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SALVADOR

Bombeiros são os profissionais em que a população mais confia

Dos 601 entrevistados, só três (isso mesmo: 3) disseram confiar muito nos políticos (0,5%)

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16/11/2011 às 9:22 • Atualizada em 01/09/2022 às 3:00 - há XX semanas
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No topo da lista, os Bombeiros. No final, os políticos. Esse foi o resultado da pesquisa do Instituto Futura, em parceira com o CORREIO, que mediu a confiança do soteropolitano em 14 profissões. Entre as pessoas entrevistadas, 70,4% disseram confiar ou confiar muito nos bombeiros. Em segundo lugar ficaram os professores, com 65,9% da confiança, e em terceiro os carteiros, com 60,9%. Apenas 7,7% das pessoas ouvidas disseram confiar nos políticos. Empresários (23,8%) e líderes religiosos, como padres e pastores (27,3%), também não gozam de uma credibilidade muito boa com a maioria dos soteropolitanos. Entre os dias 2 e 6 de agosto, o Futura ouviu 601 pessoas com mais de 18 anos, de ambos os sexos, todas as classes sociais, diferentes graus de escolaridade e moradoras de diversos bairros. “Isso não chega a ser uma surpresa. Quando a gente chega nas ocorrências, sentimos a confiança que as pessoas têm na gente”, diz, sem falsa modéstia, o sargento Anatálio, bombeiro há 27 anos, que trabalha no batalhão do Iguatemi. Em todo esse tempo de corporação, algumas situações ficaram na memória, como um desabamento em Arraial do Retiro, em 1997. “Foi uma época de muita chuva. Teve um deslizamento de terra e cerca de 15 a 20 imóveis desabaram de vez. Todo o nosso efetivo teve que ser deslocado pra lá, uns 220 homens, muitos estavam de folga ou de férias, mas não reclamaram de ter que ir trabalhar”, lembra. O saldo do desabamento foi de três mortos e muitos feridos, mas, não fossem os bombeiros, seria bem pior. “Todas as casas que caíram tinham gente dentro. Conseguimos retirar todo mundo e ainda salvar a maioria de seus pertences. Quando acabou, muitos bombeiros não queriam ir embora, queriam continuar ali, ajudando aquelas pessoas”, recorda, emocionado.
Dos 601 entrevistados, só três (isso mesmo: 3) disseram confiar muito nos políticos (0,5%)
Responsabilidade Mas a missão vai além de salvar quem liga pedindo ajuda. Bombeiro tem que salvar até quem não quer ser salvo. Foi a missão que Anatálio e outros seis colegas tiveram de cumprir há cerca de um mês. “Um cidadão com uma corda no pescoço ameaçava se jogar do viaduto Dona Canô. Nesses casos, a gente tem que ter cuidado, porque a pessoa pode cansar, se desequilibrar, ou até desmaiar, e acabar caindo sem querer”, alerta o experiente bombeiro, antes de relatar o final feliz da história. “A gente planejou, se aproximou e, quando a abordagem era 100% segura, pegamos ele. Se tivesse 1% de risco, não poderíamos chegar perto”, diz. OrgulhoApesar de não ter tanto tempo de corporação, o tenente Josiel, colega do sargento Anatálio, também tem muita história pra contar. Uma delas é a de um salvamento em Lençóis, na Chapada Diamantina, que durou quase 24 horas. Foi em 2006, bem no início de sua carreira. “A primeira unidade que trabalhei foi lá. Um guia ligou pra gente porque uma turista tinha se acidentado no meio de uma trilha e não conseguia se locomover. O local era de difícil acesso e precisamos de um helicóptero para fazer o resgate”, contou. “Foi bem cansativo. Começou por volta das 18h e só terminou às 16h do outro dia. Mas valeu a pena, porque tudo deu certo”, finalizou. Apesar da profissão arriscada, Anatálio e Josiel sempre tiveram o apoio da família. “Minha esposa gosta de ter um marido bombeiro, tem orgulho. Só me pede pra ter cuidado”, conta Josiel. Anatálio vai além: “Tenho três filhos, de 21, 19 e 14 anos. Todos querem ser bombeiros”. BairrosO bairro onde os bombeiros contam com maior prestígio é a Pituba. Naquela área, 89,5% dos entrevistados disseram confiar ou confiar muito na corporação. Na região que abrange Pau da Lima, São Marcos, Nova Brasília, entre outros, os bombeiros também estão com moral: 77,8% dos moradores confiam neles. Os menores índices são em Pirajá (61,8%) e na Liberdade (62,7%). Só 0,5% confia nos políticosDos 601 entrevistados, só três (isso mesmo: 3) disseram confiar muito nos políticos (0,5%). “É óbvio”, você deve estar pensando. Afinal, todo político é ladrão, não é mesmo? Provavelmente você acha que mensalão, dólar na cueca e desvio de verbas é coisa de gente da pior espécie, certo? Então responda sinceramente: você já falsificou carteira de estudante para pagar meia-entrada no cinema? Já furou fila? Já pediu àquele parente médico para te arrumar um atestado só porque você estava com preguiça de ir trabalhar? Já usou o celular corporativo pra fazer ligações pessoais? A lista é imensa e quem nos convida a essa reflexão é a professora de Ciência Política da Ufba Ana Alice Costa. “A escala é diferente, mas o princípio é o mesmo: se dar bem de forma desonesta. A gente acha que só o político é corrupto, mas não pensa nessas pequenas coisas do cotidiano. A política é uma representação da sociedade”, alerta. Ela lembra ainda que, apesar de não confiarmos em nossos políticos, eles não brotaram do nada no Congresso, na Assembleia, na Câmara de Vereadores. “Todos os partidos lançam gente séria, mas as pessoas preferem votar nos outros. Ou porque a pessoa é famosa e passa na televisão, ou porque ganharam camisa, cesta básica”, critica ela, que não acha que todos os políticos sejam desonestos. “Está havendo descrédito com o mundo político hoje. Política não deveria nem ser vista como profissão, mas como representação dos interesses da sociedade”, finaliza. Professores estão na vice-liderança do rankingSabe o que jornalistas, advogados e engenheiros têm em comum? “Todos eles precisaram de professores para se formar”, diz, em causa própria, o professor de Química e coordenador do Sindicato dos Trabalhadores em Educação do Estado da Bahia (APLB), Rui Oliveira. É a esse fato que ele atribui a vice-liderança da profissão no ranking de confiabilidade da pesquisa. Dos entrevistados, 65,9% disseram confiar ou confiar muito nos professores. “Todo mundo lembra de algum professor que teve na vida. E é muito gratificante quando você encontra um ex-aluno na rua e ele te reconhece”, conta Oliveira. Por essas e outras, o docente com 25 anos de profissão diz que, apesar dos baixos salários e condições de trabalhos muitas vezes difíceis, não se arrepende da escolha que fez. “Apesar de todo o sofrimento, se eu morrer e tiver que voltar um dia, serei professor novamente”, planeja. De acordo com a pesquisa, os mais velhos confiam mais nesses profissionais: 74,1% do maiores de 60 anos atribuem a eles um alto grau de credibilidade. Os homens (72,4%) confiam mais que as mulheres (60,5) e a classe C (73,3%) mais que as classes A/B (68,2%) e D/E (63,3%).

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