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SALVADOR

Com ruas alagadas, moradores saem de casa com botes e caiaques

Bairros de Parque São Cristóvão e Jardim das Margaridas ficaram debaixo d'água. Em alguns pontos, água chegou a alcançar cintura das pessoas

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Redação iBahia

21/04/2022 às 18:24 • Atualizada em 27/08/2022 às 14:59 - há XX semanas
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Foto: Divulgação Corpo de Bombeiros Militar da Bahia

A chuva que atingiu Salvador nesta quinta-feira (21) deixou diversos pontos da cidade alagados e moradores ilhados. Em alguns bairros, como Parque São Cristóvão e Jardim das Margaridas, foi preciso usar caiaques, botes e até geladeiras para se locomover. A TV Bahia esteve em alguns desses locais.

Na as reportagens reproduzidas pelo g1 Bahia, deu pra ver que, na Rua Norte II, no Parque São Cristóvão, o nível da água chegou na cintura dos adultos e no pescoço de crianças.

A população relatou que o local tem problemas de drenagem e, toda vez que chove, alaga. Além disso, um pequeno rio corta o bairro, e sempre transborda quando há um grande volume de chuva.

Identificado apenas como Danilo, um morador usou um caiaque para conseguir chegar em um mercado.

“Minha casa está toda alagada, eu perdi tudo. Moro aqui há mais de 15 anos e é sempre isso aqui. Estou usando o caiaque para me locomover até o mercado, para comprar alguma coisa para comer. E teve muitos prejuízos para os comerciantes também, a gente fica sentido”.

Foto: Reprodução/TV Bahia

Outra moradora, a Daniela, contou que este é o terceiro ano consecutivo em que ela perde vários móveis.

“Eu estava trabalhando, vim do trabalho correndo e já encontrei tudo assim. Não deu tempo de tirar nada. Eu liguei para os vizinhos me socorrerem e eles conseguiram tirar algumas coisas. Nem trabalhar eu consegui hoje. Eu moro com minha filha adolescente, que está dormindo na casa do vizinho, por causa dessa situação. Meu rack está perdido, porque mesmo suspendendo [elevando a altura] ele molhou. A cômoda do quarto, está tudo perdido. Tem imóvel que eu comprei e ainda nem paguei”.

Um vizinho de Daniela, o Antônio, contou que teve dificuldades para elevar a altura dos móveis, porque está se recuperando de uma cirurgia.

Foto: Reprodução/TV Bahia

“Estou operado e sem poder andar direito. Tive que colocar todas as coisas aqui para cima. Meu carro encheu de água, tá cheio de água dentro do carro”.

A situação se repetiu com vários moradores do bairro. Elane Nascimento, por exemplo, contou que só conseguiu salvar a televisão.

“Minha casa está cheia de água, eu tive que levar meu filho para ficar com o pai. No momento eu perdi geladeira, minha televisão eu consegui salvar, pedir fogão. Perdi tudo”.

Jardim das Margaridas

No bairro do Jardim das Margaridas, o nível da água também subiu muito. Um morador do bairro, que não foi identificado, contou que foi chamado por familiares para prestar ajuda, e acabou perdendo a placa do carro em meio à lama.

“Está tudo alagado aqui. Eu vim andando, porque nosso carro perdeu uma placa. Ligaram para a gente, porque tinha uma família precisando de nossa ajuda. Porque como é uma situação emergencial. Na casa de minha avó, o terreno está todo cheio de água. A gente sofre muito aqui”.

No início da tarde, foi preciso que o Corpo de Bombeiros Militar da Bahia atuasse na região. Os militares socorreram os moradores com a ajuda de botes. Assista ao vídeo abaixo

Segundo os bombeiros, quinze pessoas, entre idosos de um abrigo e moradores da região, foram resgatadas por guarnições do 13° Grupamento de Bombeiros Militar (13°GBM/Gmar).

Foto: Divulgação/Corpo de Bombeiros Militar da Bahia

"Assim que recebemos o chamado enviamos guarnições para o local. Inicialmente eles acompnharam o nível da água de perto, e quando perceberam que algumas pessoas precisavam ser retiradas, iniciaram o processo com bastante cuidado", explicou o major BM Luciano Alves, comandante do Gmar.

Com coletes salva-vidas, as pessoas foram colocadas nos botes da corporação para que o resgate pudesse ser realizado de forma segura.

Em nota, a Concessionária Bahia Norte, que administra um dos trechos de rodovias estaduais que dão acesso ao local, contratou uma empresa terceirizada para fazer uma drenagem na região.

Ocorrências

A Defesa Civil (Codesal) está de plantão para atender demandas relacionadas à chuva. O órgão pode ser acionado a qualquer momento por meio do 199, gratuitamente. Até as 18h desta quinta, 283 ocorrências foram registradas. São elas:

  • Deslizamento de terra: 57
  • Desabamento parcial: 10
  • Desabamento de muro: 6
  • Desabamento de imóvel: 3
  • Ameaça de desabamento: 47
  • Ameaça de desabamento de muro: 4
  • Ameaça de deslizamento: 33
  • Árvore ameaçando cair: 13
  • Árvore caída: 2
  • Avaliação da área: 7
  • Avaliação de imóvel alagado: 82
  • Infiltração: 15
  • Destelhamento: 2
  • Pista rompida: 1
  • Orientação técnica: 1

Nas últimas 96 horas, a Codesal recebeu 1.285 solicitações. Entre os dias 1º e 10h desta quinta, já choveu 353,2 mm, 24% a mais do que a média histórica para o mês, que é de 284,9 mm. Os bairros que tiveram maior volume pluviométrico nas últimas 72 horas são: Mirantes de Periperi, Periperi, Ondina, Federação e Centro.

Ainda conforme o órgão, Salvador tem 400 áreas de risco, onde estão mais de mil pontos de perigo, sendo as mais complicadas nos bairros de São Caetano, Bom Juá, Castelo Branco.

Além disso, são 11 sirenes de alerta de evacuação, instaladas em 10 comunidades. Esses equipamentos já soaram nove vezes em oito bairros, somente esta semana e fizeram com que quase 300 pessoas deixassem suas casas. Atualmente, são 240 desabrigados na capital baiana.

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