Pela primeira vez, a nova gestão da prefeitura de Salvador se posicionou sobre o imbróglio do Aeroclube Plaza Show, shopping localizado na Boca do Rio que vive franca decadência desde meados dos anos 2000. O secretário da Casa Civil, Albérico Mascarenhas, disse que a nova gestão pretende manter a lei aprovada no final de 2012 por João Henrique, ampliando por mais 30 anos o prazo de concessão para exploração comercial da área onde funciona o shopping, de 2026 para 2056, pelo grupo controlador Consórcio Parques Urbanos. Mascarenhas, no entanto, condicionou algumas medidas para que o prazo seja mantido. “O consórcio deverá apresentar propostas de adaptações à lei , além de estudos que comprovem a viabilidade financeira do empreendimento durante o prazo prorrogado”, disse ao CORREIO. Ele acrescentou, contudo, que a palavra de ordem na prefeitura é um acordo entre as três partes envolvidas no processo de negociações para a retomada da reforma do Aeroclube - a prefeitura, o consórcio e o Ministério Público Estadual (MP-BA). Impasse Desimpedido judicialmente de dar seguimento à reforma de revitalização do shopping desde 2011 (as obras foram embargadas em 2008), o Consórcio Parques Urbanos, grupo de empresas liderado pelo Iguatemi, ainda não retomou as obras porque teme um novo perrengue judicial. O MP considera a lei de concessão sancionada no ano passado “ilegal”, basicamente por duas razões: a irregularidade do processo de aprovação da lei e a necessidade de comprovação da viabilidade dos investimentos prometidos como contrapartida. “Um dos dados apresentados pelo consórcio para a ampliação da concessão foi um investimento de R$ 84 milhões que seria feito pela empresa, mas não há provas desse investimento”, disse a promotora Rita Tourinho, do Grupo de Atuação Especial de Defesa do Patrimônio Público e da Moralidade Administrativa do MP. “Além disso, o prefeito João Henrique delegou decisões que deveriam ser feitas por ele ao Legislativo, caracterizando renúncia de competência”, acrescentou. O MP defende o cancelamento da lei e a elaboração de uma nova. A concessão para a utilização da área do Aeroclube prevê como contrapartida, além da revitalização do shopping, a implantação de um parque público, o Parque do Vento, e a construção de uma passarela ligando o empreendimento à Boca do Rio. O consórcio informou por meio da sua assessoria de imprensa que as exigências da prefeitura serão atendidas. O grupo de empresas acrescentou: “O prazo de prorrogação da concessão de uso da área foi definido em função dos prejuízos (cerca de R$ 150 milhões) sofridos durante os anos de embargo da obra de qualificação através de um estudo técnico e criterioso realizado pela Fundação Mário Leal Ferreira (FMLF), assessorada pela Deloitte, uma das três maiores empresas de consultoria e auditoria do mundo, contratada pela prefeitura”.
Ainda segundo o consórcio, a ampliação da concessão foi concedida para que se restabeleça o equilíbrio econômico e financeiro necessários para a revitalização do empreendimento e atendimento adequado das contrapartidas. O diretor da administradora do Aeroclube - a Enashopp -, Edison Rezende, disse que o novo shopping será menos voltado para o lazer e mais para o comércio varejista. O projeto ainda prevê a construção de um teto translúcido que aproveite a iluminação solar e diminua o calor durante o dia. “Estamos esperando a resolução das questões políticas para reiniciar as obras“, afirmou Rezende. Novo shopping deve ficar pronto apenas depois da Copa de 2014 Até o dia 15 de março, o Consórcio Parques Urbanos deverá apresentar um novo projeto de revitalização do Aeroclube, que ainda precisará ter o aval do Ministério Público. No entanto, a prefeitura e o consórcio admitem que o atual shopping provavelmente precisará ser demolido e um novo só ficará pronto em, no mínimo, dois anos. “Acreditamos que em 24 meses a obra deve estar pronta”, disse Albérico Mascarenhas, da Casa Civil. Apesar de admitir que o novo shopping não ficará pronto até a Copa do Mundo de 2014, Mascarenhas afirmou que o prédio, hoje em ruínas, não estará mais assim durante a Copa das Confederações, no meio deste ano. “Se já não tiver sido demolido, o prédio deverá estar cercado e isolado”, afirmou. Segundo ele, a questão do Aeroclube é vista como “prioridade absoluta” pelo prefeito ACM Neto. Até presidente de associação dos lojistas paralisa atividades no local A situação do Aeroclube é tão crítica, que até a presidente da associação de lojistas do empreendimento deixou temporariamente a loja de roupas e acessórios que tem no local. “O movimento caiu muito e tivemos um prejuízo incalculável, então não pude mais esperar”, afirmou Genilda Macedo, proprietária da Rock Store. Segundo a associação, só há hoje cerca de dez lojas funcionando no local. Em 1999, eram 140. Um cinema e uma empresa de call center também funcionam no shopping. Os lojistas e vendedores queixam-se pelo movimento fraco. “Nós trabalhamos por comissão e isso afeta os nossos ganhos”, disse uma vendedora que não quis se identificar. Algumas lojas ainda mantêm adesivos de “Liquidação da Reforma”, colocados em novembro do ano passado. “É para ver se chama a atenção e atrai os clientes”, disse uma lojista.
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