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Sereia das águas baianas fala sobre vida de mulher-peixe; confira

Selene, a única sereia baiana, conta como um sonho de infância se tornou realidade

• 24/01/2016 às 12:51 • Atualizada em 27/08/2022 às 0:45 - há XX semanas

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Já pensou chegar no Porto da Barra e dar de cara com uma sereia? Calma, não foi cerveja demais. É Selene. Com longos cabelos, ela mergulha para nadar entre os peixes. A bonita não nasceu com cauda, mas arranjou duas, que vieram da Alemanha. Ela não fala do preço, mas uma como a da foto sai a 120 dólares no site finfunmermaid.com. O canto dela não leva pescador para o fundo do mar. O nome tem origem na mitologia grega. Selene era a personificação da Lua. “Sempre fui muito apaixonada por mitologias”, conta.

Vidão: Selene, a sereia baiana, toma um sol à beira da piscina (Foto: Adalton Silva/Divulgação)

Selene é a sereia que ganhou vida pelas mãos (e caudas) da psicóloga e dançarina Yunna-Warã Bamberg, 34 anos. Ela nasceu para as águas há pouco tempo, quase um ano, apesar de ser um sonho antigo. Quem a vê na piscina, nem imagina a canseira de conciliar mergulhos, maquiagem à prova d´água e oficinas para ensinar a ser sereia com os trabalhos de psicóloga e dançarina. Entre um tibum e outro, ela bateu um papo com o BAZAR. Mergulhe com a gente e confira a entrevista.

Quando começou a sereiar?
Esse é um sonho antigo e eu só me reconectei a ele no ano passado. Desde pequena era muito ligada ao mar. Minha mãe conta que eu sempre quis ir sozinha para a água quando íamos à praia. Também sempre gostei de mergulhar como sereia. Amarrava canga nas pernas e ficava parecendo uma cauda. Depois de um tempo, a correria o dia a dia faz a gente se desconectar de nossa essência... Sou dançarina, trabalho com performance, já tinha feito algumas na água, mas sem cauda. Além disso preciso fazer exercícios aquáticos por conta de um problema em minhas articulações. Já acompanhava o trabalho de algumas sereias internacionais, um dia imaginei como seria legal se eu fosse e comecei a investir nisso.

Daí já foi comprando tudo?
Comecei a procurar material. A cauda encomendei em um site alemão, é de tecido com um monofin por dentro (um tipo de pé de pato em que os dois pés são unidos, como uma barbatana de peixe). Existem vários tipos de cauda, umas mais caras, outras mais baratas. Fiquei em dúvida entre duas e Encomendei as duas, uma azul esverdeado e um amarelo alaranjado.

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Como foi que decidiu se tornar uma sereia?
Eu estava pensando, decidi e foi. Tem umas coisas que se a gente fica indecisa, não vai. E desde o dia que eu me decidi o universo tem sido muito bom comigo. Tenho encontrado muitas parcerias maravilhosas, pelas quais sou grata. A resposta ao trabalho tem sido muito legal. Recentemente, contratei uma design que está fazendo um trabalho legal, uma marca e o site.

A maquiagem precisa ser à prova d'água, sempre, para que ela não vire uma "sereia panda", como faz questão de lembrar (Foto: Daniel Fróes/Divulgação)

Existem outras sereias no Brasil?
Me conectei com muitas pessoas daqui. Uma delas é a Mirella, a primeira sereia profissional do Brasil, que me ajudou bastante. Tem um grupo no Facebook para sereias e pessoas que gostam de sereísmo, que se chama Sereias BR. O grupo também tem gente que quer se profissionalizar.

Existe algum tipo de congresso ou reunião de sereias no Brasil?
A gente está querendo marcar, mas ainda não rolou. Como no Brasil isso é mais recente, a gente está muito espalhado. Tem a Mirella em São Paulo, a Lina em Brasília, algumas meninas no Rio de Janeiro.

Como é a vida de sereia?
É ótima. Me sinto muito abençoada porque nasci num lugar com tanta beleza natural em volta, Para as minhas amigas sereias, que não moram em lugares com mar existem dificuldades. Em Salvador, e na Bahia, de forma geral, tem muitas praias lindas. A dificuldade é de escolher. Em Salvador tem tanta beleza natural que a gente não cuida.

E como é a rotina de uma sereia?
O sereísmo é uma prática que exige muito treino. Não dá pra ser só quando tá a fim, não. Eu faço hidroginástica, natação e natação com a cauda duas vezes por semana, cada uma. Só fico um dia da semana livre, sem treinar. Além dos exercícios, preciso de tempo para ensaiar performances, escutar músicas e escolher quais usar durante elas.

E ser sereia custa quanto?
É caro. as caudas já não são baratas e a gente ainda tem que trazer de fora. Agora que está se descobrindo um pouco aqui, devem rolar mais opções no Brasil. Maquiagem a prova d’água, de boa qualidade, os adereços, acessórios… Como tenho que repor as peças com alguma frequência, é preciso ter um capital de giro. Em breve terei também um equipamento cênico. Então tudo isso é gasto.

