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A Voz dos Bairros: a diversidade do comércio no Pelourinho

Por ruas e becos, o bairro convive com os contrastes e é um retrato de Salvador

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12/04/2012 às 16:23 • Atualizada em 27/08/2022 às 10:42 - há XX semanas
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Cinema, museus, igrejas, teatros, faculdades, espaços culturais, rádios, sede de órgão municipais, casas de câmbio, agências de viagem, lojas de artesanato, de roupas e de produtos eletrônicos e um intenso comércio de autônomos. Essa é uma das muitas realidades vivenciadas todos os dias na ruas e becos de um dos mais mais antigos de Salvador, o Pelourinho. Em visita por esta parte do Centro Histórico, o que mais se nota é a diversidade, o dinamismo e a interação quase cosmopolita da localidade.
Pelourinho: "Coração de Salvador"
Entre turistas de todas as partes do mundo, trabalhadores locais e os pedintes, o Pelourinho é o local mais propício para as situações inusitadas e para o desenvolvimento de um comércio dinâmico. "A sensação é de que estamos no coração de Salvador. Aqui está, por assim dizer, a verdadeira cidade. A negritude e tudo isso da cultura negra que fez a história é aqui e pronto", define Leandro Silva Cerqueira, vendedor. Com o fim do verão e a entrada da baixa estação, uma das preocupações é de manter as vendas e atrair os consumidores. "É um ciclo natural. Já estamos acostumados. Acaba o verão, o movimento cai. Às vezes, cai menos. Tem que saber administrar bem essa dinâmica", diz o lojista Alessandro Oliveira, que há dois anos trabalha com artesanato. Segundo Oliveira, no verão 2011-2012, dois motivos dificultaram a vida de quem depende do comércio do Pelô: "A crise na Europa freou a vida de turistas e os gastos aqui. Fora isso, a greve da Polícia abalou mesmo o movimento", conta. VEJA TAMBÉM: A voz dos bairros: Periperi e a mobilização da comunidade para trazer melhorias A paralisação da Polícia Militar foi mesmo a surpresa negativa da temporada. Para o comerciante Guttemberg Augusto Queiroz, os impactos ainda não foram superados. "Nós trabalhamos com o público local. Vendendo equipamentos de sonorização. Trabalhamos só durante o dia e as pessoas daqui pararam de aparecer durante aquele período. Era o momento em que se costuma vender mais porque tem shows, mais eventos e necessita-se de mais equipamentos", avalia. Queiroz, que há trinta anos atua na área, diz que sente saudades do movimento de antes, mas garante que outras outras soluções podem ser tomadas. "O movimento era mais intenso quando as linhas de ônibus paravam aqui e não lá na Praça da Sé. A região era mais frequentada pelas pessoas daqui de Salvador. Entendo as mudanças feitas, mas acho que ainda faltam medidas mais eficazes para valorizar o comércio daqui. Precisa dar mais atenção, incentivos", explica. SegurançaMesmo com os relatos de que o Pelourinho é uma área de insegurança e de excessiva abordagem, o que dificultaria a atividade comercial, todos os que frequentam e trabalham no bairro diariamente questionam esta versão. De fato, além da Delegacia de Proteção ao Turista, as viaturas e os policiais fazem a segurança 24h dos principais pontos. "Eu arrisco a dizer que é a área mais policiada de Salvador. Você vê agentes em todas as esquinas. Carros da polícia também. O que acontece é que, como em qualquer outro ponto, precisa ficar atento à movimentação, não pode entrar em local que não conhece. Tem lugares perigosos, mas violência aqui é menor do que em outras partes. O Terreiro mesmo é movimentado dia e noite", diz Alisson da Silva Santos, vendedor da loja Só Som. Para Alisson, a vida da região poderia ser incrementada com outros investimentos, além da segurança em si: "No verão, tem os ensaios. Mas e depois? Tem shows em algumas praças, mas não é constante. Poderia ter mais teatro, por exemplo. Isso atrai gente e ganha todo mundo". Opinião semelhante foi compartilhada por Leandro Silva, que nunca sofreu nenhuma abordagem na região. "A segurança é um problema porque tem muita gente pedindo. Aí, às vezes tem furto, as pessoas ligam querendo saber se está seguro. Só que tem muito policial fazendo ronda aqui. O que precisa para movimentar mais é, por exemplo, limpeza das ruas, organização, colocar mais atividades", diz. A turista carioca Tereza Marques, de passagem por Salvador pela quarta vez, conta que não se sente desprotegida: "Eu acho que essa abordagem das fitinhas, de pedir e de tudo mais, tem a ver com a atividade turística em si. No Rio, é parecido e em qualquer lugar. Não me sinto ameaçada ou incomodada. Tem que saber que o local é propício para isso. É só ter atenção e ser firme quando precisar".
Largo do Pelourinho é um dos locais mais movimentados do bairro
Ideias criativas e o efeito Michael JacksonSubindo e descendo as ladeiras, por todos os lados, o que sobra entre os comerciantes é bom humor e criatividade. Uma das iniciativas tomadas pelos proprietários do JeK Restaurante foi oferecer o serviço de música ao vivo. "Durante o ano todo, colocamos a música aqui até às 0h. Sempre atrai a atenção e é algo de diferente para quem circula por aqui", conta Ana Paula de Jesus, uma das sócias do estabelecimento. Segundo ela, isso fortalece até mesmo as demais atividades do Pelourinho: "Cobramos um couvert barato, de R$3 reais, há seis anos as pessoas vem, passaram a se fidelizar e elogiar a iniciativa. Acaba movimentando a vida toda porque vem o pessoal que vende artesanato, amendoim, enfim", diz. No Largo do Pelourinho, conhecido pela Fundação Casa de Jorge Amado e pela Igreja do Rosário dos Pretos, os comerciantes ainda usufruem da fama local deixada pelo clipe do astro pop Michael Jackson. A iniciativa mais criativa para incrementar a renda da loja foi tomada pelo vendedor Carlos Alberto. Por R$2, qualquer turista pode ter acesso à sacada onde Michael dançou alguns passos da música "They don't care about us". "Muitos já chegam aqui chorando, emocionados de estar no lugar onde ele gravou um dos vídeos mais fortes da carreira. Aí, tive a ideia de oferecer o espaço para a foto no mesmo local onde ele dançou. O cliente pode subir e tirar foto comprando qualquer coisa acima de R$2 ou pagar pelo valor e não levar nada. Mas sempre acabam comprando", conta.
Loja dedicada a Michael Jackson tem atraído fãs do mundo inteiro
As prateleiras são uma tentação para os fãs. Além de blocos, canetas, camisetas, discos e o que se pode imaginar de artefatos do ídolo, Carlos Augusto tem reunido fotos inéditas dos dois dias de gravação do clipe. "É um material raro. Vou buscando pessoas que tenham as fotos e vou adquirindo. Coloco para expor e revendo. Enquanto durar essa paixão por ele, o negócio vai bem", finaliza.

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