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“Ele morreu como herói”, diz tio de jovem morto em Cajazeiras

Ele estava trabalhando na loja há cinco dias e morreu tentando impedir um assalto

• 04/03/2016 às 16:14 • Atualizada em 30/08/2022 às 3:23 - há XX semanas

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Foto: Reprodução
O sonho de Cristian Zacarias dos Santos, 19 anos, era ter uma loja para vender aparelhos de celular. Estava lutando para isso, mas nesta sexta-feira (4) o corpo dele foi sepultado, por volta das 12h, no cemitério Municipal de Periperi, no Subúrbio Ferroviário de Salvador.Cristian foi morto durante um assalto a loja de aparelhos de celular em que ele trabalhava, em Cajazeiras X, na quarta-feira (2). Dois homens chegaram em uma motocicleta e um deles anunciou o assalto. Cristian tentou tomar a arma do bandido, mas ela disparou durante a luta e ele foi baleado. Os suspeitos fugiram e o funcionário morreu antes de receber os primeiros socorros.O crime aconteceu na loja Robson Celular, na Avenida Engenheiro Raimundo Carlos Nery, por volta das 14h30 de quarta-feira. Cristian era o mais velho de cinco irmãos e começou a trabalhar por volta dos 14 anos, como carregador, usando um carro de mão. Ele também trabalhou com o pai, como ajudante de pedreiro, e em uma loja de assistência técnica. “A mãe dele colocou ele e o irmão para trabalhar como auxiliar de um rapaz lá do bairro, que trabalha com eletrônica. Ele tinha uns 14 anos nessa época e aprendeu rápido o oficio. Ele era muito inteligente, aprendia as coisas rápido”, contou a tia de Cristian, Flávia Paim. A família acredita que tenha sido nessa época que ele desenvolveu o gosto por aparelhos de celular. Aos 17 anos, Cristian conseguiu o primeiro emprego formal, em uma loja que vendia celulares. Trocou de emprego outras duas vezes, mas sempre no mesmo ramo. Fazia cinco dias que ele estava trabalhando na loja de Cajazeiras, onde foi morto.“Eu estava com meu irmão, o pai dele, quando ele ligou para contar que tinha conseguido o emprego. Ele estava muito contente. Disse que iria ganhar R$ 250 por semana e estava fazendo planos de ter a própria loja. Esse sonho era antigo”, contou o radialista e tio de Cristian, Álvaro Zach, emocionado.Família pediu para caso não ser esquecidoO jovem era filho do mestre de obras Alexandre Zach e da ajudante de serviços gerais Nadjane Santos. Cristian não estava mais estudando, nem tinha filhos. Ele estava namorando e era conhecido por ser um rapaz alegre e brincalhão. “Ele estava sempre de bom humor. Era um rapaz muito trabalhador e dedicado ao que fazia. Determinado quando queria uma coisa e muito corajoso”, contou o dentista Artur Caetano, amigo da família da vítima. A família precisou do auxílio funeral da prefeitura para fazer a cerimônia, atrasada por conta de problemas burocráticos com a certidão de óbito. “A gente vê tantos jovens se envolvendo no mundo errado, ver um jovem batalhador é motivo de orgulho. Ele morreu como herói, apesar de não merecer morrer tão jovem assim”, afirmou Álvaro. Ele cobrou respostas da polícia, pediu por justiça e para que os policiais não deixem os criminosos escaparem impunes. “O que queremos é que as autoridades olhem para essa situação e não deixem que isso se repita. A violência está presente em todos os lugares, mas nas favelas ela é ainda pior. Precisamos apoiar as ONGs de Direitos Humanos e cobrar maia resultados”, disse, sob aplausos.Cristian morava com a mãe no Uruguai, mas há cerca de três meses passou a viver com o pai em Cajazeiras X. A mãe e o pai do jovem estavam muito abalados e permaneceram a todo instante ao lado do caixão com o corpo. Amigos fizeram orações e entoaram cânticos religiosos para se despedir do rapaz. O corpo do trabalhador foi sepultado por volta das 12h, sob aplausos.No dia do crime, uma guarnição da 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (Cajazeiras) esteve no local, mas ninguém foi preso. O caso está sendo investigado pela 13ª Delegacia (Cajazeiras). O CORREIO ainda não conseguiu contato com a delegada responsável pela unidade para comentar o assunto.
Correio24horas

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