Acreditar em um sonho, ter uma conexão com a natureza e amar o mar e os animais são pré-requisitos para ser uma sereia, conta Selene (Foto: Daniel Fróes/Divulgação)

Você pode dar algumas dicas para quem sonha em ser sereia?
Tem algumas coisas, a primeira delas é acreditar no sonho. Depois ter essa conexão com a natureza, de coração, amar o mar, a água, a natureza, os animais. Caso contrário, não sustenta. Ser sereia é algo que tem que ser de alma. Precisa de muita dedicação e muito trabalho. Não é só sorriso e mergulho. É preciso muita coragem também.

Coragem por quê?
Às vezes a gente enfrenta algumas situações perigosas e tem que ter muito cuidado, saber nossos limites e vencer um pouquinho a cada dia. Não é porque alguém consegue ficar 4 minutos debaixo d’água que eu vou tentar fazer isso de primeira. É um trabalho de formiguinha, mas não dá para desistir. Outra coisa que é importante é gostar muito de criança, porque as sereias encantam muito elas. É preciso ter jeito de lidar com elas, encorajá-las a nadar, a gostar da natureza.

E a sereia já tem outras sereinhas?
Ainda não tenho filhos. Está nos planos para o futuro. Sou casada e meu marido me ajuda muito e me apoia nos processos todos.

Como é o trabalho de uma sereia?
No meu caso é amplo. Faço eventos que queiram uma sereia, tanto para performance, quanto receptivos. Resorts, hotéis, recentemente estava em uma colônia de férias, sessão de foto e filmagem para algum produto. Tem também o trabalho de conscientização ambiental, animação em festa infantil.

Uma coisa muito importante, como você faz para a maquiagem durar na água?
Algumas pessoas já tinham dado dicas no grupo do Facebook. Fiz testes com algumas, comprei, gostei. A gente vai ser ajudando... Já rolou no esquema tentativa e erro também. Usei umas que me transformaram em sereia panda (risos). Agora, nesse momento, a única coisa que falta no meu kit é o corretivo que é importado. Mas tem que ser à prova d’água, mesmo. Porque algumas maquiagens que dizem que são, só servem para não sair com suor em festas. Além disso, tem umas coisas que eu vou tentando. Tatuagens temporárias, por exemplo, têm efeitos legais e não saem na água.

Por quais praias você nada em Salvador? Tem algum mar específico que você gosta?
Tenho uma relação afetiva com o Porto da Barra. Desde pequena, quando estava triste na adolescência, dava uma andada até o Porto e um mergulho. É a coisa mais maravilhosa do mundo, nadar com os cardumes bem de pertinho. O Porto, apesar de ser uma praia urbana, parece que tem um portal quando você chega lá, que te leva para outro lugar.

E tem outras praias fora daqui?
Ainda não fui para fora da Bahia. Aqui eu já fui em Boipeba, Moreré, Praia do Forte

Você falou que é casada, mas, ainda assim, recebe cantadas?
Tem isso da sereia ser um ser mítico sensual, mas até hoje eu não recebi nenhuma cantada bizarra. Recebo mais mensagens de apoio do que algo de baixo calão. Ainda bem…

Tem alguma sereia que te inspira?
Tem algumas que eu admiro. Mas não me inspiro em nenhuma especificamente. Tem a Hannah Mermaid, tem Mermaid Melissa… Aqui no Brasil tem a Sereia Mirella, que é linda e tem um trabalho super competente. Ela está sempre muito disponível para ajudar, tirar dúvidas e embarcar junto no sonho.

E como é sua ligação com o meio ambiente?
Sempre fui ligada ao meio ambiente, muito consciente em relação a isso e sempre tive o máximo de cuidado com o que eu faço de impacto. A gente tem que pensar em como fazer nossa parte, porque a gente é passageiro, a gente tem que fazer algo para que as próximas gerações sejam melhores. A gente tem que entender que tem que viver em harmonia com a natureza. Acho que somos mal educados, ambientalmente. Isso é algo que precisa ser feito em casa, no dia a dia com a família, na escola…

E além de ser sereia, você faz mais alguma coisa?
Eu sou bastante múltipla. Também sou psicóloga, trabalho com psicologia social e de grupo, estou envolvida com algumas pesquisas que tem a ver com parto. Sou doula, algo de que tenho muita paixão. Sou dançarina, fiz muitos cursos de dança, minha mãe é preparadora corporal. Também faço trabalho de estátua viva.

Finalizando... E para o dia de Iemanjá, está preparando algo?
Sou moradora do Rio Vermelho. O que pra mim já é uma honra, né? Ela me emprestar a casa dela para eu mergulhar… Para o 2 de fevereiro, estou produzindo algumas coisinhas especiais. Tenho que agradecer a quem tem me dado tantas oportunidades.

Correio24horas

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