A conta de energia, a partir desta terça-feira (1º), será cobrada com o acréscimo de R$ 1 a cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. A entrada em vigor da bandeira amarela foi anunciada pela Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) na sexta-feira. Além disso, este mês também passa a valer o reajuste de 17% estabelecido pela agência no último dia 17.
Apesar do susto, existem formas de o usuário economizar e minimizar o peso no orçamento. Uma delas é reduzir os gastos com energia ao utilizar eletrodomésticos ou aparelhos eletrônicos que façam parte do grupo da eficiência energética.
A gerente de eficiência energética do grupo Neoenergia, Ana Mascarenhas, explica que esses produtos desempenham a mesma função de um aparelho comum, mas utilizam menos energia. “A potência é menor, portanto ele gasta menos. Em vez de comprar uma lâmpada fluorescente com 15 watts, você pode comprar uma lâmpada led de 10 watts, que faz a mesma coisa, mas gasta menos energia”, orienta.
Para saber qual produto integra o grupo da eficiência energética, basta o consumidor procurar pelo Selo Procel no momento da compra do eletrodoméstico. “Nesse exato momento, a gente tem que fazer duas coisas: diminuir o tempo que usamos os aparelhos e investigar para comprar um produto com potência menor”, orienta Ana Mascarenhas.
Além dessas sugestões, existem algumas práticas que o consumidor pode adotar no dia a dia que também ajudam a equilibrar a conta de luz no final do mês. Edísio Freire, economista e planejador financeiro pessoal, conta que existem hábitos que podem ser adotados pelos consumidores que são simples, mas ajudam bastante na economia de energia.
“Controle a iluminação dos cômodos da casa que não estão sendo usados; otimize o tempo de abertura da geladeira; quando estiver utilizando o chuveiro elétrico feche o registro, enquanto estiver se ensaboando. Outro ponto é passar e lavar a roupa no mesmo momento, para economizar água e energia”, sugere o economista.
Simulação
Uma família de classe média baixa que consome cerca de 130 kw/h por mês, ou seja, ultrapassou o limite de 100 kw/h da bandeira, teria que pagar, sem nenhum dos dois aumentos, pouco mais de R$ 83 na conta. Com a inclusão do valor da bandeira amarela, a conta aumenta em R$ 1 para cada 100 quilowatts-hora (kWh) consumidos. Porém, caso seja levado em consideração também o reajuste de 17%, essa família terá que pagar pouco mais de R$ 99. É um aumento real de 18,46%, sinaliza Edísio Freire.
A Companhia de Eletricidade do Estado da Bahia (Coelba) possui um programa de troca de produtos por descontos, que também ajuda nos gastos com a conta de energia. O programa Vale Luz prevê benefícios, como a troca de resíduos sólidos por descontos na conta de energia.
O projeto, além de reduzir o valor da conta de energia dos moradores, ainda tem o objetivo de estimular o uso racional dos recursos naturais e minimizar os impactos negativos causados pelos resíduos no meio ambiente. São aceitos na troca produtos do tipo papel ou papelão, metal, plástico, além de oléo vegetal e azeite.
Economia em casa
Marinelma Gomes é presidente da Associação das Donas de Casa do Estado da Bahia (ADCB), e não gostou da notícia do aumento na conta de energia.
“Algumas pessoas estão tendo a energia cortada. A energia é algo muito necessário em uma casa. Elas (donas de casa) já têm que se privar de lazer há muito tempo por conta dos gastos. São essas dificuldades, por conta dos aumentos, que ouvimos todos os dias nas reuniões da associação”, revela.
A dona de casa Rita Moraes, moradora da Pituba, trabalha como auxiliar-administrativo e diz que já economiza bastante com a cobrança operando na bandeira verde, quando não há uma taxa de acréscimo.
“A energia é tudo. Vamos ter que economizar ainda mais, porque eu já economizo bastante. Vou ter que retirar todos os aparelhos da tomada agora, porque fogão e ferro, por exemplo, eu não tenho como parar de usar”.
Economize energia elétrica com atitudes simples do cotidiano
Desliga aí - Quando não estiver utilizando algum cômodo da casa, lembre de apagar as luzes. Vale, também para equipamentos como computadores. Se saiu da frente do PC para assistir TV, por exemplo, desligue o aparelho
Escolha antes- Abrir a porta da geladeira e ficar pensando o que era mesmo que você queria pegar é um comportamento ruim para o bolso. Deixe para abrir a porta somente depois de ter certeza do que precisa descongelar. Ao beber água, retire a garrafa, feche a porta, beba e depois abra de novo para guardar.
Banho eficiente - Vai passar sabonete ou shampoo? Feche o chuveiro antes
Luz do bem -Substitua a lâmpada fluorescente por leds
Luz do bem- Compre produtos com o Selo Procel e adesivo Inmetro classe A
Quais aparelhos mais gastam energia?
