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MÚSICA

Por onde anda? Parceiro de Tom Zé e ex-Novos Baianos, Odair Cabeça de Poeta explica seu afastamento da música

O irreverente artista hoje trabalha com tecnologia, na praia de Guaibim, mas pensa em voltar para o meio artístico, lançando livro de poesia

• 30/10/2011 às 8:10 • Atualizada em 02/09/2022 às 19:30 - há XX semanas

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O irreverente Odair Cabeça de Poeta, vive em Guaibim, paraíso localizado em Valença, na Bahia
O telefone é mesmo uma das melhores invenções da humanidade. Ele torna a distância geográfica um fato sem importância, no momento em que a conversa toma rumos nem um pouco programados, e transporta, com a imaginação, as duas pessoas para uma mesa de bar, ou uma barraca de praia, onde se sentem à vontade para falar de suas vidas, refletir, e recordar boas e más lembranças que a vida traz. Depois de algum tempo, elas ficam tão envolvidas, que esquecem das barreiras que as separam e se emocionam, chorando e sorrindo. E foi o que aconteceu na noite da última quinta (27), quando eu, na missão de cumprir mais uma pauta jornalística, liguei para o irreverente e criativo Odair Cabeça de Poeta para uma tentativa de entrevistá-lo, saber por onde ele anda, o que tem feito e os projetos para o futuro. Afinal, pessoas como Odair Cabeça de Poeta não se acostumam com a mesmice e se recriam com muita frequência. O instrumentista, cantor, compositor e poeta, entre outras façanhas, foi baterista dos Novos Baianos e fez parceria com Tom Zé, produzindo canções de nomes curiosos como ‘O Forró Vai ser Doutor’ ou ‘A Dor É Curta e o Nome Comprido’, faixas que fazem parte do álbum O Forró Vai Ser Doutor (1975), de Odair Cabeça de Poeta e o grupo Capote. Participou do disco Todos os Olhos (1973), de Tom Zé. E, apesar de distante do meio artístico, não parou de criar. Odair continua ligado a musica e a poesia, como se suspeitava. Em tempoCabeça de Poeta foi precursor do estilo forróck, juntamente com seus companheiros do Grupo Capote. Uma curiosidade é a música A Feira da Fruta, usada na dublagem escrachada do seriado do Batman e que ficou conhecida na internet como ‘Batima’. Uma das canções mais conhecidas, em parceria com o rebelde da MPB, Tom Zé, é 'Dodó e Zezé', uma conversa de dois matutos, que você confere abaixo:
Embora há 10 anos afastado dos palcos, por escolha própria, nunca esqueceu a vida de artista. “A música está no corpo da gente, na alma da gente”, revela o artista. E com essa declaração, após uma conversa de aproximadamente 20 minutos, contando sobre seus feitos na música, as parcerias, os shows, Odair se emociona, e com voz estremecida pelo choro, pede para continuarmos a entrevista no dia seguinte. “Me desculpe, mas é que estamos falando de lembranças de mais de 30 anos atrás.”, e concluiu a entrevista, fazendo um pedido: “Vamos continuar amanhã, mas me ligue de noite! Eu ainda tenho horário de artista, durmo 4h da manhã e acordo tarde!”, e assim desligamos o telefone, com a promessa de continuarmos a conversa no dia seguinte.
“Já cheguei a ficar dois meses viajando, quis um descanso”
Odair, em show no Canecão (RJ).
Em 2001, seu plano era desenvolver um trabalho ligado à percussão e levá-lo para os Estados Unidos. Para isso, resolveu sair de São Paulo, e ir para Boipeba – ilha inserida no Arquipélago de Tinharé, distante 340 km de Salvador - lugar pacato, onde ia conseguir conceber o seu projeto com tranquilidade. “Fui pra ficar dois meses, mas gostei tanto e acabei ficando 10 anos! Abri uma pousada, depois vendi e fui para Guaibim – distante 18 km de Valença - , onde estou morando agora”, contou. Foi ai, segundo ele, que se afastou do mundo frenético de fazer shows, ensaios, discos e resolveu descansar. “Praticamente desde 14 anos trabalho com música, já cheguei a ficar dois meses viajando! Quis um descanso”.O último trabalho que fez, embora já estivesse sem gravar discos e fazer show, foi há três anos, comandando o programa de rádio “Rebuliço”, exibido todos os sábados, na Band FM. Há quatro anos, ele é dono de um provedor de internet em Guaibim e diz estar dando muito certo. A escolha por trabalhar com internet surgiu muito do seu interesse por tecnologia, juntando o útil ao agradável.
Mágoa de um artistaA sexta chegou, e eu esperei a noite chegar. Afinal, a entrevista teve o tempo e a intensidade do artista. E foi neste ritmo que Odair declarou estar muito magoado com o que tem lido na internet, a respeito do seu trabalho. Mas o que andam dizendo? Pergunto, em busca de mais detalhes. “Tá tudo completamente distorcido! Por exemplo, eu li uma espécie de biografia dos Novos Baianos na internet, escrita por um jornalista que disse que Pepeu tinha sido o dono do grupo Enigmas, e não é verdade! E mais, que eu não fui um dos Novos Baianos...Eu jamais ia dizer uma coisa que eu não tivesse feito!”, relata, indignado.
"Alguns jornalistas dizem que eu não fui um dos Novos Baianos...Eu jamais ia dizer uma coisa que eu não tivesse feito!”
Projetos para o futuro. Sim, ele vai voltar!
Odair faz poesia desde 18 anos. O primeiro poema que escreveu foi O Dragão que São Jorge Matou Não Morreu. Inclusive, muitas canções nasceram como poemas. E vai ser através da poesia que Odair Cabeça de Poeta pretende retornar ao meio artístico. No momento, está terminando um livro que reúne seus escritos poéticos e pretende lançar em breve.O título ainda não está definido, mas tem duas opções: Katraka (mesmo nome do provedor de internet do qual é dono, e que expressa uma espécie de antropofagia, “de o mundo girar, e a catraca rodar, como uma cobra sendo ao mesmo tempo a sua própria comida”), ou Sertão de Nova York. Além do livro, fala da possibilidade de voltar aos palcos: “Se eu entrar no palco e pegar uma guitarra vou me sentir muito bem!”, conclui, deixando um tanto de esperança, e provando que a chama criativa e efervecente ainda existe, pronta para incendiar novamente. Confira um poema, escrito por ele, que estará no livro a ser lançado em breve.Quando o país começa a cantar"Quando o país começa a acordarRespeitar sua raizFica como a cachoeira Que desemboca lá na clareiraO nosso índio é quem diz.Quando o país começa a cantarRespeitar o que o povo dizFica como uma estrelaQue brilha tão verdadeiraO sertanejo é quem diz.Não há nada tão sinceroQue condene o nosso cantoPra acabar com a nossa sorte.Não há nada que venha ferirDestruir o nosso cantoPra matar a nossa morte."

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