Quais os atributos que uma deusa precisa ter para que se diferencie das mortais? Graça, força, beleza, coragem. Também precisa ser uma rainha que saiba liderar, se dirigir às pessoas e representar o seu povo. Pode até parecer difícil para quem não tem muita prática, mas a esteticista Cibele Santos, 24 anos, que concorre ao posto de Deusa do Ébano do Ilê Aiyê, garante que preenche o requisito. “Sei que vou conseguir representar as mulheres negras e o Ilê. Me considero uma mulher bonita, inteligente, que tem gingado e sabe dançar”, diz. Além dela, outras 12 candidatas sonham em ser aquela que vai reinar suprema em 2013. No entanto, Cibele e as outras meninas vão ter que controlar a ansiedade até as 21h deste sábado (12), quando começa a 34ª Noite da Beleza Negra, na Senzala do Barro Preto, no Curuzu. Nesta sexta (11), todas foram apresentadas oficialmente em um café da manhã no Hotel Vitória Marina, no Corredor da Vitória. “Estou muito ansiosa. É minha primeira vez. Estou ensaiando duas horas por dia para a dança”, diz, se referindo à performance que vai apresentar. Cada concorrente precisa desfilar e fazer uma dança, usando uma roupa especial, que também deve representar o tema da noite. Dessa vez, o tema é uma homenagem à Guiné Equatorial: da herança pré-colonial à geração atual. Sem revelar os detalhes da roupa, Cibele adianta que será guerreira. “Representando os homens e as mulheres que lutavam pelos territórios da Guiné”, revela. O desejo de ser a deusa começou por influência da família. “Tenho duas irmãs e desde pequena escutava minha mãe dizer que nós três seríamos Deusas do Ébano”. A promessa da mãe tem se cumprido. A irmã mais velha ganhou em 2010. “Ela tem me dado dicas de dança, me fala sobre como conquistar a simpatia do público como sorriso, reconhecer que a música que está sendo tocada está falando de mim, mulher negra”.
As últimas horas de espera têm sido difíceis para a técnica em vestuário Edna Jesus, 22, que participa pela segunda vez. “Tento ocupar a mente, me concentrar, mas não adianta. Vou deitar e fico pensando no resultado. Daí nem consigo dormir”. Além dos ensaios diários para a dança, ela diz que vai contar com uma preparação divina. "Vou tomar um banho de folhas”. A roupa tem estilo tribal e deve combinar com o cabelo, para onde as atenções de Edna estão voltadas. Com as madeixas longas mais claras, ela não foge do estilo afro. “Me valorizo muito como mulher. Não sou do tipo que usa roupa curta, que anda em pagode e fala palavrão. Me visto como as africanas e uso um batom escuro para valorizar meus lábios”. Mesmo quem está concorrendo pela quarta vez, como a dançarina Daiana Ribeiro, 30, tem que se esforçar para não ser pega pelo nervosismo. Ela quase desistiu de tentar de novo, mas os amigos e a família insistiram na inscrição. “Todo mundo diz para eu não parar até ganhar”, brinca. Se depender do esforço da produção do figurino e da dança, Daiana tem boas chances. A roupa vai ser branca, representando uma deusa que traga paz. Para a performance, só precisa continuar com o treino. “Em casa, sozinha, boto um CD com as músicas do Ilê e começo a dançar. Quero me destacar mais do que as outras, porque quero ganhar”, diz a moça, apesar de reforçar que a rivalidade entre as meninas é totalmente amistosa. E o melhor: ninguém precisa ter ciúmes, nem inveja da outra. Para Antônio Carlos dos Santos, o Vovô do Ilê, não existe favorita. “Todas são mulheres bonitas. Agora resta saber se sabem dançar bem. Vamos ver quando elas subirem no palco”. Os critérios para escolher a vencedora são baseados na beleza, na dança e no envolvimento com as questões das mulheres negras e com o bloco. Matéria original: Jornal Correio
Uma delas será eleita a deusa do ébano do bloco afro Ilê Aiyê |
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