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Detento morre após ser queimado em hospital de custódia

Luiz Henrique, 24, morreu devido a uma infecção generalizada

Redação iBahia • 25/12/2017 às 16:19 • Atualizada em 27/08/2022 às 1:10 - há XX semanas

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O olhar desolador pesava mais do que seus 50 kg distribuídos em 1,50 de altura. A dona de casa Eneide Aprígio de Souza, 54 anos, liberava na manhã desta segunda-feira (25) no Instituto Médico Legal (IML), o corpo do seu sexto filho morto. Ela diz que internos atearam fogo no filho dela, Luiz Henrique Souza de Jesus Filho, 24, que estava custodiado no Hospital de Custódia e Tratamento Psiquiátrico da Bahia (GCT), na Baixa do Fiscal.

Foto: Bruno Wendel | CORREIO*
“É muita dor. Colocaram fogo nele. Ele estava queimado da cintura até o peito e os braços também. É como se alguém enrolasse ele num colchão e pusessem fogo. Era o sexto filho que tiram de mim. Os outros foram mortos pela polícia e por traficantes”, conta Eneide, amparada pela filha, Luíza e o marido Luiz Henrique, na manhã desta segunda-feira, 25, no IML.
Luís Henrique sofreu queimaduras de primeiro e segundo graus no dia 13h deste mês. Ele estava internado no Hospital Geral do Estado (HGE) na ala de queimados, mas não resistiu e morre após uma infecção generalizada na noite de Natal (24). Ele será enterrado nesta quarta-feira, às 10h no cemitério municipal de Paripe.
Segundo Eneide, Luís Henrique ligou dois dias antes de sofrer as queimaduras. “Ele me disse que estava bem, que tinha saído da solitária. Ou seja, já estava na cela junto com os demais internos. Meu filho foi assassinado”, desabava Eneide. Há 15 dias, a dona de casa visitou o filho e saiu de lá preocupada com a segurança dele. “Ele estava triste e estava bastante abatido e com o lado do rosto direito machucado. O osso da face quebrado”, complementa.
Ela disse que procurou a direção do HCT que por sua vez informou que Luís Henrique pôs fogo no próprio corpo, já que estava em um Quarto Individual (QI), uma espécie de solitária – cela individual e isolado de qualquer contato humano usada como um castigo contra detentos que violem as regras da prisão. “Se ele estivesse realmente sozinho, ele teria queimado as pernas e a cabeça. Mas não estava. Enrolaram ele num colchão”, declara a mãe.
Aos 17 anos Luiz Henrique deu início aos tratamentos psiquiátricos nos Caps (Centros de Atenção Psicossocial). Em 2011 ele foi preso por roubo e internado no HCT. Depois de cumprir pena, ele foi liberado. Mas em 2014, um juiz determinou o retorno de Luís Henrique ao HCT porque para continuar o tratamento. Então, em novembro deste ano, Luís Henrique estava na região do Iguatemi, onde trabalhava como ambulante, quando foi levado diretamente ao HGT.
Foto: Bruno Wendel | CORREIO*
Seap
Procurada pelo CORREIO, a assessoria de comunicação da Secretaria de Administração Penitenciária e Ressocialização (Seap) reafirmou a versão do HGT dada à família do detento ateou fogo no próprio corpo, uma vez que ele vinha tentando se matar há 40 dias, período que retornou ao HGT. A assessoria disse ainda que não há informações de participação de outros detentos, pois Luís Henrique estava numa cela individual e que só uma investigação da Polícia Civil poderá apontar as circunstâncias da morte. Em raleção à investigação, o CORREIO ligou para assassoria de comunicação da Polícia Civil, mas ninguém atendeu.

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