A chegada do verão traz, além de dias de sol e anoitecer tardio, a presença constante das muriçocas. Com o ciclo de reprodução acelerado durante a estação, o mosquito invade residências com a chegada da noite e é preciso ter cuidados para que não se torne um vetor transmissor de doenças.
Ao iBahia, Bianca Souza, coordenadora do Setor de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos da Secretaria Municipal de Saúde (SMS), explicou que as muriçocas podem ser agentes patogênicos causadores de doenças ao homem, como Febre do Nilo Ocidental e dirofilariose.
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Segundo o Ministério da Saúde, a Febre do Nilo Ocidental (FNO) é uma infecção viral causada por um arbovírus (mosquito). Quando o mosquito infectado pica um ser humano isso pode causar sintomas como febre aguda, dor nos olhos, dor de cabeça, vômito, podendo chegar a quadros de doença neurológica severa.
Já a dirofilariose pode afetar também os animais de casa. Caso o mosquito esteja infectado com as larvas da doença, humanos e bichos podem desenvolver doenças respiratórias e cardíacas.
Segundo a coordenadora, apesar de não existirem registros das doenças no sistema de notificação do município, um esquema de vigilância vem sendo organizado para combater a Culex quinquefasciatus, como é conhecida a espécie da muriçoca em termos científicos.
"O Centro de Controle de Zoonoses através do Setor de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos estruturou no município de Salvador a vigilância do Culex quinquefasciatus, devido a sua importância como vetor potencial de agentes patogênicos causadores de doenças no homem, com destaque para a Febre do Nilo Ocidental, diante da possível introdução desse vírus na Bahia", contou ao iBahia.
Ainda de acordo com Bianca Souza, o esquema tem três objetivos principais:
- reduzir o número de mosquitos, a partir da eliminação das larvas nos criadouros conhecidos, bem como, a redução da população de insetos adultos através da aplicação de inseticida (termonebulização);
- detectar, mapear e controlar eventuais novos criadouros (canais, charcos, valas, etc.) responsáveis por problemas localizados;
- obter um impacto inicial com redução de Culex quinquefasciatus e, consequentemente, a redução do incômodo causado aos munícipes por esses insetos (muriçocas).
Locais com maior incidência e prevenção
Segundo a Secretaria, áreas urbanas onde existem falhas nos sistemas de esgoto, drenagem e descarte incorreto de livro contribuem para proliferação do Culex quinquefasciatus.
Essa combinação é somada ao comportamento do mosquito. Um levantamento feito pela Fiocruz indica que as muriçocas se comportam de maneira diferente quando condicionadas a luz e calor. Durante a manhã e tarde, a atividade é reduzida, já no período da noite os mosquitos têm atuação maior.
Por causa disso, moradores colocam fogo na vegetação com o objetivo de tentar reduzir a presença dos mosquitos. A prática é desaconselhada pela Secretaria Municipal de Saúde, além de não ter comprovação da eficácia e ocasionar outros problemas.
"Não é aconselhável, pois pode-se provocar incêndio descontrolado. Vale ressaltar que muitas áreas do município são áreas de preservação ambiental", salientou a coordenadora.
Entre as formas de combate recomendadas pelo órgão e que são possíveis de serem feitas em casa estão:
- descartar o lixo de forma correta;
- colocar telas nas janelas.
Por fim, a coordenadora do Setor de Controle de Vetores e Animais Peçonhentos da SMS disse que a aplicação de larvicida e inseticida não devem ser consideradas as únicas opções para controle de infestação de mosquitos em uma determinada área, já que o aumento de infestação pode ser determinado por múltiplos fatores.
"É necessário então se considerar as condições ambientais e de saneamento da localidade, as espécies de mosquito existentes, além de se identificar os fatores favoráveis à proliferação de mosquitos para que se possa eliminar ou reduzir estes fatores adequadamente, quando possível", finaliza.
Nathália Amorim
Nathália Amorim
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