O governador da Bahia voltou a falar nesta terça-feira (26) sobre as operações que têm acontecido contra a onda de violência que atinge o estado. Jerônimo Rodrigues pontuou que as ações têm sido deflagradas com firmeza, mas que não há a intenção de causar mortes.
"Não há ordem nenhuma nossa de buscar cadáver nem de criminosos, muito menos de pessoas inocentes ou profissionais da segurança pública, mas nós cominamos em um plano de ação, onde a inteligência vem atuando com muita firmeza".
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Segundo Jerônimo, para além de Salvador, onde os casos mais recentes aconteceram, a polícia também tem focado no interior do estado. Em alinhamento com especialistas, o governador ponderou que as situações que vêm acontecendo são fruto da migração de facções criminosas para a Bahia.
"Nós estamos padecendo de uma situação onde as facções resolvem ocupar territórios para além dos espaços que normalmente eles já fazem. Escolheram a Bahia, mas encontraram resistência".
As declarações foram dadas durante coletiva de imprensa em Brasília, onde Jerônimo cumpre agenda. Somente na segunda-feira (25), ele teve encontros com o ministro da Casa Civil e ex-governador do estado, Rui Costa, e com o ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino.
Durante a entrevista, Jerônimo também ressaltou a importância do diálogo com as autoridades nacionais para alinhar as ações e investimentos no combate à criminalidade.
"Nós que temos um plano de ação intenso em parceria com a Polícia Civil e a Polícia Militar, e, desde o início do ano, que a gente vem fazendo uma parceria muito forte com a Polícia Federal. Nesse sentido, a gente equipou as nossas polícias com viaturas, com armamentos... é claro que eu não gostaria de estar colocando investimentos em armas, eu gostaria de estar colocando em educação, em escola, em cultura, mas é preciso que a gente prepare a polícia para esse tipo de enfrentamento".
O governador apontou reduções gradativas nos últimos dias, desde que as ações foram intensificadas no estado, e comemorou os resultados.
"Nós tivemos, nessas últimas duas semanas, a redução gradativa, mas me chama atenção para que a gente possa continuar atentos. E nós teremos nesta quarta e quinta-feira reuniões específicas para a gente fazer uma avaliação dos números das operações, mas também garantir que a gente possa dar um salto naquilo que a gente já vem fazendo".
Ainda na coletiva, Jerônimo voltou a negar que haja necessidade de uma intervenção federal na Bahia.
"Qualquer gestor tem que ter a consciência de que quando precisa tem que pedir ajuda. Nós pedimos ajuda ao Governo Federal nas operações desde janeiro, mas isso não é o conceito de intervenção. E, para os resultados que nós avaliamos ontem com o ministro Dino, nós continuamos sem necessidade de qualquer intervenção maior, mas a parceria continua. Nós temos equipamentos, automóveis blindados, nós temos a plena certeza de que vamos conseguir sair dessa"
Ministros cientes e preocupados
Em entrevista dada na manhã desta terça-feira (26), Rui Costa falou sobre a situação da segurança pública na Bahia e no Brasil. No debate, o gestor destacou a morte do policial federal Lucas Caribé, durante confronto entre policiais e grupos criminosos em Valéria, e analisou o cenário como uma "guerra aberta".
"Policial Federal morto na Bahia teve tiro na cabeça, no olho. Foi um tiro de precisão, de gente que está sendo treinada por treinamento militar para o confronto de quase uma guerra aberta nas ruas das capitais brasileiras e das principais cidades. Então é preciso planejamento", afirmou Rui Costa.
Assim como pontuou Marcelo Werner, secretário de Segurança Pública da Bahia em entrevista à TV Bahia, Rui Costa também frisou a questão das armas pesadas e o poder bélico nas mãos de grupos criminosos em todo o país.
"Eu estou falando de armamento de guerra que estão nas áreas urbanas das nossas capitais. É muito preocupante vídeos como aqueles que a imprensa divulgou ontem de criminosos fazendo treinamento militar", avaliou.
Outro ponto falado pelo ministro durante a discussão foi a importância de ações conjuntas entre forças policiais municipais, estaduais e federais, com o objetivo de monitorar a chegada de armamento no Brasil e combater a violência.
"Isso tudo precisa um esforço conjunto, uma união das forças, sejam elas estaduais, municipais também. Nesse momento, é preciso, inclusive, enxergar o papel das guardas municipais e também das forças federais, das forças armadas, da Polícia Rodoviária Federal, da Polícia Federal, para que juntos possamos fazer esse esforço coletivo, e entre outras coisas, monitorar a chegada desse armamento pesado", afirmou.
Rui Costa confirmou que uma reunião entre o Ministro da Defesa, o ministro Flávio Dino e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) está prevista para acontecer nesta terça-feira, pra discutir temas voltados à segurança e definir estratégias e planejamento para contenção desse armamento pesado.
Segundo Rui Costa, esse planejamento será feito pelos especialistas da Polícia Federal e das forças armadas das polícias estaduais para o projeto conjunto.
Ainda na segunda-feira (25), o ministro confirmou que o Governo Federal pretende criar uma política conjunta entre as Forças Armadas e Polícia Federal para combater a presença de fuzis e outras armas pesadas no Brasil.
Já o ministro Flávio Dino afirmou, em reunião com Jerônimo Rodrigues na segunda-feira, que as operações conjuntas como essas serão intensificadas no estado.
"A Polícia Federal já está atuando em parceria com a Bahia há várias semanas, com operações integradas, e agora essa aliança está entrando numa nova fase. Nós vamos intensificar essas operações conjuntas”, disse o ministro.
Blindados
Na última semana, três viaturas blindadas da Polícia Federal chegaram a Salvador. Os veículos serão utilizados para reforçar o combate a violência no estado. O envio dos veículos, que são utilizados por outras superintendências regionais, estava na programação da instituição.
"As viaturas estavam definidas para reforçar o nosso trabalho. Não se trata de uma medida nova. Outros estados têm os seus blindados e, agora, a Bahia está sendo contemplada", explicou o Superintendente Regional da PF na Bahia, Flávio Albergaria.
Em entrevista exclusiva a TV Bahia na terça-feira (19), o superintendente explicou que os veículos serão utilizados em operações, ajudando no escopo de atuação integrada da FICCO, com as polícias Civil e Militar, além de reforçar a atuação contra grupos criminosos em toda a Bahia.
Com o reforço, a PF baiana passa a atuar com cinco veículos blindados nas operações da força-tarefa de segurança no combate ao crime organizado. A força de segurança que reúne PF e polícias Civil e Militar está atuando com 400 homens.
Redação iBahia
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