Funga, tosse, espirra: basta começar o Outono, período em que a temperatura cai e a incidência de ventos e chuva aumenta, para que também se multipliquem os casos de doenças respiratórias e alérgicas. Mas, em Salvador, que mantém temperaturas altas até no Inverno, para além da variação do clima e da umidade, o maior número de pessoas doentes é consequência, também, de descuidos e de comportamentos comuns ao período chuvoso.
Segundo a médica alergista e imunologista Maria Cecília Freitas de Almeida, presidente da Associação Brasileira de Alergia e Imunologia da Regional Bahia (Asbai-BA), nessa época do ano, as pessoas tendem a se aglomerar em espaços fechados, sem circulação de ar, como ônibus e shoppings, o que favorece a contaminação. Além disso, o aumento da chuva provoca o crescimento de mofo na parede de casa que tem infiltração, deixando os alérgicos mais vulneráveis.
Com a universitária Pavllover Valadares, 27 anos, é o que acontece nesse período, quando suas crises alérgicas se tornam mais frequentes. “Costumo ter sinusite logo quando o tempo vira, principalmente quando tenho contato com poeira e mofo”. Ela conta que está doente desde o final de março, quando começou a tossir. Em abril, seu quadro piorou e chegou a ser diagnosticada com virose. Fez o uso de xarope, mas continuou mal.
Na semana passada, depois de sentir dores no corpo, febre e fraqueza, a estudante buscou um centro médico e teve que tomar soro e ficar em observação por duas horas. Diagnóstico: contraiu uma gripe. A mudança do clima e o contato com a poeira, somada à baixa imunidade devido à crise de tosse alérgica, facilitaram a entrada da doença.
Para a médica Maria Cecília, a gripe também pode ser porta de entrada para outras complicações respiratórias. Ela alerta que tomar chuva e ficar com as roupas molhadas, manter a casa fechada sem ventilação e com acúmulo de poeira, além do choque térmico, enfraquecem o organismo. “Salvador tem um clima instável, chove de repente e depois fica com sol. Isso expõe o corpo a diferentes temperaturas durante o dia”, explica. Esta imprevisibilidade pega as pessoas desprevenidas.
Doenças e prevenções
De acordo com a médica pneumologista Maristela Rodrigues Sestelo, as enfermidades respiratórias infecciosas, alérgicas e inflamatórias mais comuns nesta época do ano são gripe, resfriado, rinite, sinusite, asma, bronquite, faringite, amigdalite, otite e pneumonia.
Para se prevenir e evitar quadros de crise alérgica ou o contágio de qualquer tipo de complicação respiratória típica do Outono e Inverno, Maristela orienta que o primeiro passo é manter uma vida saudável. “Se alimentar bem, fazer atividade física, dormir direito, não fumar e beber bastante água são hábitos essenciais para a manutenção do sistema imunológico”.
Outra orientação da pneumologista é evitar a ingestão excessiva de bebidas alcoólicas, que debilitam a imunidade. Além do álcool, o choque térmico é outro inimigo, reforça. “Sair da quentura da rua para um ambiente com ar-condicionado, ou se molhar e ficar no ar, por exemplo, debilita as vias respiratórias, que sofrem com as variações do ambiente”.
Para evitar essa variação térmica, Maristela orienta a sempre sair de casa prevenido: com uma roupa fresca, caso fique calor, e com casaco e guarda-chuva em mãos. Afinal, nunca se sabe quando pode chover na cidade.
Para os alérgicos, lavar as narinas com soro fisiológico, manter o local onde dorme livre de poeira e de pelos de animais, não dormir de cabelo molhado, além de evitar o uso do ventilador, são pequenos passos para ficar longe das crises.
Antes de qualquer cuidado, no entanto, a imunologista Maria Cecília faz o alerta sobre a necessidade de se vacinar: “A gripe é a porta de entrada para outras doenças respiratórias mais graves, como a pneumonia, que pode até matar. Por isso, a vacinação contra a gripe é fundamental para a prevenção”, recomenda.
