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MODA E BELEZA

Acessórios de útero e roupas feministas prometem ser o hit

Layana Thomaz e Maíra Nascimento lançaram marca cheia de peças simbólicas

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Redação iBahia

21/01/2017 às 18:12 • Atualizada em 27/08/2022 às 22:59 - há XX semanas
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Peça à Maíra Nascimento um motivo para usar um adereço com desenho de útero na cabeça durante o carnaval, e a resposta é imediata: — O orgulho de ser mulher — diz ela. — Por que não estampar na cara das pessoas uma coisa que faz parte das nossas vidas e é tão simbólica? Temos um útero e devemos usá-lo como bem entendermos. Podemos ter filhos ou não, por exemplo. O órgão está ali na fantasia como uma bandeira a ser levantada. Uma bandeira de orgulho, feminismo e direitos reprodutivos.
O acessório é um forte candidato a hit dos blocos descolados do Rio este ano e faz parte da primeira coleção da marca de fantasias feministas Negoçada. Uma ideia antiga, agora colocada em prática por Maíra, designer da Maria Filó, e pela estilista Layana Thomaz, de volta ao Rio depois de quatro anos em Brasília. — Eu e Layana ficamos amigas por ligações feministas e chegamos a essa concepção de uma maneira muito natural. Queríamos abrasileirar o girl power e essa nos pareceu uma maneira muito apropriada — descreve Maíra.
Foto: Marcela Falci/Divulgação
A coleção é toda bordada à mão e leva patches exclusivos, desenvolvidos pelas criadoras. Além do útero, os ornamentos incluem detalhes como a já célebre expressão “respeita as mina”, punhos cerrados em referência às lutas da causa e a providencial frase para a ocasião — e qualquer outra época do ano — “não, obrigada”. — É uma roupa post-it — define Maíra. — A gente quer que, na hora do vuco-vuco, a pessoa tenha esse choque de que o assédio não é tolerável. E se os caras podem sair sem camisa, a gente pode sair de maiô e roupa curta para brincar o carnaval sem ser incomodada.
As criações são como uma catarse de ideias e inquietações guardadas dentro das duas mulheres. Desde que resolveram colocar o plano em prática, elas foram dando vida a tudo aquilo que uma linha comercial não permitiria. Era tanta construção e desconstrução, que as estilistas chegaram à conclusão que o mote era “negoçar” tudo, no sentido de misturar, bagunçar. Daí o nome da marca.
Entre os itens mais irônicos estão os adereços em forma de orelhas de coelho, numa referência ao que se tornou um ícone da objetificação feminina difundido pela Playboy. A versão delas leva os patches empoderadores da marca e foi grafitada pela artista Rafaela Monteiro. Como não poderia deixar de ser, todas as peças têm purpurina, paetê e estrelas, de olho em diferentes referências de moda. — A gente vai da Uruguaiana à Gucci na maior tranquilidade — brinca Maíra.
Foto: Marcela Falci/Divulgação
As vendas começam nos próximos dias, conforme as indicações postadas na conta da marca no Instagram. Reservas já podem ser feitas por e-mail, e a dupla espera levar as criações a bazares. Mas quem quiser um dos looks deve ficar atenta: é tudo exclusivo, em função da produção artesanal. — Vão ser 70 peças, entre maiôs, tops, hot pants e adereços de cabeça. As roupas que levam bordados para cobrir os mamilos serão feitas de maneira personalizada para cada cliente — detalha Maíra, sobre a linha que terá preços entre R$ 200 e R$ 299 e versões pensadas para diferentes tipos de corpo.
Símbolo máximo do apreço brasileiro por uma boa festa, o carnaval sempre foi um espaço nobre para manifestações políticas. Então, nada mais justo que feminismo e folia formem um belo samba. Layana, que em Brasília realizou um trabalho de encorajamento para que vítimas da violência doméstica levem a denúncia até o fim, é entusiasta da mistura.
— Vejo o carnaval como um palco de homenagens e levantamento de questões importantes. Tratar o feminismo dessa forma é uma maneira de abordá-lo fora do lugar comum. Falamos do assunto de uma maneira mais solta, que talvez seja até mais fácil para as pessoas entenderem — reflete ela. Nos últimos fins de semana, as estilistas tiveram a confirmação de que a mensagem nas roupas cumpre o seu papel. Ao circularem pela abertura do carnaval não oficial que partiu da Praça XV, no Centro, e pelos ensaios da Orquestra Voadora e do Tambores de Olokun, no Aterro do Flamengo, foram só confetes.
— A gente sabia que ia ter apoio, mas não esperava tanto. Éramos questionadas o tempo inteiro, sempre obtendo uma resposta muito positiva — comemora Layana.
Fora as mensagens expressas nas estampas, os modelos criados para a marca deixam muita pele à mostra. E é aí que está um último — mas não menos importante — recado lembrado pela estilista: — Não estamos fazendo roupa tampada, porque queremos mostrar que não existe mulher perfeita. Não tenho um corpo dentro do que é dito como padrão, mas me amo do jeito que sou. Uso decote, saia curta e short. Quem disse que não pode?

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