Chuveiro elétrico - Banho demorado com água quente dói no bolso. Faça também a manutenção do aparelho, porque chuveiro mal instalado, além de perigoso, custa caro.
Ar-Condicionado - Regule a potência e o tempo de uso. Quanto mais tempo o ar ficar ligado, maior será a conta
Micro-ondas - Para fazer pipoca, por exemplo, prefira o modo tradicional, no fogão.
Máquina de lavar - Junte a roupa suja da casa para lavar de vez. Aqui vale a regra: quanto mais usa, mais gasta.
Projetos de energia solar podem ter 100% de subsídio
O desejo de gerar energia solar através do próprio telhado de casa, economizar na conta de luz e ainda contribuir com o meio ambiente está mais próximo dos baianos desde a primeira semana de abril, quando o governo federal anunciou em Brasília a liberação do financiamento do Fundo Constitucional de Financiamento do Nordeste (FNE Sol) para pessoas físicas e jurídicas.
Operados pelo Banco do Nordeste, os recursos da ordem de R$ 3,2 bilhões são voltados para financiar a instalação de placas fotovoltaicas (que convertem a energia do sol em eletricidade) em residências e estabelecimentos comerciais nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste do país.
Com a facilitação de acesso ao financiamento, o que inclui juros abaixo das taxas praticadas pelo mercado e prazo maior para pagamento, o governo espera que cresça o número de pessoas que geram a própria energia. A expectativa do Ministério da Integração Nacional é realizar pelo menos 10 mil operações, ainda este ano.
O presidente do Banco do Nordeste, Romildo Rolim, destaca que essa ampliação do FNE Sol, que já contemplava pessoas jurídicas e empreendedores rurais, beneficiará milhares de famílias em toda a região.
“O BNB já investiu mais de R$ 65 milhões para a micro e minigeração de energia. Estamos preparados para financiar todas as pessoas interessadas na aquisição dessa moderna tecnologia de energia limpa ”.
Para o presidente-executivo da Associação Brasileira de Energia Solar Fotovoltaica (Absolar), Rodrigo Sauaia, a iniciativa do governo federal é relevante para o setor, uma vez que o acesso ao crédito é o grande gargalo para o avanço da energia solar no país.
“Contribui diretamente na redução dos gastos com energia elétrica, geração de empregos de qualidade e com a sustentabilidade ambiental, por ser uma energia limpa”, observa.
Embora seja um país tropical dotado de sol em abundância, atualmente menos de 30 mil unidades consumidoras de energia elétrica, dentre as 82 milhões existentes no Brasil, podem gerar energia solar fotovoltaica – número que corresponde a apenas 0,04% do total.
Moradora dos Barris, a médica veterinária Maria das Graças Almeida afirma que instalaria as placas solares em casa, caso tivesse condição financeira. “Se pudesse eu faria. Inclusive já tive na fazenda de minha família, em Milagres, cidade do Centro-Sul baiano, a 230 km de Salvador, com empréstimo do BNB, mas roubaram tudo: placa, bateria e fios”, lamenta.
Idade de aparelhos determina gastos
A idade dos eletrodomésticos influencia diretamente o valor final da conta de energia. Segundo especialistas, o principal fator que contribui para um maior consumo nos equipamentos antigos é a tecnologia.
Os componentes utilizados em eletrodomésticos mais modernos têm o objetivo de proporcionar um gasto menor, é o que se chama de eficiência energética. Já os antigos, não trazem esses componentes.
O desgaste natural das peças também pode transformar geladeiras, micro-ondas e máquinas de lavar em verdadeiros “ladrões” de energia.
Se a dificuldade para a troca do equipamento velho por um mais novo e econômico for financeira, a especialista em eficiência energética da Coelba, Ana Mascarenhas, em entrevista ao CORREIO no último dia 19, recomendou a manutenção constante.
“No caso de aparelhos como geladeira, que precisam ficar ligados 24 horas por dia, é importante estar atento aos defeitos de vedação e outros problemas que possam prejudicar a relação de consumo”, explicou. “Nos equipamentos de uso sazonal, o consumidor deve se reeducar para evitar prolongar o funcionamento quando não há necessidade”.
Ainda de acordo com Ana Mascarenhas, o pensamento econômico é essencial para a redução de gastos. E o consumidor deve conhecer quais são os aparelhos que mais gastam energia.
“Chuveiro elétrico, ar-condicionado, micro-ondas e máquinas de lavar roupas estão entre os eletrodomésticos de maior consumo no lar, por isso é importante verificar a intensidade com a qual esses equipamentos são usados”, afirma.
Para reduzir o impacto na conta, Ana recomenda o cálculo entre potência e tempo de uso. Quanto mais forem acionados, maior será o peso no valor na fatura no fim do mês.
* Reportagem com a supervisão da editora Mariana Rios e do chefe de reportagem Jorge Gauthier
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Redação iBahia
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