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Movimento ressalta luta contra racismo e exalta representatividade com estátua de Zumbi em Salvador: ‘Apresenta a população negra como protagonista da própria história’

Inaugurado em 2008, monumento do mais importante líder do Quilombo dos Palmares será homenageado neste fim de semana, na 14ª edição de evento

Alan Oliveira • 17/11/2022 às 7:00 • Atualizada em 18/11/2022 às 15:11 - há XX semanas

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					Movimento ressalta luta contra racismo e exalta representatividade com estátua de Zumbi em Salvador: ‘Apresenta a população negra como protagonista da própria história’
Foto: Reprodução

				
					Movimento ressalta luta contra racismo e exalta representatividade com estátua de Zumbi em Salvador: ‘Apresenta a população negra como protagonista da própria história’

Inaugurada no Centro Histórico de Salvador em 2008, a estátua de Zumbi dos Palmares é tida pelo movimento negro como símbolo de representatividade nacional, na luta contra o racismo e pela igualdade. É dessa forma que a professora e presidente da União de Negros e Negras Pela Igualdade (Unegro), Ângela Guimarães, descreve a obra.

A importância é explicada no histórico escravocrata do país e foi relembrada pela liderança em entrevista ao iBahia. Segundo Guimarães, o movimento negro sempre questionou a leitura de que o Brasil seria um paraíso para negros e negras e luta para desconstruir o mito da democracia racial, tendo como base o destaque do protagonismo da população africana e afro-brasileira na formação da sociedade.

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"Nós não tivemos um racismo cordial, nós não temos cordialidade nas relações sociais. Nós tivemos a implementação de um projeto colonial escravista muito cruel, que se utilizou do sequestro, do tráfico e da escravização de africanos e africanas para construir a civilização brasileira".

Processo que, como apontou a professora, não foi recebido com passividade, proporcionando a liberdade do povo negro, e tendo Zumbi como figura de liderança. Para o movimento, o mais importante líder do Quilombo dos Palmares sempre será lembrado como ícone da luta contra a escravidão no Brasil.

"Isso tudo se deu na base de muito conflito, porque os oprimidos naquelas circunstâncias nunca aceitaram essa opressão calados. Sempre nos organizamos. Nossos ancestrais resistiram. E é nesse sentido que a gente apresenta a figura de Zumbi como figura de liderança política, estrategista, que organizou a resistência secular do Quilombo dos Palmares - uma experiência de liberdade da população negra e um confronto com o estado colonial escravista".

Guimarães apontou a representação da liderança ancestral como uma contrapartida a outros monumentos espalhados pelo país, que prestam homenagens personalidades que apoiaram a escravidão. "A estátua de Zumbi confronta com as estátuas dos saqueadores coloniais, dos escravistas, dos falsos líderes, e apresenta a população negra como protagonista da sua própria história".

O símbolo é o que a professora descreveu como resultado da luta levantada pelo movimento, que segue em busca de outras representações negras históricas, mas não somente com estátuas, e sim com homenagens como nomear ruas, avenidas e outros importantes pontos de destaque.

"A gente, quando lutou para ter uma estátua de Zumbi dos Palmares no Pelourinho, um reduto historicamente de resistência negra, foi exatamente para dialogar e educar a sociedade, para que enxerguem na população negra não aqueles e aquelas que ocupam os subsolos da sociedade, mas que nos enxerguem como protagonistas de construção da nossa própria história, da nossa liberdade, da nossa luta pela igualdade".

E é partindo desse propósito de enaltecer o protagonismo negro que todos os anos a imagem de Zumbi é homenageada com a tradicional lavagem do monumento. Esta será a 14ª edição da comemoração, que é organizada pela Unegro e tem participação de outros símbolos do movimento, como as baianas de acarajé. No entanto, neste ano, as comemorações acontecem no sábado (19) e não será feita a lavagem.

A programação prevê concentração às 12h em frente ao monumento, na Praça da Sé, no Pelourinho, seguida de homenagens com flores e encerramento com caminhada até o Instituto Reparação, mesma região, onde o movimento deve participar de uma feijoada.

"A importância é dizer que nós não aceitamos quase 400 anos de escravidão. Nós resistimos, nós confrontamos, nós organizamos revoltas, nós organizamos rebeliões, nós realizamos fugas em massa, nos organizamos em quilombo, confrontando aquele estado e pensando para o futuro ideias de uma sociedade onde as pessoas não fossem valorizadas ou desvalorizadas pela cor da sua pele".

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