O administrador Felipe Rauta Cabral, 25 anos, foi a terceira vítima de homicídio no Imbuí este ano. À primeira vista, o número pode não alarmar muito, mas a coisa muda de figura quando se observa que os três homicídios aconteceram em 15 dias.
O aumento da violência na região nos últimos dois meses vem assustando moradores, com registros não só de assassinatos, mas também de sequestros, trocas de tiros e assaltos. Felipe morreu com um tiro no tórax, durante um assalto na Rua Alberto Fiúza na madrugada do último sábado. Na mesma rua, ontem de manhã, a administradora Marceli Yuki, 33 anos, caminhava com seu cachorro. Apesar de ser por volta de 10h, ela afirmou que sente medo durante o passeio e que busca sempre estar atenta. “Não dá para vacilar um segundo sequer. A maioria das ocorrências de violência é à noite, mas durante o dia também dá medo de andar por aqui”, diz. Segundo ela, os assaltos são diários. “Todos os dias tem roubo de carros de moradores e visitantes. Os ladrões ficam à espera de um descuido. Antes de sair de casa, olho para todos os lados, não saio sozinha”, afirmou a administradora, que deixou de frequentar à noite as praças do bairro. “Do outro lado da Rua Alberto Fiuza, onde ficavam as barracas, não há iluminação pública e os bandidos se aproveitam disso”, conta. A dona de casa Antonieta Mota, 45, que também caminhava ontem na rua, afirmou que os bandidos estão “muito violentos”. “Outro dia, uma senhora, de pouco mais de 70 anos, caiu, depois que bandidos numa moto puxaram a bolsa dela. Ela ficou com sangramento na cabeça e raladuras no resto do corpo”, diz A enfermeira Juliana Oliveira, 26, também evita sair à noite no Imbuí. “São vários relatos de assaltos por aqui. Levam de carro a celulares, quando também não agridem fisicamente as vítimas”, diz. Para evitar surpresas, a enfermeira adota algumas precauções: “Saio com apenas uma bolsa pequena e posicionada para a frente do corpo, sem celular. Antes de entrar no prédio, dou uma volta ainda na área de carro para ver se realmente tudo está seguro para entrar na garagem”, relata. Ocorrências Além do administrador Felipe Rauta, outras duas pessoas foram vítimas de homicídios este ano no Imbuí. Na noite do último dia 16 de julho, o comerciante Antônio Paulo Bispo da Silva, 55, que era dono de uma barraca de lanches na Rua dos Colibris, morreu, na frente de sua barraca, após ser atingido por um tiro disparado pelo policial civil Carlos Evandro Vieira do Nascimento, lotado na 16ª Delegacia (Pituba). Em depoimento, o policial disse que foi ameaçado pelo comerciante com uma barra de ferro e, para tentar se defender, disparou para o chão. O estilhaço do projétil teria ricocheteado e atingido Antônio. Um dia antes, Tairone Lucas de Jesus Silva, 20 anos, foi baleado no rosto por dois homens, na Rua da Bolandeira. Os autores do crime não foram identificados pela políciaOntem, na Rua da Bolandeira, o agente de saúde pública José Jorge da Cruz Silva, 56 anos, afirmou que a segurança do local como “péssima”. “Há três semanas, era por volta das 17h, quando vi duas senhoras correndo desesperadas. Elas se abrigaram numa escola porque bandidos tinham acabado de levar o carro em que estavam”, contou. O assistente administrativo Francisco José Benevenuto da Silva afirma que um amigo já foi baleado no bairro, durante um assalto. “Ele estava com a namorada em um carro quando dois homens numa moto pararam ao lado. O rapaz tinha parado numa sinaleira e tentou arrastar e foi atingido no peito”, conta. Procurada para falar sobre o policiamento no local, a Polícia Militar, em nota, informou que a 39ª Companhia Independente de Polícia Militar (CIPM/Imbuí) “vem desenvolvendo ações constantes com guarnições através do radiopatrulhamento e da realização das operações Apolo e Força Tática. Além disso, a unidade conta com o reforço da Rondesp Atlântico e de motociclistas exclusivas da operação Corredor Turístico de Salvador (CTS) em toda extensão do bairro que compõem 155 condomínios, unidades educacionais, comércios, restaurantes e agências bancárias”.
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