Em termos de tamanho e população, Portugal poderia ser facilmente um estado brasileiro. Um pouco menor do que Pernambuco e com 10,5 milhões de habitantes, o país mais antigo da Europa guarda em todos os seus cantos semelhanças com o Brasil. Passear por Lisboa, pelo Porto ou por qualquer cidadezinha portuguesa é um mergulho direto nas raízes arquitetônicas e também culturais do Rio de Janeiro, Salvador, Recife, Olinda e tantas outras cidades brasileiras. Os consagrados estilos arquitetônicos colonial, barroco e manuelino nos são familiares, mas o lado novo de um país que sofre as duras penas de uma crise econômica cada vez mais voraz é, de fato, uma surpresa. E elas não são poucas. Considerado o primo pobre da Europa, Portugal sempre sofreu do estigma de nação sem expressão ao ser comparada com os vizinhos espanhóis, franceses, italianos, ingleses, alemães.
Como toda unanimidade é um tanto burra, não faz o menor sentido considerar que Portugal é um país parado no tempo. Ele pode até ser lento, mas as transformações são observadas de diversas formas.Os tradicionais azulejos portugueses, por exemplo, parecem muito semelhantes entre si, mas um olhar mais acurado logo revela que a técnica se mantém viva, mas os motivos vão se tranformando com o passar das décadas: eles acompanham o desenvolvimento do país, e estão presentes desde o período pré-colonial até os dias de hoje. E, assim como na moda, suas ‘estampas’ passam por radicais mudanças, conforme ditam as tendências dos tempos. Diferentemente do que acontece no Brasil e também nesta Bahia, o velho não necessariamente precisa dar lugar ao novo, se bem pensados eles podem conviver de forma harmoniosa. Isso acontece em muitos lugares do país, seja nos hotéis moderninhos do Chiado, da Alfama ou na Baixa, bairros tradicionais de Lisboa, seja às margens do Rio Douro, no Porto, ou nas tantas cidadezinhas e vilas.
Ponte de Lima, ao norte do Porto, quase na fronteira com a Espanha, pode ser citada como um caso muito interessante. Fundada pelos romanos, que construíram ali uma imponente ponte que está de pé até hoje, a cidadezinha é considerada a vila mais antiga de Portugal (criada oficialmente em 1125). A título de comparação, é como se Cachoeira (no Recôncavo Baiano) e Olinda fossem a mesma cidade.Nesse ambiente, praticamente dentro do centro histório, foi construído o Hotel & Spa Inlima (inlimahotel.com). O prédio de linhas retas, com apenas dois andares, chama atenção pela sua simplicidade e funcionabilidade. Obra do arquiteto francês radicado em Portugal Jean Pierre Porcher, está tão bem integrado à paisagem que é quase difícil notá-lo a uma distância de 30 metros. O mesmo também ocorre em outras áreas da pequena cidadezinha (são 2,8 mil habitantes). No centrinho - a área mais antiga -, bares ins- talados em casarões histó- ricos zelam pelas caracte- rísticas originais das belas fachadas, mas radicalizam os interiores com cores, luzes de neon e outras interferências que tornam a experiência quase uma brincadeira de máquina do tempo.
Futurismo No Porto, a segunda maior cidade portuguesa, isso acontece de modo ainda mais ousado. Não há como não se impressionar com o prédio da Vodofone, telefônica que atua no país. Criado pelo escritório Guimarães & Barbosa Arquitectos, o edifício é o oposto do hotel de Lima: troca as retas pelas curvas e cria no observador uma sensação de futurismo. Não tem como não parar para tentar entender as nuances da construção. O premiado escritório também assina projetos outros no Porto e em Vila Nova de Gaia (separada do Porto apenas pelo Rio Douro), onde está o arrojado restaurante Afurada. Visitar as tradicionais atrações históricas de Portugal também é indispensável, afinal o país possui uma longa ligação em torno do conhecimento e poder presenciar a evolução desses saberes é, no mínimo, uma rica experiência de aprendizado ver de perto como se deram essas incríveis transformações. A Universidade de Coimbra, só para lembrar, é a mais antiga da Europa. Foi fundada em 1290. Não há como não considerar o alto grau de sofisticação das muitas habilidades dos portugueses, ora pois!
Fachada do edifício da Vodofone: pela mão de arquitetos talentosos, Portugal busca renovação estética |
Charmoso e minimalista, o Hotel & Spa Inlima, na bucólia Ponte de Lima, a mais antiga vila lusitana, tem projeto assinado pelo francês radicado em Portugal Jean Pierre Porcher |
Forma de espinha: o Afurada é outra cria do Guimarães & Barbosa |
Veja também:
Leia também:
AUTOR
AUTOR
Participe do canal
no Whatsapp e receba notícias em primeira mão!
Acesse a comunidade