A dez dias do primeiro turno da eleição, mais da metade dos eleitores (53%) admite que ainda pode mudar seu voto à Presidência no primeiro turno: cerca de 78 milhões de pessoas. Segundo a pesquisa Ibope/CNI divulgada nesta quarta-feira, a certeza do voto aumenta conforme sobem a renda e a idade. A possibilidade de mudança de voto é maior entre as mulheres e os mais jovens. São também os votantes de escolaridade da 5ª à 8ª série do Ensino Fundamental e do Ensino Médio os mais propensos a alterar a decisão. As escolhas menos convictas estão na região Norte/Centro-Oeste, na faixa dos eleitores que ganham mais de um até dois salários-mínimos e na periferia. No Sudeste, permanecem em disputa 52% dos votos - mais de 33 milhões de pessoas a convencer.
Os atuais apoiadores de Marina Silva (Rede) e de Geraldo Alckmin (PSDB) são os mais propensos a mudar de ideia. Segundo a pesquisa, do total de eleitores, 18% têm decisão firme de candidato, mas podem reavaliá-la conforme o decorrer da campanha. Outros 18% consideram que a opção declarada é apenas "escolha do momento" e 17% dizem ser mera "preferência inicial". Os presidenciáveis que sonham em reverter o cenário de segundo turno — previsto, no momento, entre Jair Bolsonaro (PSL) e Fernando Haddad (PT) — têm o desafio de converter os não-convictos dos rivais e fidelizar os seus próprios.
O Ibope/CNI estima que 55% do eleitorado feminino não tem candidato absolutamente definido. Uma em cada cinco delas revela ter apenas "escolha do momento" (20%) e 18% possuem mera "preferência inicial". Entre os homens, o percentual de não-convictos é de 49% - 19% têm decisão firme, mas sujeita a mudanças. O número de eleitores sem escolha convicta pode ser ainda maior se considerados os entrevistados que não sabem ou não responderam sobre a certeza de sua tendência de voto (5%).
De acordo com o levantamento, 65% dos eleitores de 16 a 24 anos admitem que pode mudar de voto. Neste segmento, 23% partem de uma decisão firme e 42% guardam ainda uma "escolha de momento" ou "preferência inicial". O percentual de convicção aumenta conforme a faixa etária sobe. Metade dos votantes de 35 a 44 anos não escolheram candidato de vez. Já os de 55 anos ou mais são os mais decididos: apenas 42% dizem estar suscetíveis a mudanças de opinião na campanha.
Quanto à escolaridade, a volatilidade do voto é maior nos eleitores letrados de 5ª a 8ª série e no Ensino Médio - nos dois segmentos, 54% revelam possível mudança de apoio eleitoral. Nos votantes que estudaram até a 4ª série, os mais convictos, 48% admitem que ainda podem alterar seu candidato. Pouco mais da metade dos com Ensino Superior diz o mesmo (51%).
SUDESTE TEM 52% DOS VOTOS EM DISPUTA
A região Sul abriga o maior percentual de eleitores que não mudarão "de jeito nenhum" seu voto. Lá, 49% ainda podem ser convertidos - 15% têm "decisão firme" e 19% declaram uma "escolha de momento", diz o Ibope/CNI. No Sudeste - onde ficam os três maiores colégios eleitores do país, São Paulo, Minas Gerais e Rio (juntos, 41,5% do eleitorado brasileiro, fora o Espírito Santo) - a proporção de não-convictos corresponde a 52%. Nesta região, 19% revelam decisão firme, mas 17% dizem ter apenas "preferência inicial".
No Nordeste, são 53% os eleitores sem voto definitivo. A maior parte desses não-convictos destaca que, até agora, seu candidato é "escolha do momento" (19%). Proporcionalmente, a região de pesquisa do Ibope/CNI que abriga mais eleitores suscetíveis a mudança é a Norte/Centro-Oeste. Lá, 56% ainda podem mudar a escolha - neste estrato, 38% citaram ter "escolha do momento" e "preferência inicial".
A convicção também sobe conforme a renda aumenta, revela o levantamento. Metade dos eleitores que ganham mais de cinco salários-mínimos diz que pode mudar de ideia, assim como 53% dos que recebem de dois a cinco salários. Um a cada cinco dos votantes que vivem com até um salário-mínimo tem apenas "escolha do momento" - ao total, são 54% não-convictos neste estrato. Os eleitores com opção de momento e "preferência inicial" representam 38% dos brasileiros que ganham de um a dois salários. Nesta faixa, proporcionalmente a de voto mais volátil, 55% admitem que podem mudar de candidato.
Nas capitais, 20% dos eleitores têm decisão firme, mas ainda podem se converter em favor de outro postulante à Presidência. Há 53% de não-convictos nestas cidades. Já na periferia, o percentual oscila para 54%. Nestas áreas, 22% têm "escolha do momento". No interior, por sua vez, a volatilidade do voto corresponde a 52% do eleitorado.
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MARINA E ALCKMIN TÊM ELEITOR MAIS VOLÁTIL
Além de tentar convencer o atual eleitor do adversário a desistir da primeira escolha e engrossar sua votação no primeiro turno, os candidatos têm o desafio de fidelizar os seus apoiadores do momento. Marina Silva (Rede) é a concorrente ao Executivo federal que tem mais volatilidade entre os seus - 76% dos que hoje declaram apoio à ex-senadora admitem que ainda podem mudar de ideia. Dos votantes, 23% têm decisão firme, porém alterável. Ela é a "preferência inicial" de 30% de seus apoiadores.
Detentor do maior tempo de televisão e rádio e da maior coligação da campanha presidencial, Geraldo Alckmin (PSDB) corre "risco" semelhante. Sete em cada dez eleitores que declaram apoio ao tucano no momento dizem que podem trocar de candidato - destes, dois dizem ter "decisão firme", mas contornável. Para 28%, o ex-governador de São Paulo é "escolha do momento" e para 22%, "preferência inicial".
O terceiro colocado nas pesquisas de intenção de voto, Ciro Gomes (PDT) precisa trabalhar para manter 62% de seu apoio - percentual que ainda admite reavaliar a opção. O pedetista é a "escolha do momento" para 23% de seu eleitorado e "preferência inicial" de 19%. Um a cada cinco apoiadores do ex-governador do Ceará revela ter firmeza e não convicção no voto.
Líder das pesquisas, o candidato do PSL Jair Bolsonaro goza do maior percentual de eleitores convictos entre os presidenciáveis (55% de seus apoiadores). Ainda assim, 42% dos que declaram voto no deputado federal ainda podem ser convencidos por um adversário. Dos atuais votantes no capitão, 17% têm decisão firme e 13% o veem como "escolha do momento".
Com 49% de seu eleitorado convicto, Fernando Haddad (PT) precisa fidelizar ainda 48% de seus apoiadores. Segundo o Ibope, o petista é "escolha do momento" para 15% dos que declaram voto nele e "preferência inicial" de 16%. Outros 17% revelam ter firmeza - mas ainda não certeza - na escolha do ex-prefeito de São Paulo.
A pesquisa ouviu 2 mil pessoas nos dias 22, 23 e 24 de setembro, em126 municípios. Na última segunda-feira, o mesmo instituto divulgou uma outra pesquisa, contratada pela TV Globo, em que 2.506 pessoas foram ouvidas entre os dias 22 e 23 de setembro.
O levantamento foi registrado no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) com o número BR-04669/2018. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou para menos, e o índice de confiança é de 95%.
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Redação iBahia
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