Políticos da oposição argentina pediram hoje (28) o afastamento do vice-presidente Amado Boudou, depois que a Justiça decidiu processá-lo por envolvimento num escândalo de corrupção. “Se ele não for afastado, vamos pedir que seja submetido a um julgamento político no Congresso”, anunciou nessa sexta-feira (27) o deputado Júlio Cobos, do partido União Cívica Radical (UCR), que foi vice-presidente de Cristina Kirchner no primeiro mandato. Na reeleição, em 2011, a presidenta escolheu como vice Boudou, que era seu ministro da Economia.
É a primeira vez na história argentina que um vice-presidente em exercício é processado. A notícia chegou em um momento difícil para o governo de Cristina Kirchner: ontem o país foi informado que terá até o final de julho para negociar com os chamados fundos abutres (que compraram títulos podres da dívida argentina, depois do calote em 2001, e entraram na Justiça para cobrar o valor devido, sem desconto).
Eles ganharam o processo e, com isso, o direito de cobrar US$ 1,3 bilhão ao mesmo tempo que os 93% dos credores que aderiram aos dois planos de reestruturação da dívida (2005 e 2010). Eles deveriam cobrar US$ 900 milhões na segunda-feira (30), mas só receberão o dinheiro se a Argentina pagar os fundos abutres.
Os advogados de Boudou avisaram neste sábado que vão apelar à Justiça, na próxima semana, por considerar que o vice-presidente é vítima de perseguição política. Boudou é acusado de tráfico de influência por, supostamente, ter usado o cargo público (quando era ministro da Economia) para beneficiar a Gráfica Ciccone, que imprimia as cédulas do peso argentino, moeda oficial do país. Segundo as investigações, ele salvou a gráfica da falência e ajudou os novos donos (que seriam sócios e amigos) a fechar contrato para imprimir as cédulas do governo.
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