
Bem antes de iniciar, em "Off the wall", a sua vitoriosa associação com o produtor Quincy Jones, o Michael criança já era um pop star, à frente dos grupos com os irmãos (Jackson 5 e The Jacksons) e em uma carreira solo de hits como "Got to be there" e "Ben". Ao contrário da quase totalidade dos astros mirins, Michael não só se manteve em cena, como virou uma estrela de brilho ainda maior.
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Soube aliar seu talento aos de outros
Gênios centralizadores e marionetes da indústria, há inúmeros. Michael Jackson representou o equilíbrio ideal: trabalhou sob a batuta dos maiores produtores de sua época, fez parcerias antológicas (como "The girl is mine" e "Say, say, say", com Paul McCartney), buscou músicas de outros compositores (como o inglês Rod Temperton, autor de "Thriller" e de "Rock with you"), mas nunca deixou de ser o artista absolutamente individual e completo que foi.
Inaugurou a era do videoclipe
Quebrou a barreira racial para os artistas negros
Hoje em dia ninguém lembra, mas em janeiro de 1983, "Billie Jean" se tornou o primeiro vídeo de um artista negro americano a ser exibido pela MTV. Outras faixas de "Thriller", como a híbrida "Beat it" (quer trazia um solo de guitarra hard rock de Eddie Van Halen) também ajudaram a trazer para o mainstream branco dos EUA uma música que pouco ia além das paradas do r&b, exclusivamente de artistas negros.
Aos poucos, Michael Jackson tornou-se uma figura que não era nem negra nem branca (não à toa, cantou "Black or white"), nem masculina nem feminina (ou exatamente gay), nem adulto nem criança. Um enigma pop ainda maior que o de David Bowie, com um agravante que era a estranheza com que se comportava na sua pública vida privada (acusações de pedofilia, casamento com Lisa Marie Presley, mistério sobre a identidade dos filhos), explorada à exaustão pela mídia sensacionalista. Vivo, Michael não conseguiu fazer com que deixassem de falar dele. Morto, ninguém ainda conseguiu decifrá-lo.
De Justin Timberlake (que gravou com o ídolo um dueto póstumo de "Love never felt so good") a Justin Bieber, Michael Jackson está todo lá: astros que começaram muito jovens e que se empenharam em virar cantores e dançarinos com fôlego para as grandes arenas, com uma música que amalgama o melhor do pop branco e negro.
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