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Mulher enche balde com água de poço artesiano na Ribeira (Foto: Robson Mendes) |
A água também fez falta para quem depende dela para ganhar dinheiro. Na tradicional Sorveteria da Ribeira, por exemplo, o domingo foi fraco. “Movimento caiu 40%. Domingo é o dia que mais enche. Esperávamos o dobro de clientes”, afirmou o funcionário Jeferson Passos. Foi preciso comprar 40 galões de 20 litros de água, a R$ 10 cada, para produzir o sorvete que seria vendido no final de semana.
CCR Metrô conta com 270 profissionais trabalhando no reparo de adutoraUma das responsáveis pelo restaurante Veleiros, também na Ribeira, Maria Aderaldo conta que para abrir as portas, domingo, também teve que comprar garrafões. “Foram quatro galões por R$ 20 cada. Não passamos isso aos clientes, mas temos prejuízos”, disse.
No Humaitá, o gerente do restaurante que leva o nome do local vê sua receita diminuindo em cerca de 70%, por conta dos prejuízos e da necessidade de fechar mais cedo. “Tivemos que abastecer o tanque com caminhão-pipa. Custou R$ 300, mas não dá conta de tudo e por isso temos fechado mais cedo. Na sexta mesmo levaríamos até 0h, mas tivemos que pedir desculpas aos clientes às 15h, por não ter mais água”, afirmou Márcio Ferreira. A rotina do local também precisou mudar. Mariscada, que usa muita água no preparo, saiu do cardápio e os funcionários que moram perto, e também sofrem com o desabastecimento, tem precisado tomar banho no trabalho.
Onde está faltando água em Salvador?Enquanto
muitos penavam para encontrar água, houve quem ganhasse dinheiro com o desabastecimento. Roberto Alfredo dos Santos, 29, se sustenta fazendo viagens com seu carrinho de mão. Ontem, ao invés de levar as compras do supermercado até as residências dos fregueses, como faz nos dias comuns, ele transportou galões de água entre a Ribeira e a comunidade da Mangueira. “Estou ganhando R$ 10 para levar os galões. Muita gente não pode ir buscar, aí eu vou”, explicou.
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Homens trabalham em construção de rede de distribuição alternativa (Foto: Almiro Lopes) |
O risco de desmoronamento de terra na BR-324, no local em que houve o rompimento da adutora, foi o que não permitiu a conclusão do trabalho, domingo, como havia anunciado a Embasa. Até o final da noite, a companhia não havia divulgado nova previsão para o fim das intervenções, que visam escorar paredes para o acesso de técnicos e operários. A empresa, com apoio da CCR Metrô, agora trabalha na construção de uma rede de distribuição alternativa, com 500m de extensão e 1,5 m de diâmetro. Esse novo trecho de dutos, segundo a Embasa, seria suficiente para restabelecer o fornecimento até que seja reparado por completo o ponto onde o problema começou. A instabilidade no terreno exigiu a suspensão dos trabalhos de recuperação do trecho danificado. Na operação estão envolvidas cerca de 270 pessoas. O trabalho no local tem sido diuturno. Pela tarde, quando CORREIO esteve no canteiro de obras, mais de 100 profissionais trabalhavam na escavação do terreno e no corte de tubulações. No canteiro de obras era possível contar 12 tratores, mais de 15 caminhões além de carros-pipa e de terraplanagem. No local, a necessidade de economia de água era reforçada até mesmo em um aviso ao lado do bebedouro para funcionários.