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SALVADOR

Órgãos e estruturas temporários se perpetuam em Salvador; começa pela prefeitura

O prédio da prefeitura de Salvador, construído em maio de 1986, deveria abrigar o Executivo municipal por apenas 6 meses

• 17/10/2011 às 9:46 • Atualizada em 14/09/2022 às 0:27 - há XX semanas

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Bem-vindo a Armengue City. Já imaginou chegar a Salvador e ser recepcionado com uma faixa assim (provisória, provavelmente)? A julgar pela quantidade de equipamentos temporários que se tornam permanentes na cidade, o nome cairia bem. Os improvisos definitivos, talvez você não saiba, começam pela sede da prefeitura. O prédio, construído em maio de 1986, deveria abrigar o Executivo municipal por apenas 6 meses. Porém, 25 anos depois, continua tudo como dantes no quartel soteropolitano. Mas, antes de continuar essa história (na página ao lado), vamos (re)conhecer outros pontos provisórios da cidade. A lista começa com unidades policiais. Em Cajazeiras, um posto da Polícia Civil que funcionava como extensão da 10ª Delegacia (Pau da Lima) foi promovido à 13ª Delegacia em 1994. “A proposta era construir um complexo de segurança pública na Fazenda Grande III. Mas os recursos foram usados na ampliação do pequeno posto. Naquele ano, inauguramos a minidelegacia provisoriamente, enquanto mais recursos eram obtidos. Só que a cena não muda, a população cresce e ficamos sem estrutura”, lamenta Evanir Ribeiro, líder comunitário. A Polícia Civil diz que existe um projeto para construção de um complexo de segurança na região, mas que é necessária uma área de 2 mil metros quadrados. A 3ª Companhia Independente da Polícia Militar (CIPM), segundo Ribeiro, também ocupa espaço provisório. “Há mais de dez anos a companhia está instalada em um prédio que pertencia a uma ONG para deficientes físicos. Como o local estava abandonado, foi ocupado pela PM, mas também em caráter provisório, já que seria construído o complexo de segurança”, diz. Segundo a Polícia Militar, a sede da CIPM, criada em 1999, é definitiva e passou por uma ampla reforma em 2004. Um novo projeto de ampliação deve ficar pronto em 20 dias.
PassarelaOutro ponto provisório sem prazo fica na rua Octávio Mangabeira, em São Cristóvão, e é composto de ferro e madeira. Desde dezembro de 2008, uma passarela foi instalada “para atender à necessidade premente da população, devido às obras do Complexo Dois de Julho”, diz o Departamento de Estradas e Rodagens da Bahia (Derba). Três anos depois, a Rótula do Aeroporto já está pronta, mas o equipamento - alugado por R$ 22 mil ao mês - deve ficar onde está até fevereiro de 2012, quando vence o contrato de locação. Enquanto isso, moradores evitam a passarela. “Se é para arriscar, passo por baixo mesmo. Isso é um horror. Não tem cobertura, a gente não sabe se as tábuas vão quebrar. Não me sinto segura”, diz a auxiliar de operações Adriana Cardoso, 27. A passos lentos por causa de uma lesão na perna esquerda, a dona de casa Cristina Rosário, 36, conta com a boa vontade da doméstica Erica Conceição, 33, para encarar o “Transformers de São Cristóvão”, em referência ao filme em que carros se transformam em robôs. “Quando chove, a passarela fica escorregadia. Já vi uma senhora tropeçar em uma tábua e as compras que ela carregava caírem na pista”, conta. “É uma demora retada para construir a passarela de verdade”. A demora retada vai durar até março de 2012. De acordo com o Derba, esse é o prazo de conclusão da obra que o órgão diz que iniciou em julho deste ano. A lentidão da obra é atribuída pelo órgão à intensidade de trânsito e pedestres na via e interferências de tubulações de água, gás e telefone. O custo da obra é de R$ 2,5 milhões. EscolasPerto dali, no Setor E de Mussurunga, o CORREIO encontra uma creche que funciona provisoriamente há dez anos na sede do Centro Social Urbano (CSU) do bairro. O líder comunitário Reginaldo Ribeiro afirma que estado e prefeitura brigam para que o Centro Municipal de Educação Infantil Almir de Oliveira (CMEI) seja transferido para outro local. “O CSU pertence ao estado, que cedeu espaço provisoriamente para a prefeitura. A nova creche deveria ser construída no Setor C, mas até agora nem sinal de obra”, conta. Segundo a Secretaria Estadual de Desenvolvimento Social e Combate à Pobreza (Sedes), o caso, que envolve outros cinco CMEI (Narandiba, Pernambués, Valéria, Castelo Branco e Cosme de Farias), foi parar no Ministério Público. Em um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) firmado em maio de 2009, a prefeitura concordou em transferir as escolas até o final daquele ano. Dois anos depois, só a pré-escola de Narandiba foi transferida. Em Pernambués, a previsão é que o espaço seja desocupado até dezembro de 2012. Já em Valéria, a escola só foi transferida porque o CSU entrou em reforma no final de 2010. De acordo com a Sedes, a Secretaria Municipal de Educação (Secult) não procurou o órgão para tratar da situação das creches de Mussurunga, Castelo Branco e Cosme de Farias. Os espaços foram emprestados em 2001 com contrato de 2 anos. Em nota, a Secult assegura que já procura imóveis em Mussurunga e Cosme de Farias para transferir o centro de ensino. Já em Castelo Branco, o CMEI José Renato Monteiro Lobato deve ser transferido esta semana, mas novo endereço não foi informado. PontoA cobertura, feita com pedaços de madeira e telhas, assusta quem tenta se abrigar no ponto de ônibus improvisado na avenida Paralela, perto do Condomínio Amazônia. “Essa tenda que eles chamam de ponto já tem quase três anos. É do tempo da construção do Canal do Imbuí e até agora ninguém entendeu por que continua de pé”, diz o promotor de vendas Eduardo Martins, 26. A Transalvador, em nota, tentou esclarecer. Tentou. O comunicado diz que “dentro de pouco tempo” as empresas JC Decaux e Cemusa, que implantam e administram os pontos de ônibus, vão retomar a implantação de novos abrigos, incluindo a estrutura definitiva do ponto próximo ao Condomínio Amazonas. Prefeitura foi construída para durar seis mesesNo local onde é a sede da prefeitura de Salvador, na Praça Municipal, funcionava a antiga Biblioteca Pública, demolida em 1970. O Executivo municipal, na época, ficava no Engenho Velho de Brotas. Em 1986, o então prefeito Mário Kértesz decidiu transferir a sede para um imóvel no Centro Histórico. Porém, enquanto não se encontrava local apropriado, Kértesz pediu ao arquiteto João Filgueiras Lima, o Lelé, que projetasse um edifício provisório na Praça Municipal. Em apenas 12 dias, o prédio foi erguido e inaugurado, em 16 de maio de 1986.
Foram necessários só 12 dias para erguer a prefeitura, no Centro
Em setembro de 2004, o juiz João Batista de Castro Júnior (7ª Vara Federal) determinou que a prefeitura fosse retirada em seis meses, sob o argumento de que o prédio fere o conjunto arquitetônico, paisagístico e urbanístico do Centro Histórico. A decisão causou polêmica. “Apesar de ser um prédio transitório, ele respeita todas as questões urbanísticas que defendo. Se chegar à conclusão que está completamente errado, tem que tirar”, afirmou Lelé, na época. Hoje, 25 anos depois, a prefeitura informou que não há planos para retirada da sede. Kértesz foi procurado, mas estava viajando. Lelé não foi encontrado para falar.

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