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'Minha bissexualidade está inativa', afirma Preta Gil

Cantora é casada com o preparador físico Rodrigo Godoy desde 2012

Redação iBahia • 26/11/2018 às 13:30 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:50 - há XX semanas

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Aos 44 anos, Preta Gil voltou a morar com o pai, o cantor Gilberto Gil, em São Conrado. Parece um passo atrás, mas é exatamente o oposto. Depois uma reforma de cinco meses em seu apartamento, a cantora finalmente irá morar só com o marido, o preparador físico Rodrigo Godoy. Os dois se casaram em 2012, mas viviam com Francisco, filho de Preta com o ator Otávio Müller, sua nora, Laura Fernandes, e a neta Sol de Maria, de 3 anos.
Foto: Reprodução | Instagram
A cantora aproveitou as obras para doar metade — sim, metade — de seu guarda-roupa para a 11° edição do Bazar da Preta, que arma domingo, no Clube Monte Líbano. Com o valor arrecadado, distribuirá cestas básicas para moradores do Complexo do Alemão e crianças de uma ONG que cuida de refugiados da África, da América do Sul e do Oriente Médio.
Entre áudios de Whatsapp sobre a obra inacabada e retoques na maquiagem, Preta conversou com a repórter Marta Szpacenkopf sobre o livro de memórias que lançará em 2019, sua “adormecida bissexualidade” e o “fundo do poço” que conheceu antes de se aceitar como é.
Como começou o bazar?
Em 2007, morava aqui, na casa do meu pai. Tinha uma cama e 89 araras. Minha mãe (Sandra Gadelha, primeira mulher de Gil) pediu ajuda para um projeto social em Salvador. Cheguei, olhei as roupas e decidi vender mais de 60%. Voltei para casa e não tinha mais a energia estagnada.
Como passou da compulsão por compras aos 20 anos, para tamanho desapego aos 40?
Quando a gente conhece o fundo do poço, aprende. O sofrimento, dá uma força. Fui compulsiva durante um tempo, mas me curei. Não pela terapia, mas porque me encontrei. Comprava compulsivamente porque era infeliz. Trabalhava com o que não gostava, buscava algo que não sabia o que era. Quando me encontrei (no início dos anos 2000, Preta trocou a carreira de produtora pela de cantora), as coisas materiais passaram a ter outro sentido. Todas elas: comida, bebida, droga, roupa, joia. Os vícios são subterfúgios para complementar nossa existência. Hoje, para ser feliz, não preciso disso. Só de saúde e do amor da minha família, dos meus amigos e dos meus fãs
Já passou por muitas fases. Em qual delas está hoje?
Na melhor delas. Como diz meu tio Caetano: “Cada um sabe a dor e a delícia de ser o que é”. Foi duro, mas sinto gratidão por ter vivido certas coisas que me fizeram ser quem sou. Por isso estou escrevendo um livro.
O livro ia sair esse ano, não ia?
Ia, mas me assustei com a minha própria história. Talvez certas partes fiquem para o livro de 88 anos, não o de 44 (risos). Há histórias delicadas.
Como quais?
Não estou pronta para falar. Ano que vem publico (pela Globo Livros) o que acho que vai ajudar as pessoas. A forma como lidei com meu corpo, minha autoestima e sexualidade, de um jeito tão natural e, ao mesmo tempo, tão sofrido...
É estanho estar aqui (na casa de Gil e da mulher, Flora)?
É muito gostoso. Hoje acordei com meu pai tocando violão. Mas quero voltar para casa, só com o Rodrigo. A gente passou por uma perda grande agora, nosso cachorrinho, que era nosso filhinho...
Pensam em ter filhos?
Sempre. Ainda não consegui, mas estou tentando arduamente! Sou, praticamente, uma senhora de idade, então não é fácil (risos).
Uma vez, disse amar mais neto do que filho. É isso mesmo?
Quando tive o Francisco, era muito nova, cheia de medos. O neto chega num momento da vida em que a gente amadureceu, mas está cheia de energia. Tenho 44 e a Sol, 3. Posso cuidar dela com mais qualidade do que cuidei do Francisco.
Como estão os preparativos para o Bloco da Preta? É a favor do ‘blocódromo’?
Tudo em cima. Saio no Rio, dia 24 de fevereiro, e só paro, 10 de março, em São Paulo. Dei a ideia do blocódromo para o no ano que fomos para a Presidente Vargas. Me incomoda o quanto o Rio fica impraticável no carnaval. Não acho a ideia ruim. Organizar não é perder, muito pelo contrário, é ganhar.
Assim como Claudia Leitte, você já ouviu comentários infelizes por parte do Silvio Santos. Sentiu-se assediada?
O que ele falou me magoou, mas não foi porque me chamou de gorda. Foi por outro motivo que prefiro não falar. O Silvio é um ícone e não quero polemizar. Achei bem triste o episódio com a Claudia.
Posta fotos de biquíni com frequência. Não liga mais quando a chamam de gorda?
A cada dia ligo menos. Não é comigo, é com todo mundo. Fico triste de ver mulheres que detonam umas às outras, sem o mínimo de sororidade e empatia. Fico triste quando dizem: “Tá gorda, cuidado, hein, seu marido vai te largar.” O meu marido me ama do jeito que eu sou. O preconceito faz com que as pessoas não acreditem que uma mulher, de 44 anos, gordinha, possa ser amada por um homem de 30, todo sarado. É triste.
Há 15 anos, você disse que transava homens e mulheres, mas buscava o príncipe encantado. O que mudou?
Não mudou. Minha bissexualidade está inativa. Estou casada e meu interesse amoroso e sexual é só pelo meu marido. Minha panela tá fechada, tampada, bem bonitinha. Mas isso é agora. Daqui a 15 anos pode ser outro quadro...
Foi difícil achar o príncipe?
Era tanto sapo, tanto sapo que uma hora você fala: “O príncipe não vem”. Sou uma princesa também e não existo em livros, não me enquadro nos contos de fadas.
Como vê esse momento do país e a eleição do Bolsonaro?
É importante para que todo mundo reveja seus valores, conceitos. O que está acontecendo, para mim, não é novidade. Sempre soube lidar com as diferenças. É um desafio.
Arrepende-se de ter dito que não votaria nele?
De jeito nenhum. A história fala por si. Tenho muito respeito pela democracia. Vou continuar sendo amorosa, inclusiva e gostando de dialogar. Mais uma vez, como diz meu tio Caetano: “É preciso estar atento e forte, não temos tempo de a morte”.

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