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SALVADOR

Escolas municipais têm 20 mil alunos sem livros

Nem todas as escolas receberam a quantidade necessária de material didático para o ano letivo

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18/05/2013 às 11:15 • Atualizada em 01/09/2022 às 13:11 - há XX semanas
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Quando a professora Maria de Oliveira, 51 anos, entra na sala de aula do 4º ano da Escola Municipal Professor Afonso Temporal, os alunos já sabem o que vão ter que fazer: copiar tudo que ela colocar no quadro. O problema é que a professora também está copiando as atividades e assuntos - de um livro didático, que deveria estar disponível para todos. Mas nenhum dos estudantes tem o seu próprio exemplar. O trabalho em dobro acontece porque nem todas as escolas receberam a quantidade necessária de material didático para o ano letivo. De acordo com a assessoria da Secretaria de Municipal de Educação (Smed), cerca de 20 mil alunos da rede municipal não receberam os livros do Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) este ano. Do total de 435 escolas, que atendem a 135 mil alunos, cerca da metade usa o programa. A secretaria informou que já solicitou ao Fundo Nacional do Desenvolvimento da Educação (FNDE), do Ministério da Educação (MEC), novos exemplares para suprir a demanda. Ainda de acordo com a assessoria, a previsão é que a reserva só seja reabastecida mês que vem. Contudo, o secretário municipal de Educação, João Carlos Bacelar, afirmou ao CORREIO que a previsão é de que os exemplares sejam entregues até agosto.
Alunos do 4º ano da Escola Professor Afonso Temporal, em Valéria, têm que copiar a lição toda no caderno. Há 20 mil nessa situação na cidade
ReinvençãoEnquanto os livros não chegam, turmas como a da professora Maria estão tendo que descobrir novas formas de estudar. Faltam livros de todas as disciplinas: Português, Matemática, Geografia, História e Ciências. A escola até recebeu alguns exemplares, mas em quantidade insuficiente. “Temos uma média de 25 de cada”, contou a professora. Por outro lado, 56 alunos estão matriculados na série. De acordo com a direção do colégio, os livros não foram entregues porque não há como fazer uma divisão justa. “Não vou dizer que é impossível dar aula, mas é muito difícil. Na hora de fazer atividades, todo mundo quer seu próprio livro. Cada um tem seu ritmo e suas dificuldades”, relata pró Maria. Além de copiar o assunto no quadro, a sala costuma ser dividida em grupos – que podem chegar até cinco alunos por livro. Porém, isso não resolve os problemas. “Às vezes, não dá para todo mundo e tem gente que não consegue usar (o livro). Daí, tem que esperar algum grupo terminar. E quando vamos para casa, a gente só pode estudar pelo caderno”, disse uma das alunas do 4º ano, Stephanie Fontes, 9. Os livros que não chegam causam questionamentos até por parte dos pais das crianças, de acordo com a diretora da escola, Ana Lúcia Caribé. “Causou um mal-estar, mas entendemos a situação. Infelizmente, esse é o único contato que alguns alunos têm com a leitura”, lamenta. Reposição Essa situação se repete em outras escolas. Das 38 instituições municipais em Cajazeiras e bairros do entorno, 25 receberam uma quantidade de livros insuficiente. “Os livros são enviados, inicialmente, de acordo com o censo escolar do ano anterior. A partir disso, novas unidades são acrescentadas. Mas dessa vez nem a reserva da secretaria deu conta”, explicou a coordenadora regional de educação Adenildes Teles. A Escola Comunitária de Canabrava não recebeu nenhum livro do 4º ano. Segundo a vice-diretora, Cláudia Márcia, só o 2º ano recebeu a quantidade certa. “Nas outras séries, faltam uns 10 livros de cada disciplina”. A saída que os professores encontraram foi usar livros antigos e trazer cópias de textos por conta própria. É a realidade da Escola Municipal Professor Claudio Veiga. Lá, são os 23 alunos do 1º ano que estão sem livro. “Para dar aula, os professores têm que tirar o dinheiro do próprio bolso para fazer as cópias”, comentou a vice-diretora do turno matutino, Claudemira Góes. Os alunos, ainda em fase de alfabetização, acabam sem outras chances de praticar a leitura. “Nem estudo em casa, porque não tenho livro”, admitiu um dos estudantes da turma, Alisson Bispo, 6. ProblemasEsse é um problema antigo, segundo o secretário João Carlos Bacelar. “Já vem faltando há cinco anos e o governo federal apresenta a mesma justificativa: problema na impressão e na distribuição”. Na opinião dele, a situação coloca em risco o aprendizado dos estudantes. “A gente recebe coleções faltando. Vem o de Ciências, mas não vem o de Matemática, por exemplo”, completa. Ele acredita que, como consequência, os professores ficam sobrecarregados. “Eles criam material, colocam dois anos juntos e isso compromete o rendimento dos alunos, os mais prejudicados”. De acordo com a assessoria do Ministério da Educação (MEC), a responsabilidade de entrega é do FNDE. O CORREIO tentou contato com o FNDE durante todo o dia, mas ninguém respondeu às solicitações nem por telefone nem por email. Alfa e Beto: secretaria e MP discutem sistema em reuniões Na última terça-feira, o secretário municipal de educação, João Carlos Bacelar, se reuniu com a promotora Rita Tourinho, do Ministério Público (MP-BA) para discutir a manutenção do sistema de ensino Alfa e Beto na rede municipal. Segundo a assessoria da Smed, a secretaria prestou esclarecimentos quanto à metodologia do sistema. No início do mês, o MP recomendou a suspensão do programa. O órgão ressaltou, na ocasião, que professores alegaram conteúdo discriminatório nos textos do sistema. Em fevereiro, os professores da rede municipal pararam as atividades por 48h, em uma manifestação contra o Alfa e Beto. O investimento para o programa está estimado em R$ 12 milhões e contempla a aquisição de 3.781 kits, com material de apoio. Para definir a situação, um novo encontro entre o secretário e o MP deve ser marcado na próxima semana. Materia original: Correio 24h Escolas municipais têm 20 mil alunos sem livros; Prefeitura culpa ministério

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