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SAÚDE

Terapia celular é ofertada pelo SUS no Hospital das Clínicas/Ufba

Célula-tronco tem o potencial de autorrenovação, o que possibilita a reconstrução de tecidos danificados

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24/11/2013 às 18:41 • Atualizada em 28/08/2022 às 3:29 - há XX semanas
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No ano em que Elvis Silva nasceu, a família perdeu uma filha para a anemia falciforme. A doença genética, que deixa a hemoglobina presente no sangue com formato de foice (as hemoglobinas sadias são arredondadas), impedindo que o sangue cumpra a função de oxigenar o organismo, começava também a ameaçar o recém-nascido, que apresentava olhos e pele amarelados, inchaço e dores constantes. A infância não foi fácil. Realizou incontáveis tratamentos, teve a vesícula retirada, venceu a pneumonia de repetição e, na adolescência, passou pelas dores e os constrangimentos do priapismo (uma ereção involuntária que não desaparece sozinha e pode ocasionar a perda da função do órgão), mas conseguiu fazer um transplante de medula óssea e superou a doença. Casos como o de Elvis estão reacendendo as esperanças dos mais de 200 mil portadores da doença em todo o país.
Elvis Silva (direita) e o médico Sérgio Espinosa (especialista em grávidas com DF) no lançamento do livro
Nesse final de semana, Salvador recebeu o VII Simpósio Brasileiro de Doença Falciforme, que discutiu as novidades nos tratamentos e as experiências de transplantes, que estão sendo realizadas em Ribeirão Preto (São Paulo) e no ambulatório Magalhães Neto, localizado no Complexo do Hospital das Clínicas, no Canela, em Salvador. “Há alguns anos, o portador de anemia falciforme tinha uma expectativa de vida curta, cerca de 18 anos em média, hoje há a possibilidade de cura”, comemora Elvis Silva, que é casado, tem um filho de 23 anos recém-formado em Direito e lançou, durante o evento, o livro Quatro Décadas de Lua Minguante, onde conta sua experiência de vida. A técnica de terapia celular realizada na Bahia é voltada, especificamente, para tratar os pacientes que sofrem com necroses ósseas, provocadas pela doença. Para o transplante, é retirada uma quantidade de célula-tronco do osso ilíaco (bacia), do paciente. O material é tratado, reparado e aplicado no local lesionado. De acordo com o pesquisador Gildásio Daltro, do grupo de pesquisas Terapias Celulares em Anemia Falciforme da Faculdade de Medicina da Universidade Federal da Bahia (Ufba), a técnica vem atendendo a cerca de 50 pacientes mês. “Em uma semana após o transplante, o paciente já sente os benefícios dessa terapia que alcança uma eficácia de 90%”, completa, lembrando que todo o processo é feito exclusivamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). A célula-tronco tem o potencial de autorrenovação, o que possibilita a reconstrução de tecidos danificados. Já o transplante de medula óssea, que acena com a possibilidade de cura efetiva, e é feito apenas em caráter experimental, esbarra na dificuldade de localização de doadores compatíveis. “Tive a sorte de ter um irmão que não possuía a doença, apenas o traço genético, que me permitiu realizar o transplante”, completa Elvis. Para Daltro, todas essas inovações tecnológicas são particularmente importantes porque, embora a anemia falciforme seja uma mutação genética da etnia negra, a miscigenação torna ela potencialmente preocupante para a população em geral. Dados do Programa Estadual de Triagem Neonatal mostram que Bahia, Minas Gerais e Rio de Janeiro são os estados com maior número de casos. Na Bahia, a incidência da DF é de um para cada 650 nascidos vivos, enquanto a do Traço Falciforme é de um para 17 bebês. No Rio de Janeiro, de cada 1.300 nascidos, um tem a DF. Em Minas Gerais, é na proporção de 1:1.400 com a doença. Com base nesses dados, calcula-se que nasçam, por ano, no país em torno de 3 mil crianças com doença falciforme e 180.000 portadores de traço. Enquanto as terapias avançam, é possível investir em prevenção e tratamento precoce por meio do aconselhamento genético para casais que querem filhos e o teste do pezinho feito no nascimento. Matéria original Correio 24h: Terapia celular é ofertada pelo SUS no Hospital das Clínicas/Ufba

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