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SALVADOR

Coluna ValoRH: Aprendendo com o Fracasso

Especialista mostra as atitudes que podem ser determinantes para o seu sucesso

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28/11/2013 às 8:16 • Atualizada em 28/08/2022 às 13:11 - há XX semanas
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Na esteira dos eventos que marcaram a Semana Global do Empreendedorismo, um tema recorrente foi objeto de revigoradas discussões, compreendendo a importância do fracasso na vida do empreendedor como uma componente fundamental para o sucesso futuro. Na vida do empreendedor este é um contraditório que também faz sentido, afinal, ninguém imagina um modelo de negócio que irá resultar em fracasso. Na verdade, deveria, pois imaginar aquilo que pode dar errado muitas vezes será determinante para o seu sucesso. Muitos negócios fracassam por falta de planejamento adequado, inexperiência e preparo do próprio empreendedor. Mas se é verdade que o fracasso é explicado por erros básicos da parte do empreendedor, também é verdade que muitos negócios fracassam devido a detalhes que sequer poderiam ter sido imaginados, seja por falta de experiência, seja por falta de história com aquele tipo de negócio seja por um contexto mais complexo do que poderia ser antevisto. É por este motivo que muitos “Venture Capitalists”, aqueles investidores em novos negócios, valorizam cada vez mais a experiência pregressa dos empreendedores com ... fracassos ! Mas esta questão do fracasso não tem nada a ver com autoindulgência ou a glorificação da derrota. O fracasso continua sendo um ente indesejável e o que miramos é o aprendizado obtido com as tentativas fracassadas, e não com a ruína completa. E aqui entra a questão que separa o fracasso da ruína. Todo negócio inovador envolve tentativas e planificações que devem sofrer alterações de rumo na medida do avanço dos negócios e da resposta do mercado, e não trarão necessariamente a falência do negócio. Um produto mal sucedido, ou mal divulgado pode se revelar um fracasso inicialmente mas, se detectarmos os problemas a tempo e corrigirmos os rumos, se for possível, podemos transformar um produto inicialmente fracassado em um novo produto de sucesso.
Outro mérito do empreendedor fadado ao sucesso é a capacidade e competência de poder reconhecer o fracasso a tempo, e saber a hora de mudar radicalmente os rumos, se for preciso, ao invés de insistir no erro e consumir todos os recursos financeiros disponíveis, o que pode levar à ruína e dívidas impagáveis. Neste caso, precisamos também diferenciar a persistência da teimosia, que são primas uma da outra, mas não são a mesma coisa. A teimosia é caracterizada pela persistência no caminho errado, a despeito de todas as evidências colhidas e da experiência mal sucedida. O teimoso, portanto, é aquele que, por orgulho ou crença mística acredita que aquele negócio concebido por ele sempre esteve, está e estará destinado ao sucesso. O sucesso, para estes, é uma fatalidade do destino. Para o teimoso não existe possibilidade de fracasso. O negócio dará certo porque o empreendedor - que a esta altura não é mais um empreendedor mas, em casos extremos, um pregador, uma figura mística e, quando são envolvidas grandes somas de dinheiro, quase mitológica - acredita que só existe um caminho a trilhar, a rota do sucesso absoluto onde nada poderá dar errado. O universo dos empreendedores teimosos, e que também são obstinados, está marcado por várias estórias de pequenas ruínas, que em geral afetam apenas aquele empreendedor e, infelizmente, algumas pessoas próximas. Eventualmente, como tivemos a oportunidade de testemunhar, no caso das empresas X, esta obstinação cega e crença em forças superiores podem levar a uma ruína colossal, dragando bilhões em economias de terceiros, afetando milhares de investidores. Este é o caso mais ruinoso da teimosia travestida de saga mitológica. Contudo, nem sempre é evidente definir onde acaba a persistência e começa a teimosia. Muitos visionários foram classificados como insanos e mereceriam o rótulo de teimosos antes de provar que estavam certos. Os casos de empreendedores que se tornaram bilionários, ou simplesmente milionários poderiam mesmo ser confundidos com teimosia. Mais fácil é identificar as mudanças de rumo necessárias e para tanto precisamos apenas reconhecer as adaptações necessárias ao negócio, e aprender com pequenos fracassos. Não seria de fato, tão útil buscarmos inspiração em empreendedores do porte de um Gates (Microsoft), Bezos (Amazon) ou Jobs (Apple). Poucos de nós estão destinados a ir tão longe e a força que moveu estes personagens excepcionais compreendem circunstâncias muito especiais. O empreendedor do mundo dos mortais, em geral, será aquele que irá lidar com um negócio de pequeno e médio porte e anseia ser milionário algum dia. Muito poucos conseguirão se tornar multimilionários, e para a grande maioria está reservado muito trabalho, perseverança, fracassos e recomeços, bem como o sucesso, talvez e apenas, milionário. É para estes que o conselho de aprender com os fracassos é mais útil. Por outro lado, não é propriamente inteligente fracassar naquilo que é o óbvio, como um mau planejamento financeiro, dragagem mal mensurada de recursos, falta de realismo ou mesmo um produto sem pé nem cabeça. Fracassar porque o negócio ao qual você se propôs não era do seu domínio e porque a qualidade era inferior desde o ponto de partida não acrescentará muitas lições. Portanto, na semana em que muito se valorizou o fracasso como componente do crescimento pessoal do empreendedor, é importante ressaltar que não é qualquer fracasso que pode ser admitido. Uma coisa é o fracasso provocado pela concepção de produto e negócios imperfeita, já o fracasso inútil é derivado de um plano de negócios sem pé nem cabeça e total e completa falta de recursos ou ainda de uma concorrência grosseiramente subestimada. Antes de encarar e enfrentar a perspectiva de um fracasso, de verdade,é preciso pensar em todas as variáveis que podem levar a sua concepção de negócio ao fracasso antes de mesmo de colocar dinheiro na empreitada. O fracasso legítimo vem de uma ideia bem elaborada, de uma boa concepção, de um plano de negócios bem estruturado e que, por motivos muito mais complexos e que não poderiam ter sido facilmente previstos, levaram o negócio a não decolar ou render muito abaixo do esperado. Nestes casos, a lição aprendida jamais poderia ter sido apreendida em algum livro e será muito útil, essencial até, para o sucesso de sua nova empreitada.

Sergio Sampaio
E-mail: [email protected]
Consultor de TI da ValoRH. Engenheiro, empresário da área de Tecnologia da Informação, proprietário da IP10 Tecnologia.

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