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MÚSICA

Artistas investem até R$ 300 mil para ter a música do Carnaval

O investimento é feito desde a gravação do CD. Depois, tem a escolha da música de trabalho para a folia, parceria com rádios, trabalho em redes sociais, gravação de vídeos e divulgação em shows

• 16/02/2014 às 16:10 • Atualizada em 02/09/2022 às 3:41 - há XX semanas

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Música também é arte, mas na indústria do Axé é um negócio. A banda ou artista que emplacar a canção mais tocada no Carnaval terá como prêmio maior exposição midiática, mais shows contratados e cachês dobrados. Lepo Lepo, Molinho e Raiz de Todo o Bem são três músicas que disputam o título de maior sucesso da folia deste ano. São também três histórias que ajudam a entender o metiê Carnaval e as estratégias usadas para que o sucesso não seja, como muitos acreditam, apenas obra do acaso.
Sucesso da música Ziriguidum fez o grupo Filhos de Jorge dobrar o cachê de shows e os investimentos em videoclipe
O sucesso custa caro. Ao menos R$ 300 mil no caso de Lepo Lepo. A canção é defendida pela banda Psirico, personificado no cantor e compositor Márcio Victor. Ele, com a banda, já foi o campeão do Carnaval de 2008 com Mulher Brasileira (Toda Boa). E, há três anos, ganhou como compositor com Liga da Justiça (Foge Mulher Maravilha). Sua especialidade é o pagode com letras de conotação sexual e refrão repetitivo. Tem outro ponto forte, a interação com o “público do gueto”, a festejada nova classe média. Victor conta também com a estrutura de uma grande produtora. A Penta Eventos está no mercado baiano há 17 anos e tem em seu cast nomes como Alexandre Peixe, Kart Love e Duas Medidas. Empresariava a Rapazzola quando essa banda teve Coração escolhida com a música do Carnaval de 2005. Flávio Maron, um dos sócios da empresa, explica assim seu ofício: “Uma produtora é uma pequena gravadora, que tem de cuidar de todo o processo que envolve um artista, desde a gravação e divulgação do CD até a questão financeira”.Segundo declarou, a estimativa é que a transformação de Lepo Lepo na música do Carnaval tenha um custo de R$ 300 mil divididos em campanhas publicitárias, distribuição de CDS, promoções com rádios, viagens para turnês de apresentações em programas de TV de alcance nacional, participação em shows diversos, placas de outdoor, publicidade no mobiliário urbano, e talvez no aeroporto, e a gravação de dois vídeos promocionais. Maron advertiu, porém, que a música ainda está em pleno “trabalho”, e esse número pode subir até a Quarta-Feira de Cinzas. O resultado de todo esse investimento é imprevisível. Pelo sim pelo não, Maron ainda não abriu a agenda de shows do Psirico para o pós-Carnaval. O cachê atual da banda é de R$ 60 mil. Ao final das apresentações contratadas fica uma margem de aproximadamente 20%, divididos entre a Penta Eventos e Márcio Victor, sócios da banda. Outra fonte de receita é o percentual da venda de abadás dos blocos em que o Psirico é a atração principal.
Independente Uma das concorrentes de Lepo Lepo é Molinho, do grupo Filhos de Jorge. O mesmo que no anopassado emplacou Ziriguidum, uma versão para trio elétrico de uma canção cubana. Segundo o empresário do grupo, Wagner Miau, a aposta é pela produção independente, que tem como vantagem maior liberdade para compor e menor pressão de uma gravadora para dar retorno imediato. A desvantagem seria o tempo mais lento para se chegar ao grande público e menor retorno financeiro. Miau garantiu que não fez investimentos em Molinho, pois, segundo disse, a filosofia do Filhos de Jorge não é dar foco a apenas uma música, mas sim a todo o show da banda. Ou seja, o produto que eles vendem é o show, que inclui canções de Caetano, Djavan e Raça Negra que estão fora das rádios comerciais. A estratégia de venda compreende ainda uma campanha publicitária no início da temporada dos Ensaios (em dezembro) e o esperado boca a boca da audiência. “A verdade é que não temos tempo ou grana para outras ações de mídia”, falou. “Ainda assim, estamos com o Carnaval todo vendido”, concluiu. A promoção de Molinho envolveu, desde maio, o custo de R$ 6 mil para a produção e distribuição de 10 mil CDs por mês e de mais R$ 30 mil na gravação e edição de um videoclipe. O audiovisual de Ziriguidum custou R$ 15 