre Augusto comentou que "a ficha da morte de Moreira só caiu mesmo agora", quando precisou revisitar seus escritos e arquivos para a segunda edição. E mesmo se definindo como alguém extremamente "cerebral e frio", foi pego por um sentimento de emoção ao relembrar tudo o que viveu ao lado do Kid Morengueira, como era chamado. "Mexeu muito com a minha memória afetiva e emocional ter que reabrir esse baú de memórias e reescrever o final, porque eu não tinha realizado a morte dele", confessa o jornalista.
O autor considera que toda a vaidade que poderia existir em lançar um livro já foi experimentada há 20 anos. Ele, um jovem de 23 anos, acabava de sair da faculdade de jornalismo e ganhou uma bolsa de estudos do CNPq para passar três anos no Rio de Janeiro com o objetivo de aprofundar seus estudos sobre Moreira da Silva. Foi assim que transformou sua pesquisa de conclusão de curso universitário na biografia do sambista, de quem já era fã desde menino, quando ouviu 'Rei do Gatilho' aos dez anos de idade e achou muita graça da composição.Agora, aos 42 anos, o que Alexandre deseja é que o livro chegue às mãos de leitores, sobretudo, os mais jovens, e desperte neles a curiosidade de conhecer Moreira, saber que existiu um malandro dos bons e que busquem sua musicalidade. Essa é hoje a missão da segunda edição, na opinião do autor. "Quero que as pessoas leiam o livro e procurem no You Tube ele cantando; que baixem ou que comprem os discos dele, que deem as mesmas risadas que eu dei quando ouvi pela primeira vez o 'Rei do Gatilho'. Mostrei para meu filho de 10 anos e ele deu risada também. Quero que as pessoas se emocionem, saibam da existência dele e descubram Moreira", comenta. A ligação com a história é tão grande que Alexandre ainda mantém um arquivo com minicassetes com gravações das entrevistas, além de fotos, recortes de jornais e reportagens - muitos deles recebidos de Jards Macalé - além de completa discografia de Moreira. Todo esse rico material foi adquirido ao longo dos anos de pesquisa. Se fosse hoje, certamente, o acervo seria menor porque a internet ajudaria bastante e o tempo de estudo também seria mais acelerado. Os meios tradicionais, porém, deram ao autor o contato com o biografado, o que fez da narrativa algo muito mais rico e cheio de detalhes e sutilezas, o que não existiria se o livro fosse escrito em outras circunstâncias.
A convivência gerou tanto a contar que Alexandre teve dúvidas sobre a melhor maneira de escrever. Pediu, então, orientação a Sérgio Cabral, experiente biógrafo da música brasileira, que lhe disse: "Deixe a história se contar". Assim fez e brindou o leitor com uma história engraçadíssima, cheia de malandragens e fluidez. História essa que Moreira sempre repetia em suas piadas, mas nunca pediu os originais do livro para ler. Sorte dos leitores, que hoje podem ingressar nesta viagem chamada 'Moreira da Silva - O Último dos Malandros'. Sem filtro. Vale a leitura! Serviço: Moreira da Silva - O Último dos Malandros Sonora - R$ 39,90 - 304 págs. Para conhecer o Último dos Malandros: Especial de Ivan Cardoso (1973) [youtube mDKPG3GPjqU] Documentário sobre a arte de Moreira da Silva [youtube 3kxUwugR_LA] Arquivo N [youtube lvLrk1kDVug]

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