A concessionária Salvador Norte (CSN) – responsável pelas linhas originadas na orla da cidade (bacia C), com os ônibus na cor azul – recebeu um prazo de 60 dias, contando desde a última segunda-feira, para se adequar aos padrões de operação impostos pela Secretaria Municipal de Mobilidade (Semob).
Segundo o titular da pasta, Fábio Mota, através dos relatórios do CCO e das notificações enviadas pelos passageiros, foi identificado que a CSN apresenta um rendimento inferior ao das outras duas concessionárias, a Plataforma e a OT Trans. Os problemas incluem não parar nos pontos e não cumprir a frota necessária para algumas linhas. “A empresa tem mais dificuldade com relação à operação do sistema. Nós estamos tratando, tendo reunião, fazendo notificação. Eles têm justificativas, como que estão tendo problemas com funcionários, com a manutenção...”.
O prazo não significa que haverá uma intervenção. “Não é nesse nível. A avaliação de viagens programadas da OT Trans e da Plataforma fica em 98%, enquanto a da CSN é de 95%”. Porém, segundo ele, providências já começaram a ser tomadas. Um grupo de trabalho da Semob foi designado para analisar as linhas da empresa e uma pessoa do órgão passou a trabalhar no centro operacional da CSN. Caso os problemas continuem, a empresa pode sofrer sanções que incluem desde multas até, em última instância, a rescisão do contrato, como previsto no edital.
Diretor da CSN, Horácio Brasil afirmou que a empresa passa por dificuldades devido à crise econômica. “Pelo desemprego, houve uma queda grande da demanda. A licitação previa 28 milhões de passageiros por mês. Não estamos conseguindo transportar nem 26 milhões. Houve uma exigência muito forte no que diz respeito à renovação de frota, com custos altíssimos”. Ele reforça que a empresa tem 58 anos de experiência. “Somos pessoas empenhadas e que têm um compromisso muito grande com Salvador”.
Foto: Divulgação |
Rodoviários pedem mais debate e empresas elogiam rapidez
Para o presidente do Sindicato dos Rodoviários, Hélio Ferreira, a função do CCO acaba sendo desviada. “Acaba mais agindo para punir o rodoviário. Essas questões de desvio de itinerário, por exemplo, podem ser até de carros que são assaltados e o assaltante manda desviar”.
Para Ferreira, as novas tecnologias são bem-vindas, mas deveriam ser acompanhadas de um maior debate. “Os rodoviários são heróis por conduzir as pessoas, mas não fomos ouvidos. Recebemos o pacote pronto e, agora, a gente tem que gerir esse pacote, que não leva em conta a realidade do rodoviário”.
Já o assessor de relações sindicais do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Salvador (Setps), Jorge Castro, elogia a rápida comunicação do CCO. “Tendo um sistema online, não precisa ter uma pessoa lá (no local). Mas tem a questão do conservadorismo, porque as pessoas não estão acostumadas com a tecnologia”.
Ele defende, no entanto, que é necessário ter mais meios de saber imediatamente se o motorista parou um ônibus pelo trânsito ou por uma questão pessoal. “Já vi motorista descer para tomar água de coco e voltar, mas isso é uma coisa muito mais solta. Essa questão do desvio de itinerário é muito difícil de acontecer. A cidade não comporta desvios. Como vai desviar na Avenida Suburbana? É esporádico”, afirma.
As principais infrações registradas pela Semob
* Não rodar com a frota necessária para cada linha 2.088 autuações desde abril de 2015
* Não parar no ponto 1.340 autuações desde a criação do CCO, em abril de 2015
* Não atender pedido de parada do passageiro: 1.180 autuações durante o mesmo período
* Não cumprir viagens 783 autuações desde abril de 2015
* Desvio de itinerário 316 autuações desde abril de 2015
* Números somam as autuações geradas pelo CCO e pela fiscalização de rua
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