Enfermidades mais comuns no outono e inverno
Gripe Dores na garganta e no corpo, mal-estar, moleza, febre alta, aumento da secreção nasal e catarro amarelado são alguns dos sintomas da gripe, que, se não tratada adequadamente, pode avançar para uma pneumonia.
Resfriado Constantemente confundido com a gripe, o resfriado é um quadro viral mais brando. Os sintomas são coriza, nariz entupido, febre baixa, lacrimejamento dos olhos, secreção e catarro esbranquiçado.
Rinite alérgica Os sintomas são nariz entupido, coriza, lacrimejamento dos olhos, coceira no nariz e espirros.
Sinusite Infecção bacteriana, viral ou fúngica, a sinusite também pode ser desencadeada pelo agravamento de uma rinite. Os sintomas gerais são dores de cabeça, sensação de peso no rosto, nariz entupido, catarro amarelado ou esverdeado e mal-estar. Sua complicação pode provocar uma otite.
Otite A otite é uma infecção de ouvido que pode ser desencadeada por sinusite ou rinite. Os sintomas podem ser febre, dores de cabeça e no ouvido e até tontura. Em casos extremos, pode ocorrer a ruptura do tímpano e saída de secreção pelo ouvido.
Faringite Mais frequente em pessoas que já removeram as amígdalas, os sintomas gerais da faringite são dor na garganta, tosse seca e rouquidão.
Amigdalite A amigdalite é a inflamação das amígdalas. Dificuldade para engolir, febre, dor na garganta, tosse seca e dor na região exterior do pescoço são alguns dos seus sintomas.
Asma É uma doença de manifestação alérgica. Quem sofre de asma pode sentir falta de ar, tosse seca e chiado no peito.
Bronquite aguda É a inflamação dos brônquios, causada por um vírus ou por bactéria. Os sintomas são tosse, secreção mais espessa com catarro amarelado ou esverdeado e dor no peito.
Pneumonia É uma infecção bacteriana que atinge os pulmões e pode decorrer de complicações da gripe. Dores no tórax e no corpo, tosse seca com catarro, febre alta, moleza no corpo, mal-estar, cansaço, e até falta de ar podem ser manifestações da enfermidade.
Saiba como se prevenir
Vida saudável Para a manutenção do sistema imunológico, mantenha hábitos saudáveis, como uma alimentação equilibrada e a prática de atividade física. Beba muita água e durma bem.
Poeira e mofo Limpe a casa diariamente e o filtro do ar-condicionado periodicamente. Cuide de infiltrações, que propiciam o aparecimento de mofo e fungos. Evite almofadas, bichos de pelúcia e cortinas de tecido, que acumulam poeira. Mantenha a casa ventilada.
Aglomerações Evite aglomerações em espaços fechados sem a circulação de ar.Essa convivência facilita a contaminação.
Narinas Diariamente, lave o nariz com soro fisiológico. Assim como escovar os dentes, com a poluição do ar, é importante limpar as narinas.
Entenda o porquê do aumento de casos de doenças respiratórias e alérgicas nessa época do ano
Aglomeração em espaços fechados Durante o período de chuva, as pessoas costumam frequentar locais fechados, como shoppings. A aglomeração de pessoas em um espaço favorece a contaminação de doenças respiratórias, principalmente as de origem viral, como a gripe.
Infiltrações Nessa época chuvosa, muitas casas acabam absorvendo a água da chuva e as paredes ficam úmidas e podem ter infiltrações, ambiente propício para o crescimento de mofo e de fungos.
Variação do clima Com um clima instável, Salvador pode amanhecer com sol e chover no final do dia ou vice-versa, expondo o corpo a diferentes temperaturas. Esta imprevisibilidade pega as pessoas desprevenidas, que podem ficar com as roupas molhadas da chuva, por exemplo.
Mofo e fungos Casa fechada e sem ventilação é ambiente propício para o acúmulo de poeira e mofo.
Choque térmico Sair da quentura da rua para um ambiente com ar-condicionado, por exemplo, debilita as vias respiratórias, que sofrem com as variações do ambiente.
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Redação iBahia
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