O acidente de trabalho que resultou na morte de dois operários e de um homem que tentou resgatá-los na manhã da última quarta-feira (18) foi causado por uma sequência de falhas em normas de saúde e segurança do trabalho. Em coletiva realizada na manhã desta sexta-feira (20), na sede da Superintendência Regional do Trabalho e Emprego da Bahia (SRTE-BA), o auditor fiscal do trabalho responsável pela verificação do caso, Anilton Cerqueira, apresentou as conclusões preliminares da investigação. Falhas no treinamento, na sinalização e no isolamento da área já foram identificadas com as informações coletadas no local da tragédia. A análise das causas do acidente poderá se entender por até 60 dias.
Dentre as conclusões preliminares, estão a falta de monitoramento do ar no poço de visita onde ocorreu o acidente, falta ou insuficiência de treinamento para atuar nesses locais e em situações de risco, ausência de equipamentos de respiração para facilitar o acesso em segurança ao poço, falta de sinalização e de isolamento da área, além da ausência de um funcionário para atuar como vigia enquanto outros desciam ao poço.O Consórcio Passarelli MRM Salvador, responsável pelo serviço, contratado pela Empresa Baiana de Águas e Saneamento (Embasa), foi notificado a apresentar documentos e teve todas as obras em áreas confinadas - onde pode haver contaminação do ar - interditadas pela SRTE até que comprove a adoção das normas de segurança. Por causa das irregularidades já encontradas na inspeção realizada após o acidente, o consórcio foi multado pela SRTE por descumprimento das Normas de Reguladoras 18 (construção civil) e 33 (trabalho em ambientes confinados), mas ainda pode recorrer da penalidade. Segundo apurou o auditor, morreram no acidente os operários Antônio Pereira da Silva e José Ivan Silva, funcionários do Consórcio Passareli MRM Salvador, e Gilmário da Conceição Barbosa, que passava pelo local e tentou ajudar no resgate dos dois primeiros. Outras três pessoas também saíram feridas: os operários Vaílson Rosa da Silva e Paulo Gonzaga, além de Marcelo dos Anjos Maciel, que chegou a desmaiar dentro do poço de visita ao tentar resgatar os dois operários mortos, mas foi retirado. Após sua saída, Gilmário teria tentando retirá-los e acabou morrendo no local. Em nota divulgada no dia do acidente a Embasa esclareceu que a causa da contaminação na rede de esgoto seria um gás. Ainda segundo a estatal, o consórcio responsável pela execução da obra estaria investigando a origem do contaminante, uma vez que a rede de esgoto ainda não está em funcionamento. O equipamento é uma caixa de concreto armado implantada a três metros de profundidade. Segundo o consórcio, o serviço estava finalizado há três meses e, na manhã do último dia 18, os técnicos teriam ido realizar uma vistoria no local. O envio do relatório final da SRTE sobre o caso também poderá servir de base para ações das famílias das vítimas por danos morais individuais e pela União, através do ressarcimento de despesas do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
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