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Ele é conhecido como oxibenzona e é um vilão para a saúde da pele humana. O benzophenone-3, ingrediente proibido em outros países, é utilizado na composição de alguns protetores solar nacionais. De acordo com dados da pesquisa realizada pela Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste), essa substância pode entrar na circulação sanguínea e ser potencialmente cancerígena. A pesquisa foi feita em 2009 e, de acordo com a Proteste, apenas duas (Solar Expertise Cenoura e Bronze e Anthelios) das dez marcas analisadas são eficazes e não possuem o item. Além do benzophenone-3 na fórmula, dos protetores que circulam pelos mercados e farmácias brasileiras quatro produtos têm proteção baixa demais, uns não resistem à água, outros ao calor e alguns custam mais que o dobro de outros. Segundo a médica dermatologista Juliana Dumêt, de Salvador, a metodologia aplicada na pesquisa pela Proteste não foi aprovada pela Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD) e, por isso, os dermatologistas associados não levaram adiante as recomendações. Mesmo assim, a Proteste reivindica pela obrigatoriedade de testes de fotoestabilidade e a proibição da substância benzophenone-3. O pedido se estende também à obrigatoriedade do fator UVA ser no mínimo um terço do FPS do produto, assim como ocorre na Europa, e que ele seja indicado no rótulo. E neste ponto quem também chama a atenção é a dermatologista Juliana Dumêt. Segundo ela, nem todos os produtos possuem proteção contra os raios UVA. “Antigamente nem existia proteção para esses raios. Eles são medidos de outra forma. Você não vai ver, por exemplo, FPS 30 e a mesma quantidade para UVA, normalmente essa medida diz respeito a UVB. Para UVA, o índice de proteção que se usa é o PPD e normalmente é um número mais baixo”, diz. A indicação é através de estrelas e tem por objetivo auxiliar o consumidor a identificar o nível de proteção UVA relativo à proteção UVB oferecida pelo produto através de escala de uma a quatro estrelas, como explica a técnica da Proteste Marina Jakubowskia. “A proteção contra os raios UVA é representada por uma estrela; duas estrelas representam média proteção; três, alta proteção; e quarto, máxima proteção disponível”. Ainda segundo ela, a maioria dos produtos apenas menciona ter proteção UVA, mas não especifica o fator. Pesquisa – A Associação Brasileira de Defesa do Consumidor (Proteste) testou, em 2009, marcas de protetores de FPS 30 loção e descobriu que oito delas falham na eficácia. De acordo com essa pesquisa, apenas os produtos L’Oréal Solar Expertise Cenoura & Bronze e Natura indicam o fator de proteção UVA. A maioria dos protetores possuem um ingrediente potencialmente cancerígeno e os únicos que não têm esse ingrediente são o L’Oréal, o Cenoura & Bronze e o Helioblock. Em agosto de 2010, foi colocada em consulta pública a revisão do "Regulamento Técnico Mercosul Sobre Protetores Solares em Cosméticos", levando em consideração a proteção contra os raios UVA e o fator de proteção UVB com mínimo de 6. De acordo com Marina, o regulamento já passou pela consulta pública e agora está sendo revisto e aguardando aprovação. Nenhuma alteração foi realizada quanto à do ingrediente benzophenone-3. Clique aqui e entenda mais sobre a pesquisa. Confira as dez marcas analisadas pela Proteste
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Fonte: Proteste / Dez 2009
Juliana Dumêt, dermatologista, tira dúvida sobre protetor solar. Confira entrevista na íntegra:
iBahia - Qual a diferença entre os raios UVA e UVB? É preciso levar isso em consideração na hora de comprar o protetor solar? Juliana Dumêt - Tem que levar em consideração sim. Hoje em dia os melhores protetores vêm com proteção contra UVA e UVB. Os raios UVB são responsáveis pela vermelhidão da pele. A maioria dos protetores eram apenas para proteção UVB, depois de um tempo, como estudiosos perceberam que a luz UVA era muito prejudicial para a pele. Os raios UVA são responsáveis pelo bronzeamento. Mas ao mesmo tempo é um dos indicadores, como mostram estudos, mais responsáveis pelo melanoma quando comparada ao UVB. A ação dos raios UVA é muito maléfica e só é percebida a longo prazo, diferente dos raios UVB que é mais imediato. Antigamente nem existia proteção para esses raios. Eles são medidos de outra forma. Você não vai ver, por exemplo, FPS 30 e a mesma quantidade para UVA, normalmente essa medida diz respeito a UVB. Para UVA o índice de proteção se usa é o PPD e normalmente é um número mais baixo.
iBahia - E quanto aos protetores comprados prontos e aqueles de fórmula feitos em farmácias de manipulação? O que diferencia uns dos outros? JD - A farmácia de manipulação pode até fazer um protetor solar eficaz, mas esse produto não passa pelo crivo da Sociedade Brasileira de Dermatologia (SBD). Sendo assim, não temos como garantir que a farmácia está fazendo como o dermatologista prescreveu. Preze pelas farmácias muito confiáveis para fazer um protetor solar manipulado e tem de ser com prescrição médica. Já os protetores que são vendidos prontos, é bom ter cuidado também. É melhor confiar em laboratórios que são aprovados e tem reconhecimento pela SBD, pois eles são testados, as substâncias que o compõem são estudadas e os resultados são analisados conforme reação antes e pós uso.
iBahia- O mesmo protetor usado no corpo pode ser usado no rosto também? JD - O rosto tem uma pele mais sensível e talvez alguns produtos específicos para o corpo acabam irritando o rosto. O protetor para o corpo tende a ser mais oleoso.
iBahia - Existe diferença entre produtos em aerosol, creme ou gel? JD - A única coisa que diferencia o veículo é a textura e a oleosidade. Quem já tem pele oleosa deve dar preferência aos produtos oil free, gel creme ou gel.
iBahia - Quais as recomendações para as crianças? JD - Um dos principais riscos de se ter câncer na idade adulta é o sol que se toma na infância. É preciso ter muito cuidado com a exposição solar para crianças. E ter um cuidado redobrado. Você não vê os danos do sol na pele da criança, só no futuro. Até os seis meses é bom evitar essa exposição da criança, pois, antes dessa idade os bloqueadores podem causar irritação na pele do bebê. A partir dos seis meses tem de repor o protetor de duas em duas horas, caso esteja na praia. Existem protetores específicos para crianças que possuem menos produtos químicos.