Uma multidão puxada por um trio elétrico tomou as ruas do bairro da Liberdade. Dessa vez, ao invés de música, as caixas de som ressoavam palavras de justiça. Foi assim, na manhã de domingo (28), na caminhada pela paz que substituiu o Arrastão da Liberdade, que seria comandado pelo Psirico. População e representantes de órgãos de segurança se uniram em repúdio às mortes dos três moradores do bairro Yuri Borges, de 16 anos, Renê Leandro, de 29 anos, e Eduardo Santos, de 30 anos, que aconteceram no dia 21. A esposa de Eduardo, a assistente social Daniele da Silva Barreto, 30 anos, foi amparada por familiares durante o percurso “Ele deixou três filhos, Beatriz de 11 anos, Eduardo, que fez 10 anos no dia em que ele foi assassinado, Gabriela de um ano e dois meses”.
Segundo ela, o marido, que era vigilante na refinaria da Petrobras, em Camaçari, estava na porta conversando com alguns amigos, quando um carro chegou e os ocupantes começaram a atirar. “A polícia supõe que tenha sido a mando de um traficante chamado Aranha, mas não temos uma solução para esse caso. Foram três inocentes que morreram”, desabafou.Mais à frente da caminhada, o pai de Eduardo, o ambulante Valdir de Jesus, 50 anos, se emocionou com a mobilização da comunidade. “Isso só prova o quanto eles eram queridos. Eram pessoas boas, e esse acontecimento abalou todo mundo da Liberdade”.O analista técnico William Sura, 38 anos, pai de Yuri, também se comoveu com o apoio dos vizinhos e amigos. “Isso é muito bom para que a gente possa botar pra fora essa dor e lutar por justiça”, disparou. Ele contou que no dia do crime, Yuri tinha saído da casa da namorada para comprar um pastel quando foi baleado.O primo de Renê Leandro, o estudante Bruno Santos, 31, era um dos mais emocionados. Chorando durante quase toda a caminhada, ele lamentou que a segurança do local esteja tão comprometida a ponto dos moradores precisarem fazer uma mobilização para pedir paz. “Não precisávamos chegar ao ponto de ter essas mortes para que as pessoas se preocupassem com a segurança daqui”, disse.A Delegada titular da 2ª Delegacia Territorial (DT/Lapinha), Patrícia Crisostono, que também participou da caminhada, explicou que as investigações estão sendo feitas pelo Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP). “Estamos apoiando no que é necessário e, também, estamos atendendo a comunidade nessas ocorrências”, esclareceu.Ela também parabenizou os moradores pela iniciativa de ir para as ruas para buscar mais segurança. “Estamos vivendo um momento delicado e isso é uma demonstração de força e de apoio da população, que entende o papel dela na parceria com os órgãos de segurança”, enfatizou.A caminhada, que começou às 9h em frente ao Banco Bradesco de Pero Vaz, seguiu até a Igreja da Lapinha. Ao chegar no Largo da Lapinha, a caminhada se tornou um grande ato ecumênico, que contou com a presença de padres, pastores evangélicos e líderes do candomblé. Durante a cerimônia, a população fez um cordão humano ao redor de toda a praça.Antes, duas missas foram realizadas para as vítimas. Uma missa na Igreja da Lapinha, em celebração à Eduardo e Renê, e outra na Igreja de São Cosme e Damião, para Yuri. Matéria Original Correio 24h: Moradores da Liberdade vão para a rua pedir paz e cobrar investigação da morte de três pessoas
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