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LITERATURA

"Eu faço literatura inspirada nos homens",defende autora na Flica

Escritoras Inês Pedrosa, de Portugal, e Ana Paula Maia, do Rio de Janeiro, passearam por universos diferentes dentro do universo literário

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19/10/2012 às 23:30 • Atualizada em 31/08/2022 às 12:44 - há XX semanas
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Trio feminino comandou a última mesa da sexta-feira (19)
A última mesa de sexta-feira (19) foi comandada por um trio feminino na Festa Literária Internacional de Cachoeira (Flica). 'A Atualidade do Romance', tema da mesa, poderia ser marcada pela doçura do universo feminino, mas foi a contradição que deu o tom do debate.Acompanhe a cobertura especial do iBahia na FLICA pelo canal de Literatura Mediada pela baiana Adelice Souza, as escritoras Inês Pedrosa, de Portugal, e Ana Paula Maia, do Rio de Janeiro, passam por universos bem diferentes dentro da literatura. "O estranho, o repulsivo, me atrai. Eu tenho interesse pelo obscuro, daquilo que é estranho", afirmou Ana Paula. A carioca também protagonizou um dos pontos altos da mesa, quando apresentou as caraterísticas dos seus romances ao público. "Eu faço uma literatura inspirada nos homens. Eu gosto desse universo masculino. É aconchegante para mim", contou. E, por mais feminina que tenha sido a mesa, esse foi um assunto recorrente em suas declarações. "Quando um homem te abraça, ele te aninha. É uma sensação de proteção. O que é eu não sei, teria que fazer uma terapia longa", completou.
A mesa 'A atualidade do Romance' fechou o terceiro dia do evento
Já a obra de Inês Pedrosa passa por caminhos bem diferentes do visceral apresentado pela carioca. Os romances da portuguesa passam pela intimidade e delicadeza. Mas ela disse categórica: "Não há uma escrita de mulher. Se há, não é uma coisa que vale a pena ler". Veja também:Cachoeira tá Flica: veja a movimentação de visitantes e populares em festival literário "Eu não me exijo citado como tropicalista", dispara Capinan em mesa sobre tropicalismo na Flica Trio de baianos protagoniza 'aula de história' sobre escravos, candomblé e as revoltas Veja como foi o show de Mateus Aleluia na quinta-feira (18) Técnica, inspiração e leitores marcaram mesa especial sobre poesiaQuando o assunto foi o sagrado, a escritora portuguesa comentou sobre o processo de criação de um romance. "Uma das grandes alegrias de escrever é ser esse Deus. Todos nós que esculpimos, nas profissões artísticas são divinas, em certo sentido. Todos nós somos meio deuses, embora, não muito poderosos", contou Inês. Outra contradição que rondou o debate foi o fato de os homens serem maioria entre os romancistas e as mulheres serem ávidas leitoras dos romances. Mas é aí que as obras de Ana Paula se distanciam. "Quando eu tento escrever uma voz feminina, é horroroso. Por enquanto, não dá", confessou. "Eu adoro açougueiro. Eu tenho uma relação visceral com a literatura. Se os livros fossem de carne, os meus jorrariam sangue", completou Ana Paula. Mas é sobre romance que os assuntos circulam na mesa. "Depois de Virgínia Wolf já não é possível dizer que romance é apenas contar histórias", disse Inês. "O romance obriga-nos a ver da folhinha à floresta", completou. *O iBahia está na Flica fazendo cobertura do evento em tempo real.

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