O prefeito ACM Neto negou ter intenção de vetar a BaianaSystem de futuras edições do Carnaval após um protesto em que foliões gritaram"Fora, Temer". A possibilidade foi colocada em discussão pelo presidente do Conselho Municipal do Carnaval de Salvador (Comcar), Pedro Costa. Neto disse neste domingo (26) que isso "não tem sentido nenhum".
"Claro que não, óbvio que não (vetar a banda). Não tem sentido nenhum isso. Uma bobagem se querer censurar ou vetar, se for assim o artista não poderia chegar e elogiar a mim ou ao governador. Pode elogiar, pode criticar. É a liberdade mesmo. No que se refere a mim, tem que deixar cada um fazer o que quer fazer", defendeu.
Ele disse ainda que espera que a banda siga tocando no Furdunço, mas pontuou que por conta do grande fluxo esse ano é preciso se repensar o evento para a próxima edição. "BaianaSystem ajudou a gente a começar o Furdunço. Tocou com a gente no Réveillon e por mim ela continua. Esse ano o Furdunço a gente viu que Léo Santana e BaianaSystem como estão em momento forte, muito badalados, acabaram juntos, no mesmo dia, acabaram arrastando uma multidão que não era esperado. A gente vai avaliar ano que vem esse aspecto. Mas da minha parte, pelo contrário, a gente vai continuar tocando com eles, porque fazem uma música muito boa. Se depender de mim, continuam também no Furdunço. Agora, vamos dar uma estrutura maior para o Furdunço ano que vem", completou.
Críticas
O representante do Comcar, afirmou que a comissão da ética vai se reunir logo após o Carnaval para assistir aos vídeos e avaliar a punição da banda. "Foi um ato de politicagem e eles não foram pagos para isso. Embora tenhamos muito orgulho de tê-los conosco nesta realização, é inaceitável e vai haver punição, sim. São 700 atrações envolvidas, se todos resolverem fazer isso, vira um palanque político", ressalta.
O presidente da Empresa Salvador Turismo (Saltur), responsável pela organização do Carnaval, Isaac Edington, afirmou que é imaturo assumir qualquer posição sobre o assunto em pleno Carnaval 2017. "O nosso foco agora é realizar um evento extraordinário, como está sendo", salientou, acrescentando que é contra qualquer tipo de censura.
"Posso não concordar com o que você diz, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo. Essa frase, atribuída a Voltaire, demonstra um pouco a forma como eu vejo esse assunto", disse ao CORREIO.
Cumprimentos e elogios às entidades públicas, como prefeito e governador, porém, não são vistos como infração, segundo afirmou Costa ao CORREIO. "Uma coisa é um cumprimento, um elogio, outra coisa é o artista usar a potência de som de um trio elétrico em um evento deste porte para levantar bandeiras políticas. Não caiu bem", completou ele, acrescentando que a Comcar teve conhecimento do fato na tarde deste sábado e ainda não notificou a banda.
O código de ética do Comcar prevê punições a níveis leves, graves e gravíssimos. "Racismo, por exemplo, seria uma punição gravíssima. Ou apologia à violência contra as mulheres", pontua Pedro. O presidente do Comcar esclareceu que o fato da Baiana System ser patrocinada pela Prefeitura de Salvador não é um agravante para a punição e que, conforme o código de ética, qualquer entidade ou artista deve ser punido da mesma maneira, independente da origem do financiamento.
"É diferente da Mudança do Garcia, que é uma manifestação popular organizada. Eles tocam na política, mas eles não são um artista em cima de um trio fazendo isso, eu avalio que é totalmente diferente".
A BaianaSystem deve ser notificada após o Carnaval e terá o direito de recorrer da decisão da Comissão de Ética da Comcar. "Não é uma certeza que terão punição máxima. Podem receber uma advertência, por exemplo, por isso há esse estudo. Eles têm o direito de resposta, sim", finalizou.
Por meio de sua assessoria, a BaianaSystem informou que, por hora, não tem declarações a fazer. Ao CORREIO, os representantes da banda disseram ontem que os músicos ainda não conversaram sobre o assunto.
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Redação iBahia
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