Foi em 13 de junho de 1549, dez semanas após o desembarque de Thomé de Souza, que se realizou a primeira festa popular da Bahia. Salvador era apenas um canteiro de obras, a cidade estava sendo construída, mas as circunstâncias não impediram a celebração da festa de Corpus Christi, “as ruas muito enramadas e houve danças e invenções à moda de Portugal”, como descreveu o Padre Nóbrega. Algumas semanas após, em 18 de julho de 1549, realizava-se a Festa do Anjo com participação dos índios, estes empolgadíssimos com a música de trombetas. Pediram bis segundo contou o Jesuíta.
Desde então a Baía de Todos os Santos assumiu-se Baía de Todas as Festas, como conta o jornalista Nelson Cadena no seu novo livro intitulado 'Festas Populares da Bahia. Fé e Folia', que será lançado nesta quarta-feira (14), no restaurante Pereira do 3° piso do Shopping da Bahia (antigo Iguatemi), a partir das 18h30.O livro faz um registro histórico das principais festas populares, existentes e extintas, relevando as suas origens, influências e transformações. Com destaque para 24 festas da atualidade, dentre elas as do Senhor do Bonfim, Iemanjá, 2 de Julho, Boa Morte de Cachoeira, Nossa Senhora das Candeias, Nossa Senhora da Purificação de Santo Amaro, Conceição da Praia, Lavagem de Itapoan, Festa de Reis, Santa Bárbara.O grande diferencial do livro, segundo o autor, são as fontes primárias, colhidas em jornais do século XIX. De acordo com Cadena, mais de 80 títulos foram consultados, com muitas novidades que permitem o aporte de novos elementos e ainda uma revisão histórica quanto à cronologia de origem de algumas dessas manifestações. Entre as festas extintas, o autor registra o caráter espetaculoso com muitas alegorias e representações teatrais de eventos como os das festas da Rasoura, Onze Mil Virgens, Fogaréus.
O livro destaca a importância do veraneio nos arrabaldes distantes do centro da cidade que no século XIX fortaleceram grandes festas, hoje desaparecidas ou transformadas, como as de Santo Antônio da Barra, Mares de Amaralina, Nossa Senhora da Luz da Pituba, São Gonçalo do Amarante e Nossa Senhora da Guia, as duas últimas realizadas em Itapagipe. Entre outras curiosidades o autor conta o hábito de famílias abastadas que celebravam o Ano Novo doando um escravo como presente para os amigos mais próximos; destaca ainda a Festa de 7 de Janeiro de Itaparica que ao contrário do que se imaginava foi anterior à Festa de 2 de Julho. O evento insulano pioneiro, a primeira festa cívica comemorativa da Independência. Detalha, também, o que foi a maior festa de todos os tempos, realizada em 1760 em Santo Amaro da Purificação, durante três semanas ininterruptas de festejos. E ainda relata a influência dos Ternos e Ranchos de Reis, o autor levantou mais de 120 agremiações constituídas entre 1880 e a atualidade. Segundo Cadena, os Ternos influenciaram no aspecto alegórico e musical praticamente todas as festas populares, inclusive o Carnaval.Exposição Na mesma data de lançamento do livro será inaugurada, no terceiro piso do Shopping da Bahia, na Praça Mãe Menininha do Gantois, uma exposição contendo 30 painéis com fotos e textos das principais festas populares da Bahia. A amostra que tem a curadoria de Nelson Cadena, fica em exposição até 16 de fevereiro.
Festas da Bahia, como a que acontece em homenagem a Iemanjá, em Salvador, são temas do novo livro do jornalista Nelson Cadena (Foto: Acervo da Fundação Gregório de Mattos) |
A festa do Senhor do Bonfim, que acontece nesta quinta-feira (15) também está no livro do jornalista (Foto: Reprodução) |
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