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SALVADOR

Praia de Patamares foi considerada imprópria durante 90% do ano

Levantamento do CORREIO mostrou a situação da praia entre a primeira semana de 2017 e a de 2018

Redação iBahia • 08/01/2018 às 16:20 • Atualizada em 30/08/2022 às 0:26 - há XX semanas

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O mau cheiro na praia de Patamares pode até ter começado nas últimas semanas, mas a situação do mar nas proximidades da foz do Rio Jaguaribe já não é boa há algum tempo. Um levantamento feito pelo CORREIO mostrou que, durante 90% do último ano, a praia foi considerada imprópria pelo Instituto do Meio Ambiente e Recursos Hídricos (Inema).

Foto: Mauro Akin Nassor/CORREIO

Das 53 semanas entre a primeira de 2017 e a primeira de 2018, Patamares foi notificada como imprópria 48 vezes pelo órgão – ou seja, durante 90,5% do ano. De acordo com o diretor de águas do Inema, Eduardo Topázio, a situação em Patamares é um problema crescente e que vem sendo refletido em anos anteriores.

“Essa bacia (do Jaguaribe) tem sofrido com a grande pressão de crescimento na cidade, com grande contribuição da falta de esgotamento sanitário. As pessoas invadem áreas que não têm como fazer rede de esgoto. É uma questão de natureza social e econômica, não é porque o pessoal é ‘malvadinho’. É porque eles não têm alternativa”, explicou, em entrevista ao CORREIO nesta segunda-feira (8).

A situação na praia de Patamares chamou atenção de frequentadores desde a semana passada- na sexta-feira (6), a rede coletora de esgoto da região parou de funcionar. O esgoto estava sendo lançado no Rio Jaguaribe e, consequentemente, na praia onde fica a foz do rio – a da Terceira Ponte. Na semana passada, a Empresa Baiana de Água e Saneamento (Embasa) recomendou que banhistas evitem o mar da área por pelo menos cinco dias. A previsão é que a manutenção seja concluída até quarta-feira (10).

Segundo Eduardo Topázio, embora a praia esteja recebendo o esgoto, o quadro de Jaguaribe não mudou muito. “Essa questão não alterou a qualidade da praia porque já estava ruim”, explica. Mesmo assim, desde o início das obras, o Inema tem monitorado as mudanças. Nesta terça-feira (9), o órgão deverá ter um balanço completo da situação no local – e vai poder determinar, inclusive, se tem afetado praias vizinhas, como Pituaçu e Piatã. Na semana passada, no último boletim divulgado, as duas foram consideradas imprópria e própria, respectivamente.

Para aferir melhor, eles têm monitorado, inclusive, a região da Terceira Praia, uma vez que, normalmente, o Inema acompanha a praia de Patamares, no ponto em frente ao posto salva-vidas. O monitoramento é feito com amostras de 100 ml.

Mesmo assim, ele diz que, depois que o esgoto é lançado no mar, após um tempo, as condições do mar fazem com que a água volte à condição anterior – que, por sua vez, já era ruim. De acordo com Topázio, uma carga orgânica que é lançada ao mar é reduzida em até 90% em 90 minutos nas condições climáticas de Salvador. Para ser considerada imprópria, tem que ter alguma alteração em 20% da amostra ou que os técnicos encontrem, de uma única vez, duas mil Escherichia coli por 100 ml.

Essas bactérias, na verdade, não são o problema. Elas fazem parte, inclusive, do organismo dos seres humanos. No entanto, elas podem vir acompanhadas de agentes patogênicos. Além disso, entre os micro-organismos na água, as E. coli são as mais resistentes e mais numerosas. Ou seja, se elas não forem encontradas, outros também não serão. Depois, para a praia voltar a ser considerada ‘própria’, o resultado precisa ser menor do que esse por ao menos cinco semanas consecutivas.

Procurada pelo CORREIO, a Embasa não emitiu posicionamento até a publicação desta reportagem. Já a Conder, que tem feito obras na região do Rio Jaguaribe, informou que as intervenções promovidas não têm ligação com a situação do esgoto sendo lançado no mar. Através da assessoria, a Conder afirmou a mancha escura no mar pode ser percebida desde o trecho que antecede a obra, nas imediações do bairro Trobogy e do Shopping Paralela.

“Vale ressaltar que os objetivos principais da obra no Rio Jaguaribe são: impedir o descarte de esgoto no Rio Jaguaribe; reforçar e remanejar adutoras da Embasa que abastecem boa parte da população da capital, controlar as constantes cheias dos rios com o revestimento das calhas; preservar e proteger as margens com recomposição da arborização, garantindo ainda mais qualidade de vida; além de implantar de equipamentos comunitários e esportivos, entre eles, quadra poliesportiva, ciclovia e calçadas que irão impedir novas ocupações irregulares”, dizem, em nota.

Polícia Federal
A situação em Jaguaribe remete ao acidente que, em março de 2016, provocou o despejo de 756 milhões de litros de esgoto sem tratamento na praia do Rio Vermelho. Na época, um acidente com um ônibus provocou a interrupção de energia na Estação de Tratamento de Água do Lucaia.

Porém, em novembro do ano passado, a Polícia Federal (PF) deflagrou uma operação – batizada de Águas Limpas – para investigar se a Embasa vinha cometendo crime ambiental. Segundo a PF, o órgão vinha jogando esgoto sem tratamento no mar desde outubro de 2015. Segundo a perícia, a bomba que deveria fazer a elevação do efluente, permitindo o escoamento do esgoto estava inoperante. Ou seja: com essa bomba sem funcionar, o esgoto não passava pelos processos obrigatórios de tratamento, como o gradeamento, peneiramento e caixa de areia.

Procurado pelo CORREIO, o delegado Fernando Berbert, que conduzia a operação Águas Limpas, afirmou que não estava mais à frente das investigações. Ele não soube dizer se a situação em Jaguaribe tinha relação com a do Rio Vermelho. A assessoria de comunicação da PF não foi localizada pela reportagem.

Já o Ministério Público Federal (MPF) informou que o inquérito sobre o caso foi devolvido à Polícia Federal em dezembro do ano passado pela procuradora Bartira de Araújo Góes. A assessoria do órgão não soube dizer qual foi o motivo para a devolução do inquérito. A procuradora Bartira, por sua vez, está de férias.

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