mil. Coincidentemente, R$ 15 mil era o cachê da banda até o Carnaval de 2013 e R$ 30 mil é o atual cachê do grupo. Saulo, autor e cantor de A Raiz de Todo o Bem, transita em um caminho entre a independência do Filhos de Jorge e a retaguarda empresarial do Psirico. Ele é dono de sua própria produtora, a Rua 15, e mantém parceria com a empresa da cantora Ivete Sangalo, estrela maior da Axé que listou a canção do parceiro em seu repertório. Segundo a assessora de imprensa de Saulo, Mila Ventura, a repercussão da canção é uma surpresa. Lançada em abril, o ciclo da música já deveria estar vencido para dar lugar a Vu, outra canção – mais rápida e por isso mais carnavalesca – também composta por ele para integrar o primeiro CD/DVD da sua carreira solo. No entanto, a música continua tocando. A assessora suspeita que a sobrevida comercial da canção se deve ao fato de ela ser um hino a Salvador. “Hoje, ninguém mais canta a cidade. Acho que isso mexeu com o público”. A escolha pela música do Carnaval, segundo a assessora, foi feita pessoalmente por Saulo, rompendo com uma fórmula usada por outras estrelas baianas, a consulta a radialistas para identificar, entre as músicas do repertório aquela com maior apelo para ser “a” música do Carnaval. A assessora afirmou não poder divulgar números da estratégia de divulgação de Raiz de Todo o Bem, mas elencou as ações tomadas. Entre elas está a contratação, em dezembro, de uma empresa especializada em Redes Sociais que desenvolveu duas ações, uma para incentivar os fãs a gravarem seus próprios vídeos com a música para colocá-los no Youtube e a outra para distribuição de palhetas para violão entre os fãs. Semana passada, também iniciou uma campanha publicitária para divulgar a Pipoca do Saulo, um trio independente puxado pelo cantor. Outras peças em que o cantor aparecem são pagas pelos blocos e eventos dos quais ele participa (a exemplo do Coruja, de Ivete Sangalo). Imagem e voz de Saulo – jovem boa praça perfil classe média tradicional - também aparecem em comerciais. Além do cachê de garoto-propaganda, essa presença extra na mídia ajuda na venda de sua música. De olho nesse filão, a Penta Eventos já estuda como inserir Márcio Victor neste novo mercado. “Márcio Victor é bom garoto-propaganda, é a cara da nova classe média e tem credibilidade perante esse público”, contou Maron.Internet e rádio são ferramentas de divulgação A profissionalização das ações de marketing digital de Saulo - descrita na matéria anterior - é só mais uma pista da importância que a internet tem como ferramenta na estratégia de fazer uma canção qualquer se tornar a música do Carnaval. Wagner Miau, empresário do Filhos de Jorge, é categórico: “O Youtube é o principal concorrente das rádios hoje em dia”. Até por isso, afirmou que, em termos de custos para um bom videoclipe, o “céu é o limite”. Apesar dessa clareza com relação à importância da internet e das mídias sociais, Miau reconhece que o grupo que empresaria está muito atrás de seus principais concorrentes. “Trabalhamos a internet de uma forma muito amadora, precisamos melhorar, pois vemos muitos artistas de menor expressão, que fazem um trabalho menor, com uma exposição muito maior que a nossa”, refletiu. A principal aposta da Filhos de Jorge continua sendo nas rádios. Para isso, distribui CDs promocionais e faz parcerias com estações ou radialistas. Miau nega a prática do jabá. parcerias A mesma negativa foi feita por Flávio Maron, que explicou o que seria uma parceria com uma rádio: “Vamos a shows e eventos promovidos pelas rádios parceiras, apresentamos nossas músicas, distribuímos CDs, participamos de promoções tipo dia do fã. Em troca, nossas músicas são tocadas dentro da programação”. Em termos de internet, o trabalho da Penta Eventos é facilitado pelo perfil de Márcio Victor. “Ele é muito ativo nas rede sociais, está nas redes 24 horas por dia. Posta tudo. Ele dá uma risada e posta lá kkkkk”, disse Flávio Maron. O cantor do Psirico tem, segundo seu empresário, 157 mil seguidores no Instagram, 100 mil curtidas no Facebook e 263 mil no Twitter. Tudo isso potencializa o boca a boca para divulgar suas músicas e shows. Serve também para alimentar os fãs, um verdadeiro exército à disposição para promover os artistas e suas composições. * Matéria original: Correio*

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