Há quatro anos, a Associação de Moradores do Conjunto Santa Luzia, no Uruguai, oferece um roteiro para visitantes que querem ter um outro olhar sobre Salvador. Normalmente, atrai jovens entre 14 e 29 anos, principalmente de países da Europa, recebidos pelos jovens da associação.
O passeio começa com uma roda de vivência em frente à Escola Comunitária Luiza Mahim, na Avenida Santa Luzia, onde os debates sobre turismo começaram, na região. Depois, o grupo segue para a Casa da Juventude. “Essa casa é uma tentativa de acolher jovens e famílias com dificuldade de moradia”, explica a gestora do Espaço Cultural Alagados, Jamira Alves, que também faz parte da associação.
Tem ainda visita à casa de dona Madalena, uma das moradoras mais antigas do local.“É uma figura que faz um suco maravilhoso, um geladinho que ninguém faz igual”, anuncia Jamira. Depois, os turistas vão para um passeio de barco que pode chegar perto da Ilha do Rato (uma pequena ilha no meio dos Alagados). Jamira garante que a vista é linda. Quando o barco retorna, é hora de ir ao Bar de Zezinho, que fica embaixo de uma árvore. O grupo segue, ainda, para conhecer a Igreja de Nossa Senhora dos Alagados e, por fim, o passeio termina no Espaço Cultural dos Alagados.
“O povo começou a se olhar e ver que também era um ponto turístico, que nossa comunidade não é só o que todo mundo diz – que só tem ladrão, droga e traficante”, diz.
Integração com trade turístico pode alavancar tipo de serviço
Para o presidente da Federação Baiana de Hospedagem e Alimentação, Silvio Pessoa, o turismo comunitário, assim como o turismo religioso e de museus, ajuda a divulgar a cidade. Mas ele defende que é necessário ir além da criação dos roteiros e partir para uma interação maior no trade turístico. “Precisa ser divulgado. Infelizmente, ainda é algo pontual aqui”.
Ouvido ainda como presidente da Associação Brasileira das Agências de Viagem na Bahia, o atual secretário de Turismo do Estado, José Alves Peixoto Júnior, também defende uma aproximação com as agências. “Com uma divulgação mais profissional poderia até aumentar o fluxo. O turista gosta de levar um souvenir, um brinde do lugar, de provar comidas da região. Isso tudo gera riqueza para o local”.
Parque Social busca viabilizar turismo em comunidades
O Programa Comunidade Empreende (PCE), promovido pelo Parque Social, tem desenvolvido um trabalho para identificar empreendedores nas comunidades de Salvador. “A gente tenta construir, com a comunidade, um olhar sobre o que ela tem de patrimônio, seja de talentos, seja material. Daí, surge um programa de capacitação dos empreendedores sociais (PCE) para orientar como gerenciar o empreendimento social”, explica o diretor administrativo financeiro do Parque Social, Fábio Rocha.
Uma das fases do programa inclui a realização de bate-papos para discutir temas relacionados com a comunidade. “Temos vários negócios com perspectivas relacionadas ao turismo, seja na área cultural, sejam atividades como feiras e exposições”, informa Rocha.
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