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Alunos fazem protesto na Rótula do Abacaxi apoiando professores

De acordo com manifestantes, cerca de 150 pessoas, entre alunos, pais e professores, estão reunidas embaixo do viaduto da Rótula com faixas, cartazes e um carro de som

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30/05/2012 às 11:32 • Atualizada em 01/09/2022 às 19:01 - há XX semanas
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Alunos da rede estadual protestam pelo retorno das aulas na manhã desta quarta-feira (30), na Rótula do Abacaxi. De acordo com manifestantes, cerca de 150 pessoas, entre alunos, pais e professores, estão reunidas embaixo do viaduto da Rótula com faixas, cartazes e um carro de som. Além do fim da greve, os alunos ainda pedem que o governador do estado da Bahia, Jaques Wagner, passe a negociar diretamente com os professores da rede estadual. Esta quarta-feira marca o 50º dia de greve da categoria, que conseguiu nesta terça-feira (29) uma .liminar da Justiça que determina o pagamento imediato dos salários do mês de abril e maio. Já a Procuradoria Geral do Estado (PGE) divulgou nota na noite de ontem (29) informando que vai recorrer da decisão da Justiça que determina o pagamento dos salários dos professores estaduais em greve. A nota diz que a PGE não foi citada dos termos da ação promovida pela APLB e que, até mesmo por entendimento já manifestado pelo Supremo Tribunal Federal (STF), não autoriza o pagamento de salários diante de uma greve. A decisão da desembargadora Lícia Larajeira, favorável aos professores, foi considerada pela PGE diz ainda com "conteúdo contraditório" em relação a uma decisão anterior que reconheceu a greve como ilegal. A Procuradoria informou que vai entrar com recurso contra a decisão. Sobre o acesso de professores e dependentes conveniados ao plano de saúde Planserv, a PGE informou que não houve qualquer interrupção neste serviço durante a greve. ApeloNesta terça (29), durante o programa de rádio Conversa com o Governador, em tom conciliatório, Jaques Wagner voltou a pedir aos professores para que retornem. “Faço mais esse apelo para que voltem às aulas e programem a compensação dos dias parados e a gente possa pagar o que foi descontado”. A categoria não vai atender. Em nova assembleia ontem, os professores decidiram manter a paralisação e programam várias atividades para os próximos dias. Rui Oliveira, presidente do Sindicato dos Trabalhadores em Educação da Bahia (APLB), ressalta que os professores estão “irritados”. “O pessoal já não suporta a falta de negociação”, enfatiza. Os docentes também registraram mensagens para Wagner. “Milhões de jovens pedem e esperam do senhor uma atitude também política de sentar e negociar...”, escreveu a professora e mãe da aluna Valdelice Santana. ÍndicesOs alunos da rede pública da Bahia têm o segundo maior índice de reprovação no ensino fundamental do país, com 26,3%, segundo pesquisa do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) divulgada esse mês. O número é dez vezes maior do que o índice de Mato Grosso, estado melhor colocado no ranking. No ensino médio, a rede estadual baiana teve o sexto pior índice, com 16,4% de reprovação. No fundamental, o índice foi de 4,3%, nona pior colocação. Apesar disso, para a doutora em Educação Telma Brito, o movimento paredista não será o protagonista no caso de uma piora nos índices da educação pública. “É claro que vai ter impacto para o aluno, mas a greve não poderá ser colocada como responsável pelos próximos resultados. Esses índices vêm reduzindo ao longo do tempo”, avalia. Ela aposta em outros quatro fatores para reverter o quadro negativo da educação. “A educação vai mal, independente da paralisação. A qualificação dos professores, melhores salários, infraestrutura, além do envolvimento da família, devem ser trabalhados”. O diretor da Faculdade de Educação da Universidade Federal da Bahia (Ufba), Cleverson Suzart, também não atribui ao movimento paredista a responsabilidade sobre um possível agravamento dos resultados do Inep. “Causa prejuízo do ponto de vista de tempo de aprendizado, preparação para o ano letivo. Os índices são históricos. O movimento grevista trabalha no sentido de resolver os problemas”, define Suzart. Já para o secretário estadual de Educação, Osvaldo Barreto, estes resultados estão associados a outros fatores, que já estão sendo repensados independente da greve. “O fator de principal impacto é a precariedade na alfabetização, por isso firmamos o Pacto com o Município, um programa de atenção. Isso reforça significativamente a qualidade no ensino, que também tem contado com reforço na capacitação dos profissionais e em material didático”, diz Barreto. Calendário letivo já está ameaçadoCom a greve entrando em seu 50º dia, alunos, pais de alunos e docentes se preocupam com o ano letivo. Especialistas afirmam que, mesmo com a reposição das aulas, fica complicado passar os assuntos de forma satisfatória. “A gente está avançando pelo semestre e, se a negociação da greve tiver os devidos encaminhamentos, me parece que as aulas vão seguir pelo meio de dezembro, com aulas aos sábados”, acredita o professor da Faculdade de Educação da Ufba Menandro Ramos. O pedagogo ressalta que, caso a greve se estenda por mais tempo, as aulas correm o risco de ultrapassar o ano de 2012 e entrar pelo mês de janeiro do ano que vem. “Até o momento, com uma margem estreita, ainda pode haver essa recuperação das aulas. Se a paralisação se estender por mais umas duas semanas, eu creio que o semestre está perdido. Se formos contar que houve interrupção com a greve dos policiais, vai comprometer ainda mais o calendário”, considerando a greve uma luta legítima. “Cada vez mais se vê que a educação está relegada a segundo plano. É só verificar o quanto o governo gasta com publicidade, que se percebe a assimetria”. Para a professora e diretora do Colégio Oficina Márcia Kalid, os alunos podem ficar prejudicados ainda que haja a reposição até o fim do ano. “O sábado é um dia que os meninos teriam para estudar em casa; a reposição traz um acúmulo de aulas na semana. Além disso, o ritmo de aula num dia de sábado não é o mesmo que em dias comuns, deixa o aluno mais cansado”, explica. Márcia ressalta que a falta de aulas por 50 dias traz prejuízos especialmente para aqueles que vão fazer vestibular. Segundo o secretário estadual de Educação, Osvaldo Barreto, o órgão planeja a utilização do recesso junino, de alguns sábados e de pelo menos 15 dias do mês de janeiro para recompor o calendário. “Estas medidas seriam suficientes para o cumprimento dos 200 dias letivos, sem prejuízos”, diz Barreto. “Em breve, anunciaremos uma estratégia que estamos preparando para acelerar o processo de aprendizagem para os alunos do 3º ano, que precisam fazer vestibular e Enem”.

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