Por mais incrível que pareça, as abelhas são capazes de aprender tarefas complexas, como empurrar uma pequena bola para um buraco em troca de recompensas. Em laboratório, pesquisadores da Universidade Queen Mary, em Londres, conseguiram ensinar comportamentos não encontrados naturalmente, provando pela primeira vez que esses insetos, essenciais para a polinização, possuem habilidades cognitivas até então desconhecidas.
"Nosso estudo coloca o último prego no caixão da ideia de que os cérebros pequenos restringem os insetos a terem flexibilidade comportamental limitada e apenas habilidades de aprendizado simples", disse Lars Chittka, coautor do estudo publicado esta semana na revista 'Science'.
Pesquisas anteriores haviam demonstrado que as abelhas são capazes de resolver algumas tarefas cognitivas, mas até então os insetos foram apresentados apenas a problemas similares aos que eles encontram na natureza. O estudo atual examina a flexibilidade comportamental para executar tarefas completamente diferentes dos hábitos naturais dos animais.
"Nós queríamos explorar os limites cognitivos das abelhas testando se elas podiam usar objetos não naturais em tarefas nunca encontradas antes por qualquer indivíduo na história evolucionária das abelhas", disse Clint Perry, que liderou as pesquisas.
Os pesquisadores montaram uma plataforma circular com um pequeno buraco no centro, que foi preenchido com uma solução açucarada. As abelhas tinham que empurrar uma bola para o buraco para conseguirem uma recompensa, como num jogo de golfe. Um primeiro grupo foi treinado com o uso de uma abelha de plástico, que empurrava a bola para o buraco.
Depois, as abelhas foram treinadas em três condições diferentes. Algumas observaram as abelhas já treinadas movendo a bolinha para receberem a recompensa; outras receberam uma demonstração "fantasma", onde a bola era movida por um imã escondido na parte de baixo da plataforma; e o terceiro grupo não recebeu demonstração, apenas encontrou a bola no centro da plataforma.
Técnica aprimorada
As abelhas que observaram o modelo de plástico ou outras abelhas já treinadas aprenderam a tarefa de forma mais eficiente do que aquelas que viram a demonstração "fantasma" ou que não viram nada. O que mais impressionou os cientistas foi que os insetos adaptaram a técnica apresentada.
"As abelhas resolveram a tarefa de modo diferente ao que foi demonstrado, sugerindo que as abelhas observadoras não apenas copiaram o que viram, mas melhoraram", disse Olli Loukola, que também participou do estudo. "Isso mostra uma quantidade impressionante de flexibilidade cognitiva, especialmente para um inseto".
Durante as demonstrações, os pesquisadores colocaram três bolas amarelas em distâncias diferentes do buraco. Com os modelos de plástico, eles moveram sempre a bola mais distante do centro, e sempre do mesmo local. Quando as abelhas realizavam a tarefa, elas moviam a bola mais próxima em vez da mais distante, que elas viram na demonstração. Em outros experimentos, os insetos também usaram bolas de cores diferentes.
"Pode ser que as abelhas, assim como muitos outros animais, têm as capacidades cognitivas para resolverem tarefas complexas, mas apenas o farão se pressões ambientais foram aplicadas e esses comportamentos se tornem necessários", analisou Loukola.
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Redação iBahia
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