Pesquisadores encontraram fragmentos de RNA (ácido ribonucleico) do vírus da zika em mosquitos "primos" do Aedes aegypti coletados no Brasil, levantando a preocupação de que outras espécies possam transmitir a doença.
Os testes foram feitos com mosquitos Aedes albopictus, que também são capazes de transmitir a dengue. Esses mosquitos, aliás, ganharam o apelido de "tigres asiáticos" porque são os responsáveis por surtos da doença na Ásia — em regiões onde não existe o Aedes aegypti. No entanto, até então, não havia indícios de que o mosquito pudesse carregar o vírus da zika.
A pesquisa não conclui que o mosquito tigre asiático pode transmitir zika aos seres humanos, mas destaca a necessidade de uma investigação mais aprofundada sobre novos vetores para o vírus que se espalhou rapidamente pelas Américas desde 2015. É o que afirma Chelsea Smartt, professora associada do Laboratório de Entomologia da Universidade da Flórida e principal autora do estudo a ser publicado esta semana na "Entomological Society of America's Journal of Medical Entomology".
— Nossos resultados significam que o Aedes albopictus pode ter um papel na transmissão do vírus da zika e deve ser motivo de preocupação para a saúde pública — ressalta ela. — Este mosquito é encontrado em todo o mundo e tem uma grande variedade de hospedeiros. O papel deste mosquito na transmissão do vírus da zika precisa ser avaliado.
Chelsea e uma equipe internacional de pesquisadores coletaram mosquitos em residências no Brasil e incubaram ovos no laboratório. Mosquitos Aedes albopictus machos testarm positivo para RNA de zika, o que significa que as fêmeas coletadas tinham entrado em contato com a zika e passaram fragmentos do vírus para os seus descendentes. Ainda não está claro, entretanto, se isso quer dizer que esse mosquito pode "transmitir verticalmente" o vírus da zika, dos pais para a prole.
— Como detectamos fragmentos de RNA de zika sem encontrar o vírus da zika vivo, pode ser que a mãe não tenha sido capaz de transferir o vírus vivo para seus ovos — explica a pesquisadora da Flórida.
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Redação iBahia
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