Existem hoje dez vezes mais crianças e adolescentes obesos no mundo do que existiam há quatro décadas. É o que mostra um novo estudo liderado pelo Imperial College de Londres e pela Organização Mundial de Saúde (OMS), divulgado na noite desta terça-feira.
Entre 1975 e 2016, o índice de obesos passou de 0,7% para 5,6% entre as meninas, e 0,9% e 7,8% entre meninos. A faixa etária estudada foi de 5 a 19 anos de idade. No total, o número de obesos na infância e na adolescência saltou de 11 milhões para 124 milhões, nesse período. Outros 213 milhões estão com excesso de peso, mas ainda não são considerados obesos.
— Nas últimas quatro décadas, as taxas de obesidade em crianças e adolescentes aumentaram em nível mundial e continuam a fazê-lo em países de baixa e média renda. Mais recentemente, esse índice tem estabilizado em países de maior renda, embora os níveis de obesidade permaneçam inaceitavelmente altos — destacou o autor principal do estudo Majid Ezzati, da Escola de Saúde Pública do Imperial College de Londres.
De acordo com o relatório, publicado na revista internacional "The Lancet", se as tendências dos últimos anos continuarem, em 2022 haverá no mundo mais crianças e adolescentes com obesidade do que com desnutrição, abaixo do peso.
O relatório vem a público um dia antes do Dia Mundial da Obesidade, lembrado em 11 de outubro. Para realizar a pesquisa, foram avaliadas quase 130 milhões de pessoas de 200 países. Destas, 31,5 milhões têm entre 5 e 19 anos de idade, e 97,4 milhões, mais de 20 anos. Este é o maior número de participantes já envolvidos em um estudo epidemiológico.
— Essas tendências preocupantes refletem o impacto do marketing de alimentos em todo o mundo, com alimentos nutritivos saudáveis sendo muito caros para famílias pobres — lamenta Ezzati.
Veja como é feito cálculo
Para adultos, o sobrepeso é diagnosticado quando o índice de Massa Corporal (IMC) está entre 25 e 30, e a obesidade existe quando o IMC passa dos 30. No entanto, para avaliar o peso de crianças e adolescentes não se pode usar essa ferramenta, porque eles ainda estão em fase de desenvolvimento.
Por isso, a OMS tem uma ferramenta técnica chamada de curva de crescimento, que monitora o peso e a altura entre 0 e 19 anos de idade.
— Como as crianças estão em fase de crescimento, não há um índice fixo para identificar os pontos de corte de sobrepeso e obesidade, como no caso dos adultos em que um IMC acima de 25 caracteriza a doença. Então, é preciso medir altura e peso da criança para, depois, por meio das curvas, classificarmos a condição como magreza acentuada, magreza, eutrofia, sobrepeso, obesidade ou obesidade grave — explica Maria Julia Miele, nutricionista materno-infantil da plataforma Doctoralia.
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Redação iBahia
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