A Anistia Internacional afirmou nesta sexta-feira (6) que vê "indícios de execuções sumárias" na morte de 12 pessoas em um confronto entre policiais da Rondesp e criminosos na Estrada das Barreiras durante a madrugada. Pelo menos nove deles têm passagem policial, segundo a SSP. Ainda segundo a Anistia, há relatos de testemunhas que contestam a versão da Polícia Militar de que o grupo foi surpreendido enquanto se preparavam para um assalto a banco e reagiu. Três pessoas ficaram feridas, entre elas um sargento da Polícia Militar atingido de raspão na cabeça. A Anistia informa que tem recebido denúncias de abordagens abusivas da Rondesp, em que ocorrem desaparecimentos e execuções, e pede "que as autoridades tomem as medidas necessárias para garantir a segurança imediata dos moradores e proteger testemunhas e os sobreviventes".
Nove policiais participaram da ação. Eles já foram ouvidos, mas não serão afastados, segundo a SSP. O major Agnaldo Ceita, comandante da Rondesp Central, afirmou que não há necessidade de afastamento porque foi uma "ação legítima da polícia" e que os policiais em questão apenas responderam à altura da ameaça. Foram apreendidos com os suspeitos 12 armas de fogo calibre.38, 1 pistola calibre.40, outra pistola calibre .45, 1 espingarda calibre .12, dois coletes balísticos, além de 3 kg de maconha, 1,2 kg de cocaína, 300 gramas de crack, além de uniformes camuflados similares aos do Exército.
Foto: Almiro Lopes/Correio* |
"Como artilheiro na frente do gol"
O governador Rui Costa também comentou sobre a ação da Polícia Militar durante o confronto na Estrada das Barreiras. "A PM que eu imagino e quero construir no estado é uma PM que respeite o cidadão e atue sempre dentro da legalidade. A polícia, assim como manda a Constituição e a lei, tem que definir a cada momento e nem sempre é fácil fazer isso", afirmou.
Segundo Rui Costa é preciso, em poucos segundos, "ter a frieza e a calma necessárias para tomar a decisão certa". "É como um artilheiro em frente ao gol que tenta decidir, em alguns segundos, como é que ele vai botar a bola dentro do gol, pra fazer o gol", comparou. "Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores da arquibancada irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado", continuou.
A declaração foi feita na manhã desta sexta-feira (6), durante a coletiva de apresentação da Operação Paz e Folia, promovida pela Secretaria de Segurança Pública durante o carnaval da Bahia. Ainda de acordo com o governador, nenhum PM da Rondesp envolvido na ação da madrugada será afastado, já que não há "indícios que teve atuação fora da lei nesse caso". "Nós defendemos, assim como um bom artilheiro, acertar mais do que errar. E vocês terão sempre um governador disposto a não medir esforços, a defender desde o praça ao oficial, a todos que agirem com a energia necessária, mas dentro da lei", finalizou Rui Costa, que foi aplaudido por dezenas de policiais presentes na cerimônia.
O secretário de Segurança Pública do Estado da Bahia (SSP/BA), Maurício Barbosa, também defendeu a ação da Polícia Militar. "A polícia deve agir com rigor, deve ser dura. Lógico, sem ser arbitrária. Mas atuando com firmeza", disse Barbosa ao ser questionado sobre o caso durante uma coletiva no Hotel Pestana, voltada para divulgar a operação de segurança do Carnaval de Salvador.
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