O dentista suspeito de matar o metalúrgico Jacivaldo Pereira, durante uma briga de trânsito, foi preso na cidade de Feira de Santana, interior da Bahia. O crime aconteceu no dia 15 de novembro, na mesma cidade.

Segundo informações da Polícia Civil, Lucas Ferraz se apresentou na segunda-feira (27). "O advogado queria apresentá-lo diretamente para realização da audiência de custódia. Acredito que, na quinta-feira [23] houve um júri, a gente não podia [realizar o júri]. Na sexta-feira [24], tiveram várias audiências, então ficou combinado para nesta segunda-feira, ser realizada a audiência de custódia, como de fato foi feita", explicou o delegado de Homicídios, Gustavo Coutinho.
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Na semana passada, a Justiça já tinha decretado a prisão preventiva do suspeito. Lucas compareceu ao Fórum Desembargador Filinto Bastos, acompanhado do advogado Joari Wagner.

Após a audiência, o dentista foi para o Departamento de Polícia Técnica (DPT), onde fez o exame de corpo de delito e, em seguida, foi encaminhado para o presídio da região. Ele vai responder por homicídio qualificado, segundo o delegado Gustavo Coutinho.
"Nós temos um prazo de 10 dias para conclusão do inquérito policial. Nós vamos fazer um relatório e encaminhar para o Ministério Público Estadual"
"Então, o Ministério Público certamente vai denunciar e, uma vez acatada a denúncia, vai dar início a fase processual. Após a fase processual, se ele for sentenciado, ele vai a júri popular", detalhou o delegado.
Entenda o crime envolvendo o metalúrgico

O crime aconteceu no dia 15 de novembro e uma câmera de segurança filmou toda a ação. A vítima estava acompanhada das duas filhas, de 24 e 8 anos, e do neto, de 2 anos.
Nas imagens, é possível ver que o carro dirigido por Jacivaldo Pereira bate na parte traseira do veículo do suspeito. Mesmo sendo, aparentemente, uma batida leve, o suspeito sai do veículo bastante nervoso. Segundo familiares, ele já estava com uma arma de fogo nas mãos.
A vítima relatou que iria pagar o prejuízo. Mas, Lucas atirou contra ela. "A mulher que estava com ele [suspeito] segurou a mão dele e disse 'por favor, por favor'. Ele apontou a arma para o meu pai e eu e a minha irmã de oito anos gritamos: 'por favor, não atira no meu pai, ele vai pagar'. Ele atirou no pai e saiu friamente", afirmou Alana Costa, filha mais velha de Jacivaldo.
O metalúrgico chegou a ser socorrido para uma unidade de saúde, mas não resistiu. O corpo dele foi sepultado no dia 17 de novembro, sob forte comoção.
O que dizem a defesa do suspeito e a polícia
A defesa de Lucas Ferraz afirmou que ele estava a caminho de uma missa no momento do crime. Segundo o advogado Joari Wagner, o cliente só usou a arma de fogo porque Jacivaldo foi "para cima dele". A polícia informou que o suspeito não tinha porte de arma.
"Ele informa que a todo momento tentou afastar e que Jacivaldo estava visivelmente embriagado, alterado e exaltado. Ele tem plena consciência que as imagens das câmeras de segurança do local vão comprovar tudo isso", afirmou o advogado.
Ainda conforme o advogado, o cliente tentou atirar na perna de Jacivaldo para contê-lo, mas o disparo atingiu a região da cintura.
No entanto, de acordo com o delegado Gustavo Coutinho, Lucas teria mentido em depoimento ao dizer que a discussão com a vítima tinha demorado.

A ação, conforme detalhou Coutinho ao g1, durou cerca de um minuto e não justifica os tiros efetuados pelo dentista.
O delegado ainda informou que a arma foi adquirida de forma clandestina. O revólver foi apresentado na delegacia e será analisado em um exame de microcomparação balística para confirmar se foi a mesma usada no dia do crime.
Para o delegado, uma conversa poderia ter evitado o crime. "Nada justifica o autor ter ceifado a vida de um trabalhador. Uma pessoa de bem que estava com a família, filhas e um neto de 2 anos. Uma pessoa que não oferecia risco nenhum , disse o delegado.
A família do metalúrgico também contestou a versão do suspeito e testemunhas alegaram que o atirador estava sem camisa, o que indica que ele não estava a caminho de missa.
"Eu, quando vou à missa, levo minha Bíblia, não vou com arma na mão. Ele está mentindo", disse Alana Costa, filha mais velha de Jacivaldo.

Mayra Lopes
Mayra Lopes
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